O SENHORA DA BOA VIAGEM foi um de algumas dezenas de navios de pesca do bacalhau construídos ao abrigo do movimento de regresso de Portugal ao Mar que no sector das pescas foi orientado superiormente por Henrique Tenreiro.
Este SENHORA DA BOA VIAGEM foi construído em Viana do Castelo e posto a flutuar a 2 de Maio de 1956, destinando-se a uma empresa de Lisboa, a ATLÂNTICA - Companhia Portuguesa de Pesca. Após muitos anos a pescar nos bancos da Terra Nova, o navio acabou por ser reconstruído na década de 1980 passando a arrastar pela popa. Em 1996 passou a ser propriedade da Companhia de Pesca de Porto Amboim, de Angola, transferindo o registo para Luanda. Aqui o vemos atracado à entrada da Doca de Alcântara em Julho de 1996 com a bandeira de Angola à popa, antes de ter seguido para África.
Alguém sabe entretanto o que aconteceu a este navio? Alguém tem mais elementos sobre a sua história que queira partilhar?
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O que sei do Senhora da Boa Viagem:
ReplyDeleteNavio motor de aço andou na pesca à linha desde 1956 a 1970, depois foi transformado em navio de pesca com redes de emalhar com lanchas, voltou á pesca em 1971.
Em 1981 foi transformado em navio congelador e remotorizado.
Mais tarde, suponho que em 1989 foi transformado em navio de arrasto pela popa. Esta transformação foi muito expedita e consistiu na alteração apenas da popa, como se vê na foto.
Não deve ter sido um grande sucesso pois a eficiência do metodo de arrasto pela popa e o processamento do pescado que se segue, é pertubado pelo casario e pelo motor. Se calhar era preferível fazer um navio novo.
Depois de partir para Angola, perdi-lhe o rasto, assim como ao Sernache. O Morazzo deve ter ideias sobre o assunto.
Sobre o esforço na pesca longínqua durante o Estado Novo, temos o seguinte:
Compra em 1935/36 de 8 veleiros em segunda-mão para aumentar rapidamente a frota, seguiu-se a motorização de 16 lugres e atacou-se as novas construções. De 1936 a 1960 construiram-se 22 arrastões (inclui o Santa Princesa em 2ª mão), para a pesca à linha, 22 navios motores em aço, 17 de madeira e 17 lugres. Seguiram-se mais 2 arrastões e transformaram-se 8 navios motores de aço em arrastões.
Depois, a partir de 1964 só se constroem os arrastões pela popa, maiores, muito mais eficientes e alguns já com congelação, 14 para o bacalhau e 13 para o Atlântico Sul. O que faz a bonita soma de, excluindo os veleiros de 1936, 107 navios, se juntarmos o Gil Eannes dá 108, construídos entre 1936 e 1974 (os últimos foram entregues em 1977), só para terminar ainda se transformam 10 navios motores de aço para a pesca com redes de emalhar com lanchas, outros 6 de madeira e um lugre, o Santa Maria Manuela, que o salvou da sucata. Os antigos arratões são alterados, têm o parque de pesca fechado, o processamento do pescado começa a ser mecanizado e as condições de habitablidade melhoradas.
De 1974 para cá, continuou-se a usar os navios existentes, hoje ainda restam 11 deste período que têm andado a pescar, o que podem e o que os deixam. O grosso da frota foi para a sucata a seguir a 1991 Foram transformados em navios congeladores de 1977 a 1982 uma trintena de navios, 3 arrastões passam a operar com lanchas para redes de emalhar, transformaram-se dois navios, o Vimieiro e o São Rafael, em arrastões pela popa e outros dois com uma transformação parcial, o Zodíaco e o Senhora da Boa Viagem Construíram-se 3 navios novos, o Cidade de Amarante, o Pascoal Atlântico e o França Morte, ainda se compraram uns navios em segunda mão, mas já ninguém se lembra deles.
Também podemos defender tese baseada no numero de postos de trabalho, contribuição para o PTI, contribuição do pescado na balança de pagamentos, etc, etc... para fazer mais umas compasrações.
E mais não sei.
Ricardo Matias