"As nossas companhias são vitímas da sua própria tacanhez e de andarem de mão estendida atrás do Estado... fala-se na Maersk, mas quantos subsídios recebeu a companhia, ao longo da sua história, do Estado Dinamarquês?Poucos ou talvez nenhuns e vejam onde chegou.São precisos homens do Mar com estofo para o negócio, um Onassis ou um Niarchos em versão Portuguesa, para se ter esperança numa companhia Mercante Portuguesa."
A propósito das palavras anteriores, do entusiasta de navios português Paulo Mestre, num comentário deste blog ao tema PREFERIR NAVIOS PORTUGUESES, aqui fica mais uma reflexão:
Conheço os actuais armadores portugueses e não os vejo de mão estendida atrás do Estado. Nos países marítimos mais importantes, há grandes companhias a par com uma maior quantidade de empresas de média e pequena dimensão. Em Portugal não temos empresas marítimas de grande dimensão e as maiores que tivemos e podiam ter dado origem a, digamos, uma empresa grande actual, foram liquidadas pelo Estado em 1985 depois de terem sido nacionalizadas em 1975 e mal geridas durante 10 anos.
A assinatura do Decreto de extinsão da CNN e da CTM foi do então primeiro ministro Mário Soares..., um dos seus momentos menos felizes. As Sociedades Anónimos de capital estatal que lhes sucederam não vieram preencher o vazio. Ainda existem, a Transinsular é 100% portuguesa, mas faz parte de um grupo logístico cuja principal vocação não será talvez ser armador. A empresa estagnou nos seus nichos insulares, e em mais alguns negócios, do carvão para Sines à cabotagem na África Oriental. Não tenho nada contra a TRANSINSULAR, pelo contrário, mas eram precisas muitas mais empresas semelhantes. A Portline assumiu uma vocação internacional e não há quem a veja em águas portuguesas. Isto até é bom, mas desviou-a de uma possível vocação de companhia de bandeira. Não temos uma TAP nos transportes marítimos...
Quanto a Onassis versão portuguesa, acredita que já conheci alguns com potencial, que não foram a lado nenhum por entre outras coisas se terem agarrado à bandeira portuguesa...0 assunto é complexo. Para além de muitos conhecimentos, a actividade marítima globalizada dos nossos dias exige três outras coisas fundamentais: dinheiro, dinheiro e mais dinheiro... E mesmo na Grécia dos Onassis, por cada um destes magnatas do mar, ficaram pelo caminho 1000 outros candidatos que por 1000 razões não chegaram lá... E em Portugal não temos tanta gente assim virada com os cifrões e a massa cinzenta para o mar...
LMC
Veja-se o caso da Sacor Marítima. O grupo Galp Energia (que apresenta ano após ano lucros de centenas de milhões de euros) não investiu nesta empresa de transporte de produtos petrolíferos portuguesa, com alguns navios ainda construídos em Portugal e navios operados integralmente por tripulações portuguesas. Os navios estão a ser vendidos (e segundo sei por valores irrisórios...) restando apenas dois. E não é só o problema da extinção de mais um armador, a questão mais grave é a perda de know how num sector estratégico como é o do transporte de produtos petrolíferos...
ReplyDeleteIntrigante é o facto de nem as cargas nem o mercado ter desaparecido...é que a Galp afreta agora navios espanhóis para fazer os seus transportes...pelos vistos estamos cercados por Leste e por Oeste...
A questão da Sacor Marítima é um insulto à inteligência mediana dos portugueses. Não dá para perceber. Mas neste País nada me surpreende, desde uma vez há já bastantes anos quando um ministro do Mar se entusiasmou no seu discurso menos politicamente correcto e me disse que não precisavamos de navios portugueses para nada, porque saía mais barato ao País afretar navios estrangeiros. E Sua Excelência era oficial da Armada... Mais não digo
ReplyDeleteLMC