Desde que me conheço que gosto de navios e do mar, quer pelo simples prazer de apreciar a grandeza desse elemento azul quase infinito em simbiose com as maiores construções móveis da humanidade, os navios, que quase se fazem gente de personalidades múltiplas, quer pelo gosto em partilhar esse entusiasmo com conhecidos e desconhecidos.
A ideia de fazer um livro surgiu aos oito anos de idade embora o primeiro tivesse sido impresso em 1988, seguido a partir de 1992 de muitos títulos e edições com que tenho preenchido a minha vida.
Um livro novo é sempre uma espécie de filho e por se querer dar tudo aos filhos acabei por criar uma editora (EIN-NÁUTICA), para não só escrever como produzir os meus livros de acordo com uma ideia original bem definida, evitando surpresas nem sempre boas de editoras sempre bem intencionadas, mas algo distantes do rumo pretendido pelo Autor que assim em 1995 passou também a editor.
Esse passo permitiu de forma mais consentânea ao Autor conseguir viver do produto deste seu trabalho de navios, fotografias, histórias e livros, actividade que se teima em não valorizar em Portugal. Num tom mais intimo, fazer livros é quase um vício, de concretização permanente, lenta. Podem passar anos desde a consciência de uma ideia até à sua concretização impressa, dois, às vezes três. Um dos meus livros levou dezassete dias decorridos entre começar a ser escrito até acabar de ser impresso e encadernado, mas foi um caso especial, por sinal bem conseguido e entretanto esgotado.
O livro de que mais gosto é sempre o próximo, o que ainda não está acabado, que neste momento se chama NAVIOS DE PASSAGEIROS PORTUGUESES e espero concluir em 2017. Tenho estado a dedicar até dez horas diárias a esse livro novo que já leva mais de um ano de trabalho organizado de pesquisa e escrita. Dez horas que não sinto passarem, como aconteceu ontem, em que quando dei por mim eram quatro da manhã sem que o tempo tivesse feito sentir de facto.
Ontem viajei no tempo e embarquei clandestino na viagem inaugural do SANTA MARIA, desci o Tejo a 12 de Novembro de 1953 para regressar a 18 de Dezembro. Esse primeiro de Dezembro foi passado em Buenos Aires, onde o navio foi tão bem recebido que o Presidente Peron visitou o paquete e brindou à saúde de Portugal e do SANTA MARIA com um cálice de Madeira, preferido ao Porto que lhe fora oferecido inicialmente. Como gesto de agrado, Peron assinou nesse dia um indulto especial que permitiu a libertação de todos os portugueses presos em cadeias da Argentina, ao que parece não eram muitos, para que todos pudessem ver esse navio imponente e moderníssimo. Como cortesia adicional ofereceu ao Ministro Américo Tomás, que seguia a bordo, uma fotografia autografada com dedicatória.
Mudando de tempo, ontem saltei alguns anos e descobri que até 1957 os paquetes vindos da Guiné só atracavam em Lisboa depois de desinfectados, operação feita ao largo num dos ancoradouros do Porto de Lisboa . Foi o ANA MAFALDA o primeiro paquete vindo de Bissau a atracar directamente à estação marítima, com os seus 31 passageiros, a 19 de Março de 1957, enfim apenas uma de muitas curiosidades e factos com que estou a reconstruir a história dos paquetes portugueses que espero seja tão bem recebida como o livro sobre o mesmo tema que publiquei em 1992, então com edição da Inapa. Não será por falta de trabalho e entusiasmo meu.
Entretanto, há já muitos livros meus publicados e feitos para quem goste de navios. Pedidos de informação relativa a encomendas podem ser feitas directamente para o telefone 351 967 041 525, ou para o mail linerbooks@gmail.com, ou ainda visitando as melhores livrarias que têm títulos disponíveis, aqui se divulgando algumas capas.
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