Thursday, December 07, 2006

PREFERIR NAVIOS PORTUGUESES


Navios porta-contentores portugueses atracados no Caniçal em Agosto último (Foto de L. M. Correia)
Esta sugestão e os motivos que a justificam era uma receita do tempo do ESTADO NOVO, quando Américo Thomaz se dedicou, a partir de 1939, à Marinha de Comércio Nacional, desenvolvendo uma política que passou pela renovação da frota, entre 1947 e 1955, e procurou dotar o País de meios suficientes para garantir 60 por cento das necessidades em termos de transportes marítimos. Este último objectivo nunca foi atingido, devido à grande prudência da maioria dos armadores de então, mas chegou-se aos 40 por cento. Hoje é cada vez mais dificil preferir os navios portugueses pela razão simples de que os não temos... A participação dos armadores nacionais em carreiras regulares internacionais de contentores resume-se à linha Norte da Europa - Cabo Verde e Guiné, com uma ramificação ao Brasil. A frota de petroleiros caminha para o zero, depois de a Soponata ter sido vendida e com a redução da frota da Sacor Marítima. Vamos tendo alguns navios na carreira da Madeira e Açores, e muito pouco mais. Melhores dias virão, concerteza...
Luís Miguel Correia - 2006

3 comments:

  1. O candidato a comprador seria a omnipotente Maersk, que até já está a rapar a carreira de Cabo Verde com um serviço "feeder" a partir de Dacar... Felizmente estes todo poderosos predadores dinamarqueses ganharam uma terrível indigestão com a compra da P&O-Nedlloyd e estão com dificuldades de várias ordens, prevendo-se para 2006 um prejuizo de cerca de 600 milhões de euros...
    Talvez assim haja uma trégua nos instintos predadores destas grandes companhias. Por um lado não tenho nada contra a Maersk, ou contra a Royal Caribbean, mas sinto-me particularmente desconfortável de cada vez que estes gigantes resolvem ir às compras. Não fiquei nada satisfeito com a compra da Pullmantur pela Royal Caribbean, nem me parece que o mundo do shipping tenha ficado mais interessante com as predações da Maersk no sem crescimento sem limites. E um dia todos estes balões irão rebentar, e quanto maior a montanha mais desastrado o trambulhão...

    LMC

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  2. Se não for a Maersk será a MSC, se não for a MSC será a CGM... seria de esperar não?

    As nossas companhias são vitímas da sua própria tacanhez e de andarem de mão estendida atrás do Estado... fala-se na Maersk, mas quantos subsídios recebeu a companhia, ao longo da sua história, do Estado Dinamarquês?
    Poucos ou talvez nenhuns e vejam onde chegou.

    São precisos homens do Mar com estofo para o negócio, um Onassis ou um Niarchos em versão Portuguesa, para se ter esperança numa companhia Mercante Portuguesa.

    Paulo Mestre

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  3. Paulo,

    Conheço os actuais armadores portugueses e não os vejo de mão estendida atrás do Estado. Nos países marítimos mais importantes, há grandes companhias a par com uma maior quantidade de empresas de média e pequena dimensão.
    Em Portugal não temos empresas marítimas de grande dimensão e as maiores que tivemos e podiam ter dado origem a, digamos, uma empresa grande actual, foram liquidadas pelo Estado em 1985 depois de terem sido nacionalizadas em 1975 e mal geridas durante 10 anos. A assinatura do Decreto de extinsão da CNN e da CTM foi do então primeiro ministro Mário Soares..., um dos seus momentos menos felizes. As Sociedades Anónimos de capital estatal que lhes sucederam não vieram preencher o vazio. Ainda existem, a Transinsular é 100% portuguesa, mas faz parte de um grupo logístico cuja principal vocação não será talvez ser armador. A empresa estagnou nos seus nichos insulares, e em mais alguns negócios, do carvão para Sines à cabotagem na África Oriental. A Portline assumiu uma vocação internacional e não há quem a veja em águas portuguesas. Isto até é bom, mas desviou-a de uma possível vocação de companhia de bandeira. Não temos uma TAP nos transportes marítimos...
    Quanto a Onassis versão portuguesa, acredita que já conheci alguns com potencial, que não foram a lado nenhum por entre outras coisas se terem agarrado à bandeira portuguesa...0 assunto é complexo. Para além de muitos conhecimentos, a actividade marítima globalizada dos nossos dias exige três outras coisas fundamentais: dinheiro, dinheiro e mais dinheiro...

    LMC

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