De entre as diversas zonas do Porto de Lisboa, a da Doca de Alcântara e cais adjacentes exerce sobre mim um fascínio especial.
Quando comecei a frequentar este espaço, nos tempos idos do regime ditatorial, circulava-se em plena liberdade junto aos cais e navios, com excepção dos Entrepostos de Alcântara Sul e Norte.
Era uma maravilha observar a navegação nacional e estrangeira, as embarcações de tráfego local, todo um concerto de movimentos e actividades em regime quase permanente: navios à carga e descarga, outros em reparação e pintura, os diversos "territórios" privativos das empresas de navegação portuguesas, etc...
O lado mais antipático era humano. Seguindo os exemplos de autoritarismo carrancudo dos Chefes, os temíveis (e corruptos) guardas-fiscais e os porteiros da AGPL interferiam às vezes, mas de forma inconsequente, nas minhas romagens frequentes em revista das navegações: "O que é que anda aqui a fazer?" - inquiria com fronha ameaçadora o Guarda, ante a possível perturbação que a presença de um garoto de 12 anos amante dos NAVIOS E DO MAR representava face à Ordem Pública - Eu, sempre tão invisível quanto possível, não respondia e afastava-me. Certa vez, um desses portentos de Autoridade tinha uma mulher de índole duvidosa dentro da guarita, mesmo na esquina do edifício da Sociedade Geral... Tudo isto era associado de uma inocência espantosa, que a malandragem da época não tinha a essência securitarista imposta pelo Eixo Transatlântico contemporâneo.
Depois, com a chegada tardia da revolução dos transportes marítimos a Lisboa e o declínio das nossas actividades, o local foi perdendo a vitalidade e os pontos de maior interesse.
Hoje, basta um navio qualquer desterrado na Doca, ou uma flotilha de rebocadores ali localizada quando a eclusa é sujeita a dragagens (com dragas estrangeiras, que as nossas foram desmaritimizadas há muitos anos), para um passeio pelo Doca de Alcântara se tornar numa romagem de saudade e encantos escondidos: foi o que aconteceu ontem, 26 de Fevereiro, como estas imagens confirmam...
Texto e imagens /Text and images copyright L.M.Correia. For other posts and images, check our archive at the right column of the main page. Click on the photos to see them enlarged. Thanks for your visit and comments. Luís Miguel Correia
Era uma maravilha observar a navegação nacional e estrangeira, as embarcações de tráfego local, todo um concerto de movimentos e actividades em regime quase permanente: navios à carga e descarga, outros em reparação e pintura, os diversos "territórios" privativos das empresas de navegação portuguesas, etc...
O lado mais antipático era humano. Seguindo os exemplos de autoritarismo carrancudo dos Chefes, os temíveis (e corruptos) guardas-fiscais e os porteiros da AGPL interferiam às vezes, mas de forma inconsequente, nas minhas romagens frequentes em revista das navegações: "O que é que anda aqui a fazer?" - inquiria com fronha ameaçadora o Guarda, ante a possível perturbação que a presença de um garoto de 12 anos amante dos NAVIOS E DO MAR representava face à Ordem Pública - Eu, sempre tão invisível quanto possível, não respondia e afastava-me. Certa vez, um desses portentos de Autoridade tinha uma mulher de índole duvidosa dentro da guarita, mesmo na esquina do edifício da Sociedade Geral... Tudo isto era associado de uma inocência espantosa, que a malandragem da época não tinha a essência securitarista imposta pelo Eixo Transatlântico contemporâneo.
Depois, com a chegada tardia da revolução dos transportes marítimos a Lisboa e o declínio das nossas actividades, o local foi perdendo a vitalidade e os pontos de maior interesse.
Hoje, basta um navio qualquer desterrado na Doca, ou uma flotilha de rebocadores ali localizada quando a eclusa é sujeita a dragagens (com dragas estrangeiras, que as nossas foram desmaritimizadas há muitos anos), para um passeio pelo Doca de Alcântara se tornar numa romagem de saudade e encantos escondidos: foi o que aconteceu ontem, 26 de Fevereiro, como estas imagens confirmam...
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Ai que saudades que o seu texto me deram...
ReplyDeletePois é assim, NEPTUNO, há pelo menos que não deixar esquecer como já foi aquela Doca...
ReplyDeleteUm abraço do
LMC