Sempre tive um fascínio pelos navios, pelo mar, e pelas bandeiras associadas aos navios. Gostava especialmente de ver a bandeira "P" (PAPA) içada na verga de sinais dos mastros dos navios de saída ou no estaí de sinais, e já próximo da largada, ver o "P" descer e ser substituído pelo "H" de "piloto a bordo". Os navios mais organizados, no momento de largar arriavam o "jack" à proa, que nos navios mercantes portugueses era a bandeira do município do porto de registo, tal como na Alemanha, ao mesmo tempo que era içada a bandeira nacional na carangueja, no mastro principal, e as quatros letras com o indicativo de chamada, que nos nossos navios, por convenção é CS**, CT** ou CU**.
Hoje tudo isso se perdeu. Há dias à conversa com um amigo que anda a comandar navios de carga de um armador nacional na cabotagem europeia perguntei-lhe se ainda costumava içar o "H" quando embarcava o piloto. Resposta: não tenho ninguém para içar bandeira, só somos 5 tripulantes a bordo, não há ninguém com quem falar... Depois contou-me que da última vez que se mandara um marinheiro içar a bandeira "B" indicativa de haver cargas perigosas a bordo, este fora à popa substituir a bandeira portuguesa pelo dito "B". Santa ignorância, que nem os marinheiros escaparam à cruzada de desmaritimização que assola a Europa e em especial Portugal...
Texto e imagens /Text and images copyright L.M.Correia. For other posts and images, check our archive at the right column of the main page. Click on the photos to see them enlarged. Thanks for your visit and comments. Luís Miguel Correia
Hoje tudo isso se perdeu. Há dias à conversa com um amigo que anda a comandar navios de carga de um armador nacional na cabotagem europeia perguntei-lhe se ainda costumava içar o "H" quando embarcava o piloto. Resposta: não tenho ninguém para içar bandeira, só somos 5 tripulantes a bordo, não há ninguém com quem falar... Depois contou-me que da última vez que se mandara um marinheiro içar a bandeira "B" indicativa de haver cargas perigosas a bordo, este fora à popa substituir a bandeira portuguesa pelo dito "B". Santa ignorância, que nem os marinheiros escaparam à cruzada de desmaritimização que assola a Europa e em especial Portugal...
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Por aqui no Canada eh o mesmo.Jah vi navios estrangeiros atracados ao porto de Toronto sem a bandeira Canadiana no mastro principal e no Welland canal alguns trazem a bandeira Americana,navegando em aguas Canadianas!!!
ReplyDeleteObrigado por este seu blog,com ele sinto-me mais perto do mar
Um abraco do Canada
Luís Miguel,
ReplyDeleteAinda há poucos meses estava na fase final de atracar um navio quando o comandante, já em desespero, teve que abandonar a ponte e ir à popa explicar que cabos eram os springs e que cabos eram os lançantes...
Saudações
ReplyDeleteVivendo até 75 em Ponta Delgada, S.Miguel, Açores, estava sempre atento ao movimento portuário e recordo, para além das que citou, a bandeira amarela (Quebec) e a Romeo que indicavam, a primeira, a espera pela visita dos serviços de saúde, e a segunda, estar o navio, da Marinha de Guerra, de serviço a operações de busca e salvamento. Na altura, eu e outros miúdos eramos também "especialistas" em sinais fisicos e luminosos..os balões de mau tempo no mastro do edificio dos Pilotos, os balões de navios fundeados, as luzes da lancha de pilotagem - branco e vermelho, à vertical - as luzes brancas no topo dos mastros - que nos davam uma ideia do comprimento do navio quando ele vinha ainda atrás do paredão da Doca, as luzes vermelhas, também no topo do mastro, que identificavam navios de guerra, os sinais, de blões ou de luzes que alertavam para navio a reboque...curioso como, passados tantos anos, estas coisas não se esquecem..
E viva o seu blogue!
Paulo Renato,
ReplyDeleteAqui em Portugal, o mais frequente é às vezes ver navios com a bandeira portuguesa içada ao contrário... Também me lembro na década de setenta de uns navios russos que e,m vez da bandeira portuguesa içavam uma bandeira verde e vermelha sem escudo...
Malheiro do Vale,
ReplyDeleteO problema é muito grave. Com a revolução nos transportes marítimos a partir dos anos sessenta, e com a especialização dos navios, os armadores tradicionais desapareceram quase todos e os que sobreviveram de certa forma assimilaram muito da cultura pirata prevalecente. Andam por aí marinheiros muito duvidosos. Nem sei como há tão poucos acidentes...
