O paquete português FUNCHAL está parado em Lisboa desde Janeiro de 2015 e imobilizado na Matinha há um ano, em consequência da falência do projecto dinamizado por Rui Alegre com a Portuscale Cruises, que circunstâncias diversas não permitiram tivesse obtido o sucesso que muitos pretenderam.
Digo muitos porque não posso dizer todos, pois houve gente a apostar estupidamente no insucesso da empresa de Rui Alegre. Mas esse insucesso é história para outro dia.
Entretanto o FUNCHAL tem estado à venda todo este tempo com o preço de referência a diminuir com o passar do tempo, situando-se neste momento em cerca de 7 milhões de USD, "como está e onde está". Já teve diversos candidatos a compradores e inclusive os filhos mais novos do Senhor Potamianos andaram a namorara o FUNCHAL, mas nada se tem concretizado, para além da degradação inexorável, ainda que lenta, do navio, depois de tanto dinheiro gasto.
Em Julho foi assinado um contrato de intenção de compra com um empreendedor de Miami, e neste momento abre-se a possibilidade de o FUNCHAL ter novo proprietário até ao final de Novembro, estando considerada a possibilidade de a seguir o navio sofrer trabalhos de modernização e adaptação a um novo mercado tropical nas Caraíbas, com a reparação e docagem a decorrer em Lisboa e a prolongar-se até Março ou Abril de 2017. Tudo estará dependente da autorização de um governo para uma nova operação de cruzeiros que ainda não se efectivou, e que não terá resposta fácil em tempo útil. Por outro lado o promotor da iniciativa e candidato a novo armador não é uma figura de primeira linha no mundo dos cruzeiros, apesar de vir de Miami, e tem inclusive no seu historial pelo menos um fiasco recente.
A esperança de ver o FUNCHAL de novo no mar, mesmo que sem vínculo a Portugal, é melhor que ver repetir mais um reboque directo da Matinha para Aliaga, como aconteceu ao LISBOA ex-PRINCESS DANAE o ano passado. Mas a notícia, a concretizar-se esta possibilidade, não me alegra grandemente, por duas razões, não está fechado o negócio que a irá concretizar, e se se concretizar e o navio voltar efectivamente ao mar na sua vocação nobre de paquete, será mais uma vez por mão estranha, estrangeira, tal como em 1985, o que poderá traduzir de forma simbólica o final do antigo ciclo do REGRESSO AO MAR, implementado durante décadas pelo Governo de Salazar e em especial pelo esforço e competência do ministro Américo Tomás, que nunca alcançou os objectivos considerados necessários no que tocava à Marinha Mercante, de esta garantir em actividade normal, sessenta por cento das necessidades de transporte marítimo do País, e passou a ser contrariado e destruído com a DESMARITIMIZAÇÃO pós-1975.
A actual choradeira dita "política do mar" é uma fraude sem consistência política, social ou económica de qualquer espécie, sem verdadeira economia do mar de raiz portuguesa ou capacidade financeira e de ideias que a concretize: uma mentira triste como tantas outras que revestem o dia a dia dos portugueses de um trilho sem perspectivas para além do jugo da miseriazinha e da ignorância.
O FUNCHAL é o último navio mercante de uma época que alguns chegaram a ver como verdadeiro ressurgimento marítimo, mas que circunstâncias internas e externas, e a nossa crónica incapacidade levaram ao actual zero marítimo. Tal seria razão para que alguém se enchesse de brio e proporcionasse as condições para a sua preservação activa com as cores portuguesas. Mas nada. Deseja-se boa sorte ao FUNCHAL e vamos continuar a acompanhar o destino deste nosso belo paquete.
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Gostei da ultima parte, esperemos que o Funchal tenha a sorte 🍀 de voltar a navegar e que Portugal também um dia possa ter esse destino
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