Os navios da CIC e NAVEIRO que se encontram imobilizados por arrestos e outras situações diversas que impossibilitam a sua operação enchem-me de tristeza, mas a vida é assim. Creio que os processos que estão a ter o desfecho a que assistimos agora têm origens remotas e enquadramentos bem mais complicados do que parece. A realidade é que a CIC é uma empresa grega (internacional ou uma pequena multinacional) com alguma inspiração portuguesa associada ao FUNCHAL. Trata-se de uma das últimas empresas gregas tradicionais de navios de cruzeiros e a realidade é que a grande maioria destas empresas não resistiram à passagem de testemunho quando da rendição da guarda do fundador carismático... Aconteceu assim com a Greek Line e a família Goulandris, aconteceu assim com muitos outros...
A história da NAVEIRO também não parece ser modelar. O que acontece é que a navegação, dos cruzeiros à carga, se internacionalizou e não faz muito sentido considerar a bandeira portuguesa ou a sua ausência como uma tragédia. Nos moldes actuais contam-se pelos dedos as empresas ainda verdadeiramente nacionais. Um caso positivo é o da HAPAG-LLOYD, que há uns anos esteve ameaçada de ser vendida pelos alemães a estrangeiros do Oriente o que foi evitado por um consórcio constituído em Hamburgo em que participa o Senado local e muitos interesses ligados aos transportes marítimos alemães. Mas, paradoxo dos paradoxos, os navios de cruzeiros desta empresa alemã há muito que estão registados nas Bahamas...
Grave para mim, verdadeiramente grave é a falta de iniciativas empresariais portuguesas no sector da navegação e transportes marítimos. Tem-se perdido todo o conhecimento e experiência que chegámos a reunir... Grave mesmo é a ausência de cultura marítima e da sua expressão mais activa por meio de empreendedorismo (detesto este palavrão): faltam-nos empresários que apostem no mar e nos navios. O Estado como armador foi sempre um desastre e teima em continuar a sê-lo, como acontece com a Atlântico Line e a novela dos seus navios. E não aparece ninguém em Portugal que aposte no desenvolvimento económico proporcionado por uma Marinha Mercante robusta... Muito triste.
Português, em Portugal, temos os Cacilheiros, as empresas das Ilhas e pouco mais. Até ver...
Fotografias das chaminés dos navios FUNCHAL e CHAVES, ambos imobilisados em Lisboa. Imagens registadas a 5 de Outubro de 2012.
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Li já há semanas essa notícia .Doi-me todo o conjunto de desprezo pela história e tradição :qualquer inútil estádio poderia ter sido convertido na recuperação do Funchal, do Argus do Gil Eanes. Não vale a pena chorar sobre o leite derramado mas será que estamos tão pobres de Homens que não há ninguem capaz de proceder a um ressurgimento?
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