Outro aspecto do navio de passageiros QUANZA, da Companhia Nacional de Navegação. Ambas as fotografias enviadas por Nuno Bartolomeu, a quem agradecemos o apoio.
O QUANZA foi construído no estaleiro alemão Blohm & Voss por conta das reparações de guerra decorrentes do Tratado de Versailles, como forma de compensar a Nacional pelo afundamento de diversos navios durante a Primeira Guerra Mundial. Foi o primeiro navio novo construído para a Nacional desde 1910, quando se perdeu o LISBOA na segunda viagem. Refira-se que o QUANZA foi construído segundo os mesmos planos do LOURENÇO MARQUES, ex-ADMIRAL, de 1906 e portanto era de concepção antiquada para a época...
Na fotografia vê-se o QUANZA com a pintura usada nos primeiros tempos da Segunda Guerra Mundial. Durante este conflito a CNN foi o único grande armador que não perdeu navios por acção de potências beligerantes.
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Caro LMC
ReplyDeleteNão entendo, nem posso concordar, quando dizes que a CNN foi o único grande armador a não ter baixas durante o segundo conflito mundial. Esquecestes que a maior empresa em número de navios, a Sociedade Geral de Indústria Comércio e Transportes, assim como, a Empresa Insulana de Navegação, mas também, a Empresa de Navegação Madeirense, não sofreram felizmente quaisquer perdas nas suas frotas, durante toda a duração desse conflito.
No total, foram onze as perdas sofridas pela nossa marinha de comércio, motivadas por causas bélicas, durante a segunda guerra mundial. Sabemos também, que quatro desses navios pertenciam à marinha de pesca, nomeadamente, “Delães” e “Maria da Glória” ambos lugres bacalhoeiros, “Cabo S.Vicente” e “Exportador I”, arrastões do alto. Dos sete restantes, somente três pertenciam aos tais grandes armadores nacionais que tu te referes. Eram respectivamente: “Corte Real” da Companhia de Navegação Carregadores Açorianos, “Cassequel” e “Ganda” da Companhia Colonial de Navegação. Os outros quatro restantes mercantes afundados, “Pádua”, “Catalina”, “Alpha” e “Santa Irene”, tratavam-se de simples navios de cabotagem, pertencentes a pequenos e quase desconhecidos armadores. Desta vez, vais ter mesmo de ir à oral, pois a escrita foi de facto muto fraca.
Em relação a naufrágios, salvo a modéstia, não te esqueças que tenho desde há muito licenciaturas em várias universidades.
Saudações marinheiras
Luis Filipe Morazzo
Olá,
ReplyDeleteTem fotos do Navio Girão?
Foi o 1º navio, onde o meu andou embarcado :-)
Abraço
Luís Filipe Morazzo,
ReplyDeleteDeves ter andado é na Universidade de Cacilhas, meu Caríssimo Amigo. A tua sorte é já não funcionar a Santa Inquisição em Portugal, ainda ias parar à fogueira, a afrontar assim o Pápa.
Convém ler as entrelinhas... Quando refiro que a NACIONAL foi a única das grandes companhias que não foi incomodada pelos beligerantes, o que está subjacente é o facto de na época ser corrente que a CNN não se metia em contrabando de guerra. Por isso não lhe afundaram nenhum navio. Esta informação resulta de depoimentos orais sobre a história da Marinha de Comércio Portuguesa, aspecto sempre importante para o meu trabalho de investigação.
Aparece sempre, gosto muito das tuas intervenções nesse inconfundível estilo universitário. Aumenta o nível da coisa. Pena é a maior parte da malta não se manifestar.
Um abraço Amigo
LMC
Cap Creus,
ReplyDeleteUm destes dias lá terei de meter aqui o GIRÃO...
E eu agradeço :-)
ReplyDeleteCaríssimo
ReplyDeleteEm relação à universidade de Cacilhas, claro que andei por lá nos anos 60 e 70, quando andava a licenciar-me, a ver todo aquele movimento frenético de aprestamento dos bacalhoeiros e dos arrastões do Cabo, mesmo em frente ao Ginjal. Infelizmente, até isso nos tiraram. Importante lembrar, em relação ao valor das universidades, será sempre a qualidade dos seus corpos docentes e não os nomes mais ou menos sonoros que as tornam mais ou menos credíveis. Em relação em afrontar o “Papa”, isso já é problema teu, pois até o verdadeiro Papa finalmente está a ficar mais democrático e já começou a dar o braço a torcer quando erra, vide, o problema recente do uso do preservativo em situações limites.
Quanto ao contrabando que tu alegas que os navios da CNN não se metiam nisso, deves estar a brincar com os “fiéis” leitores. O “Pádua” foi afundado quando se dirigia para St. Johns carregado de sal (contrabando valiosíssimo?). Vou te dar mais um exemplo, os dois navios da CCN afundados, (Cassequel e Ganda) praticavam as mesmíssimas derrotas que os da CNN. Está provado que tiveram azar ao serem confundidos por navios britânicos. Junto envio parte do diário de bordo do submarino U-123 que torpedeou o cargueiro “Ganda”, em 20-06-41, procedente de Lisboa e com rumo a Luanda e vários outros portos de Moçambique, na posição 34.10N e 11.40W (ao largo da costa de Marrocos)
“Decidi emergir e dar o golpe de misericórdia a tiro de canhão. Depois de mais de meia centena de tiros de granadas, o navio acabou por ir a pique. Ao aproximar-me das baleeiras salva-vidas, só então reparei no erro, fiquei, verdadeiramente estupefacto ao descobrir, que o navio não era de nacionalidade britânica mas sim de nacionalidade neutral Portuguesa, tratava-se do “Ganda”…
Kapitanleutnant Reinhard Hardegen (Comandante do U-123)
Essa de ler nas entrelinhas, não dá, pois ninguém é bruxo. Que tal dar o bracinho a torcer quando não temos razão? Até fica bem a qualquer Papa.
Saudações marinheiras
Luis Filipe Morazzo
Peço desculpa mas aqui o Naufragólogo (Juro que é a primeira vez que me chamam assim, mas há bem piores) enganou-se. No comentário anterior, em vez de “Pádua” deveria ter escrito “Catalina”. O “Pádua” foi vítima de uma mina ao largo do porto de Marselha, em 27-10-43, enquanto o “Catalina”, esse sim, foi torpedeado pelo U-203, em 15-01-42, quando navegava com rumo a St.Johns.
ReplyDeleteAproveitava para agradecer o post que me foi gentilmente dedicado, contudo, prefiro as fotografias do paquete “Quanza”. Quando miúdo foi neste navio que o meu avô trouxe a minha primeira bicicleta, comprada em Dakar, via Mindelo CaboVerde, cidade onde ele trabalhava como construtor naval. Fui esperá-lo a Alcântara na companhia da família, estávamos em 1967, e lembro-me bem, ao ver a bicicleta a ser retirada do porão, o entusiasmo quase que me fez cair ao rio.
Saudações marinheiras
Luis Filipe Morazzo