Destaque para as recordações do João Coelho:
"Conheci, isso sim - e andei nelas, nos idos de 6O/70 - as lanchas do sr. Quaresma, (um dos maiores coleccionadores de garrafas de uísque do Mundo) a "Calheta" e a "Espalamaca", que faziam a ligação Horta-Madalena do Pico.
Eram belas embarcações que se constituíam como "artérias" vitais no transporte de pessoas e bens no Canal Faial-Pico, e que mantinham estatísticas impressionantes de realização de viagens, só falhando o serviço duas ou três vezes por ano, quando as condições de mar eram mesmo muito sérias..
Para os apreciadores das coisas do mar, era um espectáculo ver como, com mau tempo, traçavam rumos para ir da Horta à Madalena, evitando ao máximo incómodos aos passageiros, mesmo que a travessia durasse o dobro do normal.
Tinham grandes mestres, ainda hoje recordados; lembro-me de um, mestre Jaime - o Jaiminho - que era um malandreco... Sempre que lhe calhava levar Ministro a bordo, para visita ao Pico, "atravessava" um bocado a lancha à vaga, para que Sua Excelência desse valor à insularidade... não sem que antes me prevenisse, ou a outros que ele conhecesse e que estivessem a bordo..
Outras embarcações com história neste Canal eram os "barcos da fruta" ou da "lenha" que traziam aqueles produtos do Pico para o Faial; eram embarcações de "boca aberta", essenciais na ligação comercial entre as duas ilhas. Na crise sísmica de 1973, que atingiu as ilhas do Faial e do Pico, vi um destes barcos levar um jeep "Land Rover" do Exército, da Horta para a Madalena, colocado de borda a borda,porque não cabia longitudinalmente na embarcação, enfrentando vaga, já de respeito, na travessia..e levando a viatura, sem problemas, até ao Pico.
E, já agora, recordo também, as duas grandes traineiras de pesca da albacora desses tempos, a "Carmona" e a "Salazar", que disputavam as toneladas de peixe capturado como se se tratasse de um Benfica/Sporting em futebol, com os aficionados em terra sempre à espera dos últimos números de peixe apanhado, para ver quem ia à frente.. João Coelho."
Edição de texto e imagens /Text edition and images copyright L.M.Correia. For other posts and images, check our archive at the right column of the main page. Click on the photos to see them enlarged. Thanks for your visit and comments. Luís Miguel Correia
"Conheci, isso sim - e andei nelas, nos idos de 6O/70 - as lanchas do sr. Quaresma, (um dos maiores coleccionadores de garrafas de uísque do Mundo) a "Calheta" e a "Espalamaca", que faziam a ligação Horta-Madalena do Pico.
Eram belas embarcações que se constituíam como "artérias" vitais no transporte de pessoas e bens no Canal Faial-Pico, e que mantinham estatísticas impressionantes de realização de viagens, só falhando o serviço duas ou três vezes por ano, quando as condições de mar eram mesmo muito sérias..
Para os apreciadores das coisas do mar, era um espectáculo ver como, com mau tempo, traçavam rumos para ir da Horta à Madalena, evitando ao máximo incómodos aos passageiros, mesmo que a travessia durasse o dobro do normal.
Tinham grandes mestres, ainda hoje recordados; lembro-me de um, mestre Jaime - o Jaiminho - que era um malandreco... Sempre que lhe calhava levar Ministro a bordo, para visita ao Pico, "atravessava" um bocado a lancha à vaga, para que Sua Excelência desse valor à insularidade... não sem que antes me prevenisse, ou a outros que ele conhecesse e que estivessem a bordo..
Outras embarcações com história neste Canal eram os "barcos da fruta" ou da "lenha" que traziam aqueles produtos do Pico para o Faial; eram embarcações de "boca aberta", essenciais na ligação comercial entre as duas ilhas. Na crise sísmica de 1973, que atingiu as ilhas do Faial e do Pico, vi um destes barcos levar um jeep "Land Rover" do Exército, da Horta para a Madalena, colocado de borda a borda,porque não cabia longitudinalmente na embarcação, enfrentando vaga, já de respeito, na travessia..e levando a viatura, sem problemas, até ao Pico.
E, já agora, recordo também, as duas grandes traineiras de pesca da albacora desses tempos, a "Carmona" e a "Salazar", que disputavam as toneladas de peixe capturado como se se tratasse de um Benfica/Sporting em futebol, com os aficionados em terra sempre à espera dos últimos números de peixe apanhado, para ver quem ia à frente.. João Coelho."
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O Sr. Quaresma era o meu avô:) muito andei nesta Espalamaca!
ReplyDeleteÉ linda a ESPALAMACA, ainda hoje apesar da decadência aparente. Casco com belas formas e uns hélices a parecer uma vedeta rápida...
ReplyDeleteA sua recuperação, se possível ainda, seria um testemunho da história marítima do PICO, tal como as embarcações baleeiras...
LMC
lembro-me de estar a bordo, ou do Ponta Delgada, e de uma dessas barcaças, levar um carro de bombeiros para o porto, não me recordo é em que ilha é que foi.
ReplyDeleteUma verdeira lástima ver a Espalamaca assim...
ReplyDeleteÉ uma lancha que deveria ser um verdadeiro monumento das gentes do Canal ás pessoas que transportou, ás evacuações que fazia para o hospital da Horta com tempo verdadeiramente mau (e o «cais» da Madalena era um pequeno abrigo, onde se tinha de entrar e sair «com a vaga certa»...)
Em casa dos meus sogros (eu sou um faialense «arraçado») fala-se também muito das travessias de mau tempo em que os mestres tinha de parar as máquinas por causa da vaga e davam as ordens às máquinas por uma campainha. E cada vez que a campainha tocava...
do Youtube, uma amostra:
http://www.youtube.com/watch?v=d3_hi-cFgPY
Felizmente ou não..ainda conheci esses tempos em que acordavamos todos lá em casa, quando tocava o telefone a meio da noite a pedir ao "Sr. João, uma lancha para o Faial"!
ReplyDeleteLembro-me bem do seu avô,João Quaresma, faces rosadas, cabelo branco curto, sempre com um sorriso, esperando pela chegada das lanchas no cais da Madalena. Era uma figura respeitada por toda a gente.
ReplyDeleteFui ao "youtube" ver a saída de um dos "Cruzeiros", já não são do meu tempo nos Açores, mas dá para matar saudades de algumas travessias feitas na "Calheta" e na "Espalamaca"..e para mostrar aos terráqueos continentais a diferença entre navegar no Canal e ir de Lisboa ao Barreiro...
Saudações atlânticas
João Coelho