João Coelho,
ReplyDeleteMuito interessante o seu comentário. Sei exactamente o que fala. O porto de Ponta Delgaa ainda mantém muita dessa magia. Vou lá regularmente fazer fotografias. Hoje vou meter uma especial para sí, de uma embarcação local tradicional que entretanto já foi desmantelada...
Apareça sempre e obrigado pelo comentário...
Uma achega de 5 estrelas, LMG! O velho "Maria Eugénia"..nem mais..! Ainda o conheci sem casario, a ele, mais o "Senhora da Guia", o "Santo António" e o "Ribeirense"..Os dois primeiros faziam a ligação S.Miguel/Sta.Maria, viagem de 7 horas, à vela e a motor, para Vila do Porto levavam tudo, de lá traziam barro para fazer as famosas "louças da Vila", de Vila Franca do Campo. Eram, o "Sra. da Guia" e o "Sto.António" os "iates do Parece" - Parece do nome do proprietário, hoje substituídos pelo "Baía dos Anjos", um pequeno navio que, tanto quanto sei, Armando Parece, actual armador, foi buscar ao Texas, USA.. Um dia espero vê-lo, LMG, a editar um livro sobre estes pequenos barcos - os citados, mais o "Terra Alta", o "Santo Amaro" e o "Espirito Santo" - será que falho algum - que efectuavam as ligações nas "ilhas de baixo" (perspectiva de micaelense, sem ofensa..) Ai aquelas pipas de vinho e aquele gado a ser carregado nas Velas e na Calheta, em S.Jorge, em Sta.Cruz e Praia, na Graciosa, ou na Madalena, no Pico,nestes iates, antes de aparecerem os " carvalhinhos" - o "Arnel"e o "Cedros", da Insulana..
ReplyDeleteSaudações marinheiras
Já passei horas em Ponta Delgada a assistir à estiva do BAÍA DOS ANJOS, que depois saiu carregado até mais não para Santa Maria...
ReplyDeleteNo Grupo Central há outro cargueiro parecido, também de origem americana, o LUSITANIA...
LMG vai desculpar..mas a foto do velho "Angra" faz-me voltar...Tive a sorte de fazer a primeira viagem oficial dele, Lisboa/S.Miguel, em 66.. O "João dos ovos" chamavam-lhe os micaelenses para se meterem com os terceirenses, como sempre...João dos ovos era uma figura muito conhecida das touradas à corda da ilha Terceira, onde ele era personagem principal, toureando com um chapéu de chuva, com muita maestria..
ReplyDeleteO "Angra" que ainda conheci ao serviço da "Zim Line" escalando Ponta Delgada nas viagens dos EUA para Israel ( como mudaram os tempos, o navio, aparentemente - isto nos anos 60 - não mostrava medidas de segurança, os passageiros desembarcavam por algumas horas, passeando, tranquilamente em grupos, pela cidade..) era um belo navio para o mar, muito melhor do que o "Funchal", mas já um bocado cansado. Como conhecia alguns tripulantes, sabia dos problemas com a máquina e com a instalação eléctrica, mas, à boa maneira portuguesa, tudo se resolvia, sem que os passageiros se apercebessem das situações..
Saudações atlânticas
LMG vai desculpar..mas a foto do velho "Angra" faz-me voltar...Tive a sorte de fazer a primeira viagem oficial dele, Lisboa/S.Miguel, em 66.. O "João dos ovos" chamavam-lhe os micaelenses para se meterem com os terceirenses, como sempre...João dos ovos era uma figura muito conhecida das touradas à corda da ilha Terceira, onde ele era personagem principal, toureando com um chapéu de chuva, com muita maestria..
ReplyDeleteO "Angra" que ainda conheci ao serviço da "Zim Line" escalando Ponta Delgada nas viagens dos EUA para Israel ( como mudaram os tempos, o navio, aparentemente - isto nos anos 60 - não mostrava medidas de segurança, os passageiros desembarcavam por algumas horas, passeando, tranquilamente em grupos, pela cidade..) era um belo navio para o mar, muito melhor do que o "Funchal", mas já um bocado cansado. Como conhecia alguns tripulantes, sabia dos problemas com a máquina e com a instalação eléctrica, mas, à boa maneira portuguesa, tudo se resolvia, sem que os passageiros se apercebessem das situações..
Saudações atlânticas