Vale a pena ir a VIANA DO CASTELO para visitar o Navio-Hospital "GIL EANNES". O navio é um testemunho vivo de um passado recente mas quase esquecido. Uma época em que ter navios era um desígnio nacional. Um tempo em que havia uma política oficial para o Mar, discutível em muitos dos seus aspectos, mas bem objectiva e articulada entre o comércio, a pesca e a indústria naval. Com meios de financiamento acessíveis e incentivos diversos. O tempo do "Despacho 100" do Ministro da Marinha Américo Thomaz, e da política das pescas do Cte. Tenreiro. Viana do Castelo fez parte dessa época de forma particularmente activa. A Empresa de Pesca de Viana detinha uma frota importante de navios bacalhoeiros, um dos quais sobrevive em forma de casco candidato a restauro que tarda (o SANTA MARIA MANUELA, que está em Aveiro).
Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo possibilitaram a construção de inúmeros navios para armadores portugueses, destinados à pesca, ao comércio e até à Armada.
Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo possibilitaram a construção de inúmeros navios para armadores portugueses, destinados à pesca, ao comércio e até à Armada.
Quase tudo desapareceu, mas felizmente VIANA conserva um apego activo ao mar. Os Estaleiros estão de boa saúde e recomendam-se, o porto desenvolve a sua actividade marítima mesmo no coração da cidade, na foz do rio Lima. E nem a memória foi esquecida, pois por iniciativa local um dos ícones da história marítima portuguesa do século XX - o famoso Navio-Hospital GIL EANNES - foi resgatado da sucata e preservado como navio-museu, propriedade da Fundação Gil Eannes.
O GIL EANNES pode ser visitado em Viana do Castelo. O navio voltou a mostrar a sua dignidade inicial após trabalhos de recuperação em 1998, e serve de museu, centro de exposições e pousada da Juventude. Está projectada a construção de um Museu do Mar nos terrenos adjacentes ao navio, mas para já o GIL EANNES vale por si. Este testemunho ilustre de um passado em que até tínhamos navios, tem portaló aberto na Doca Comercial de Viana.
O seu restauro não está terminado, mas o navio foi salvo, o que é raro em Portugal, e cumpre uma nova função cultural. Construído em Viana em 1952-1955, o GIL EANNES permanece o orgulho dos Vianenses. E aguarda a sua visita. Indispensável.
O seu restauro não está terminado, mas o navio foi salvo, o que é raro em Portugal, e cumpre uma nova função cultural. Construído em Viana em 1952-1955, o GIL EANNES permanece o orgulho dos Vianenses. E aguarda a sua visita. Indispensável.
Este texto foi publicado inicialmente há dez anos e re-editado agora. O GIL EANNES ainda está em Viana e continua a ser visitável, embora sem a pousada. O casco do SANTA MARIA MANUELA deu lugar ao belo navio de treino de mar que desde 2010 nos enche a todos de felicidade. Os estaleiros de Viana quase morreram e estão de novo activos sob a gestão de uma nova empresa. E o Blogue dos Navios e do Mar continua aqui, atento e interessado.
Texto e fotos de Luís Miguel Correia - 2006 -2016
Texto e fotos de Luís Miguel Correia - 2006 -2016
É difícil perceber como coisas destas podem desaparecer assim. Será mais um daqueles casos em que associámos a um determinado regime um certo tipo de opões, sem percebermos que o nosso gosto pelo mar vem desde há muitos séculos, constituindo um dos mais belos e estimáveis traços da nossa cultura? Ou será apenas sinal dos tempos e da incapacidade de gerir as mudanças sem perder a identidade?
ReplyDeleteCinderela,
ReplyDeleteHistoricamente, Portugal tem sempre alternado períodos muito ligados ao Mar com outras fases mais viradas para Terra, para a Europa, para o Continente... Mas as duas perspectivas nãio têm de ser contraditórias...
LMC
Percebo essa alternância, de que não tinha consciência. E claro que as perspectivas não têm de ser contraditórias...
ReplyDeleteMas... estamos a atravessar uma fase de "costas voltadas" para o mar ou é apenas impressão minha?
Cinderela,
ReplyDeleteEstamos a atravessar uma fase totalmente voltados de costas para o Mar. O que é estúpido, e resulta de uma grande ignorancia sobre o que são as realidades marítimas e a importância das actividades marítimas no mundo actual. Nem sempre foi assim, Portugal foi durante mais de 100 anos a primeira grande pot~encia marítima do mundo e Lisboa era um mar de navios...
LMC
Às vezes parece que temos vergonha das nossas origens...
ReplyDeleteA cidade onde vivo tem um passado ligado ao mar, à pesca e à navegação. Daqui sairam muitas armadas com importantes papéis nos Descobrimentos. Mas Setúbal está toda virada de costas para o mar e o belíssimo rio. Os bairros caros são todos implantados em zonas donde não se vê o mar, incluindo uma zona insalubre a húmida onde cresceram as moradias dos ricos do séc. XIX e inícios do XX.
Só há poucos anos se procurou criar condições para desfrutar o prazer proporcionado pelo magnífico estuário durante um passeio a pé ou uma estadia na esplanada.
Felizmente, os desportos ligados ao mar mantiveram-se vivos graças ao clube naval local.
Cinderela,
ReplyDeleteEm Lisboa o panorama é semelhante, com a vantagem de o espaço ser mais amplo e consequentemente haver mais espaço para se olhar o Tejo. O Sado é muito bonito e a luz em Setúbal fantástica para fotografia.
LMC
Sim, a luz aqui é esplêndida. Aliás, a natureza é esplêndida à roda da cidade.
ReplyDeleteE já se pode tomar um café a olhar o rio em mais do que um sítio... O meu preferido continua a ser
o Castelo de S. Filipe com a imensidão azul cá em baixo.
De vez em quando vou a Setúbal, ou melhor, ao Outão,fotografar navios...
ReplyDeleteLMC
É? Nunca foi ao Castelo de S. Filipe tomar um belo café e escolher o enquadramento?... :)
ReplyDeleteVale a pena!
Confesso que não. Normalmente vou numa roda e volto na outra. Sem devaneios, para além das fotografias...
ReplyDeleteLMC
Acho que ia encontrar belos enquadramentos por ali. Há uma colóniazita de gatos riscadinhos no castelo!... ;)) E são simpáticos!
ReplyDeleteLá terei que ir aí qualquer dia...
ReplyDeleteLMC