No dia 30 de Março de 1960 foi constituída em Lisboa a SACOR MARÍTIMA, empresa de navegação associada da companhia portuguesa de petróleos SACOR.
A constituição deste novo armador veio consolidar uma actividade de transporte costeiro de combustíveis líquidos que na prática já se vinha efectuando com o navio-tanque CLÁUDIA afretado em casco nú à SOPONATA.
Este primeiro navio foi então comprado e procedeu-se à construção de dois navios novos, o SACOR e o ROCAS, saídos de estaleiros portugueses em Lisboa e Viana do Castelo, aos quais se seguiu um par de butaneiros, os navios CIDLA e BANDIM.
Ao longo dos anos a frota foi sendo reforçada com navios em segunda mão e construções novas, ganhando importância no contexto da Marinha Mercante nacional, chegando a ter um super-petroleiro de longo curso, utilizado na importação de ramas para Sines na década de 1990.
A SACOR MARÍTIMA viveu estes primeiros 50 anos da sua existência sempre associada às necessidades de transportes de combustíveis por parte do grupo SACOR - PETROGAL - GALP, o que provou ser um presente envenenado, pois as muitas vicissitudes por que tem passado a maior empresa energética portuguesa reflectiram-se sempre no quotidiano da SACOR MARÍTIMA ao ponto de hoje se verificar o paradoxo de esta empresa ter mercados assegurados, ligações a um grupo empresarial forte, apresentar bons resultados comerciais e financeiros e ao mesmo tempo ser uma vítima da Desmaritimização Nacional, principalmente devido a opções estratégicas muito discutíveis por parte da GALP e igualmente à política governamental de "laisser faire, laisser passer" para o Mar.
Na data em que se registam os 50 anos da SACOR MARÍTIMA, a empresa está viva e de boa saude, só que não tem navios próprios: opera com cerca de 10 navios estrangeiros afretados, uns em casco nu outros com fretamento a mais curto prazo.
Podiamos dizer muito mais acerca desta empresa, do seu passado, dos seus navios, dos homens que tudo fizeram para que ela crescesse e se tornasse um instrumento económico e estratégico eficiente ao serviço da economia portuguesa, e estou aqui a lembra-me do Cte. Arlindo Barbosa Henriques, do Cte. Vilela, e de outras personalidades ligadas à SM a cuja memória dedico esta homenagem. A política actual da empresa-mãe parece ser de grande discrição face ao mar, existindo mesmo preocupação em associar a imagem GALP a navios, com receio de eventuais acidentes ecológicos, num exemplo acabado de ausência de espírito marítimo, sem o qual não haverá nunca políticas de regresso ao mar com possibilidades de sucesso em Portugal, o que é trágico e absurdo.
Para recordar outros artigos e imagens do BNM relativos à SACOR MARÍTIMA e aos GALPs, ver aqui...
Fotografias do navio-tanque GALP SETÚBAL, o segundo maior a integrar a frota da SM, obtidas quando da sua compra em 1990. Nas imagens vê-se o navio a atracar em Lisboa pela primeira vez a 16 de Maio desse ano, com o rebocador AVEIRO ao costado.
Fotografias do navio-tanque GALP SETÚBAL, o segundo maior a integrar a frota da SM, obtidas quando da sua compra em 1990. Nas imagens vê-se o navio a atracar em Lisboa pela primeira vez a 16 de Maio desse ano, com o rebocador AVEIRO ao costado.
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Parabéns também ao Luís Miguel Correia, por guardar, registar e divulgar a História da Marinha Portuguesa que, em muitos casos, se perderia...
ReplyDeleteLembro-me de ver imensos a passar no Tejo. O casco verde saltava logo à vista!
ReplyDeleteMais uma razia, não é? Ou não foi, melhor dizendo.
Era bem bonitos!
E tão fácil teria sido renovar a frota própria com um bom programa de construção de novas unidades, por exemplo nos ENVC de onde sairam talvez os dois mais bem sucedidos navios da Sacor Marítima (Galp Sines e Galp Leixões), apoiando em simultâneo a Marinha Mercante e a Construção Naval. É assim que se faz nos países desenvolvidos. Por cá é blá blá blá Clusters blá blá blá Comissões blá blá blá País de Marinheiros...
ReplyDeleteClaro que parabens! Sabemos que o que vamos deixar aos nossos vindouros, são recordações. E boasd. Que as más , são recentes.
ReplyDeleteFalta gente e talento
Tinha 15 anos e encontrava-me no cais à espera do meu pai que fez a viagem inaugural. Lembro-me de o ver a fotografar... Anos depois embarquei neste navio como 3ºPiloto e 2ºPiloto sempre em viagens muito interessantes. Como Piloto da Barra também tive a oportunidade de o pilotar. Não sinto saudades, mas sinto alguma pena pela forma como este e outros navios desapareceram do nosso quotidiano.
ReplyDeleteO meu primeiro navio. A minha grande escola.
ReplyDeleteNaveguei muito neste navio. Bons tempos e boas viagens. Guardo algumas recordações com saudades e pena por tê-lo visto desaparecer.
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