O comandante do cargueiro que retirou 2.250 pessoas da Guiné-Bissau, no início da guerra civil na Guiné-Bissau em 1998, diz que aquela operação seria impossível na actualidade por já não haver navios portugueses comerciais naquelas águas.
"Actualmente, não se sabe se seria necessário, mas já não há qualquer navio de bandeira portuguesa naquela zona", disse à Lusa o comandante Hélder Costa Almeida, que em 1998, ao comando do cargueiro Ponta de Sagres, retirou de Bissau refugiados de 27 nacionalidades.
"Há navios portugueses comerciais que podem lá ir, mas estão por aqui[em Portugal], nos Açores e na Madeira", lamentou.
Na sequência do golpe de Estado na Guiné-Bissau a 12 de Abril passado, Portugal enviou três meios navais (a corveta Baptista de Andrade, a fragata Vasco da Gama e o navio abastecedor Bérrio) e duas aeronaves (um P3 Oríon e um Hércules C130) para a Ilha do Sal, em Cabo Verde, no âmbito da sua Força de Reacção Imediata (FRI).
Perante a inexistência de navios comerciais de bandeira portuguesa naquela região, Hélder Almeida disse que só os navios militares poderão retirar eventuais refugiados, mas lembrou que por serem navios de guerra terão de obter autorização para entrar em águas territoriais guineenses.
O comandante afirmou-se crítico do que considerou um desinvestimento na marinha mercante portuguesa e exemplificou com o caso da Portline, empresa que em 1998 era proprietária do Ponta de Sagres, entretanto vendido e a operar nas Filipinas.
Antes de a Portline vender o "Cidade do Funchal", um dos últimos navios portugueses na sua frota, propôs ao governo que concedesse um subsídio para a empresa manter o navio, com o compromisso de que este ficaria disponível para actuar numa situação semelhante à de 1998. "Não houve acordo e o navio foi vendido para Angola", contou.
"Hoje, todos os navios da Portline são de bandeira estrangeira", disse, considerando ser mais atractivo comercialmente o registo no estrangeiro do que em Portugal.
Em 1998, o Ponta de Sagres tinha bandeira e tripulação portuguesas e, devido à sua intervenção na retirada de refugiados da Guiné-Bissau, Hélder Costa Almeida acabou por ser agraciado com a Ordem Militar da Torre e Espada, condecoração apenas atribuída a mais dois civis. Texto da Agência Lusa de 6 de Maio de 2012.
Comentário e legenda da imagem de LMC: Para além dos custos anuais de centenas de milhões de Euros para a balança comercial portuguesa, a desmaritimização cega e o desmantelamento da Marinha de Comércio nacional ocorrido nas últimas décadas tem muitos outros custos desnecessários e capazes de por em causa a nossa capacidade de soberania e sustentabilidade económica e política. Uma tristeza, valham-nos os cães de água portugueses que ainda sabem nadar... O armador PORTLINE e outros que entretanto mudaram os registos e as nacionalidades das tripulações foram forçados a estas medidas para sobreviverem num mundo marítimo controlado por piratas dos mais diversos tipos, desde os operadores gigantes que tudo secam à volta até ao dia em que acabarão por rebentar, até à falta de visão política associada às actividades marítimas em Portugal. Os poucos navios que ainda dão vida ao registo convencional português acabarão por seguir o exemplo dos anteriores nas rotas da internacionalização ou abate, enquanto a maioria dos responsáveis nacionais discutem as suas cotadas de poder e o inferno fiscal em vivemos se aprofunda. A alternativa será o desaparecimentos dos armadores ainda resistentes. Já não vão a Bissau navios mercantes com propriedade e bandeira portuguesa, substituídos pelos cascos azuis da companhia Maersk, um dos big brothers dos oceanos...
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Tive o prazer de tripular o Ponta de Sagres e ter sob o comando o Capitão Helder. Como brasileiro filho de Portugueses imigrantes no Brasil pude ter uma experiencia excepcional e um aprendizado que levei comigo na carreira de oficial de maquinas da marinha mercante.
ReplyDeleteFoi a melhor tripulação que estive trabalhando a bordo durante a minha carreira de 22 anos de mar
Tive o prazer de trabalhar com o Capitão Helder no navio Ponta de Sagres. Foi realmente uma pena a extinção dos navios com bandeira Portuguesa da Portline.
ReplyDeleteTive o prazer de tripular o Ponta de Sagres e ter sob o comando o Capitão Helder. Como brasileiro filho de Portugueses imigrantes no Brasil pude ter uma experiencia excepcional e um aprendizado que levei comigo na carreira de oficial de maquinas da marinha mercante.
ReplyDeleteFoi a melhor tripulação que estive trabalhando a bordo durante a minha carreira de 22 anos de mar