Não consigo esquecer daquele que teria sido o meu primeiro cruzeiro marítimo e que por motivo de grande cansaço perdi o embarque. Explicando melhor o que aconteceu: em julho de 1987, na companhia de minha esposa e de meus dois filhos, fizemos uma bela excursão de 12 dias a Orlando (a capital mundial do divertimento) e a Miami (a capital mundial dos cruzeiros marítimos) com tudo que tínhamos direito, como Disneyworld, Seaworld, Epcotcenter, Church Street e ainda uma esticada até Tampa, onde visitamos o famoso Busch Garden. Foi tudo divertido e maravilhoso, mas extremamente cansativo, devido às variedades de entretenimentos.
O belíssimo Costa Magica, que vem na sua teceira temporada na
costa brasileira. Construído em 2004, mede 272,10 m. de comprimento, desloca 102.857 toneladas. Sua capacidade é para 3.400 hóspedes.
Acervo: L. J. Giraud.
Depois de nove dias inesquecíveis fomos para Miami. Ao chegarmos no Hotel Everglades, nos foi oferecido um cruzeiro marítimo de um dia, cujo destino era Freeport, Bahamas, a bordo do Carnivale (o “Fun Ship”) da Carnival Cruises, cuja saída teria sido num domingo. Para encurtar a história, tínhamos que nos levantar às 5h15 (da manhã), visto que teríamos que fazer o check-in e o navio partiria às 8 horas. Não conseguimos nos levantar pelo motivo exposto e acabamos perdendo o cruzeiro. Deixamos de conhecer a famosa Bahamas e não tivemos a devolução do valor gasto nas passagens.
Com isso, quero dizer que naquela época a grande maioria dos transatlânticos de cruzeiros eram ex-navios de passageiros, sobreviventes das batalhas travadas com os aviões. Esses navios para não irem para a sucata sofreram conversões nos espaços internos para atender o turismo de lazer. Um exemplo disso: os navios Argentina e Brasil (construídos em 1958) da Moore-McCormack Lines, que em 1972 foram vendidos para a Holland America Line, e passaram a ser Veendam e Voledam. Posteriormente foram vendidos e receberam outros nomes. Um outro exemplo é o caso do britânico Andes, do português Funchal, que muito sucesso fez por aqui, do holandês Rotterdam que depois passou a ser o Rembrandt, entres muitos outros.
O antigo Carnivale da Carnival Cruises, era um dos navios que no
passado fazia a linha linha Liverpool/Montreal, subindo o Rio São
Lourenço no Canadá. Pertencia à Canadian Pacific e foi construído
em 1956. Ver início do artigo. Acervo: L. J. Giraud.
No Brasil, a atividade de cruzeiros era limitada a poucos felizardos, em razão de mal conhecermos dessa modalidade de lazer, além caros em comparação aos preços de hoje em dia.
Para termos uma idéia, nos anos 60 eram poucos os navios empregados nesse setor do turismo. Eis alguns: Cabo San Vicente e Cabo San Roque da Ybarra y Cia, e os nacionais Rosa da Fonseca, Anna Nery, Princesa Isabel e Princesa Leopoldina. A partir de 1969 chegou o italiano Andrea C. Nos anos seguintes vieram Franca C, Itália C, Enrico C, Danae. O Eugenio C entrou depois nesse mundo maravilhoso, e mudou de nome, Eugenio Costa.
Realidade
Na década de 1990, os navios participantes de cruzeiros pela costa brasileira eram antigos, ficando os especialmente construídos para cruzeiros, no mercado mais atraente, o estadunidense e europeu.
O transatlântico Enrico C, que passou a ser o Enrico Costa, foi
anteriormente o navio de passageiros francês Provence (1951), que
nos anos dourados fez muito sucesso. Acervo: L. J. Giraud.
Mas graças aos antigos e abnegados transatlânticos, Santos chegou ao honroso patamar em que se encontra. Os dados são surpreendentes, na temporada de 2009/2010, serão 279 escalas de 20 navios (5 em trânsito) de dez armadoras, nos 162 dias da temporada que vai do próximo 23 de outubro até 3 de maio/2010. O primeiro a chegar será o MSC Lírica. – Tudo isso transformou Santos na capital dos cruzeiros marítimos do Brasil, quiçá da América do Sul. Pasme, serão mais de 820 mil cruzeiristas que passarão pelo Terminal de Passageiros do Porto de Santos.
Os principais navios da temporada, que farão da Cidade o seu porto-base, são os seguintes:
MSC: Opera, Musica, Lírica e Orchestra;
Costa Cruzeiros: Concordia, Magica e Victoria;
Royal Caribbean: Splendour of the Seas e Vision of the Seas;
CVC: Zenith, Soberano e Imperatriz.
Ibero: Grand Voyager, Grand Celebration e Grand Mistral
Em trânsito: Silver Cloud, Star Prince, Insignia, Corinthian II e Veendam (não confundir com o antigo).
O Rotterdam da Holland America Line, foi o primeiro navio a
dispensar as chaminés convencionais, utilizando dois tubilhões, cujo
estilo foi seguido pelo Canberra e Eugenio Costa. Posteriormente veio
a ser o famoso Rembrandt da Premier Cruzeiros, que fez duas
temporadas brasileiras de 1997 a 1999. Fez muito sucesso na linha da América do Sul. Acervo: L.J. Giraud
Isso vem provar que fomos reconhecidos, e consequentemente contemplados com belos e modernos transatlânticos.
Neste artigo, recordamos, por meio das imagens, antigos navios de passageiros utilizados em viagens de cruzeiros no passado recente.
Que venha logo a temporada de 2009/2010, para ser dado o início do grande desfile de cruzeiros acompanhado do show de apitos! Sem dúvidas, uma das grandes atrações da cidade de Santos.
O belo Monterey, em 1996, passando pela Ponta da Praia, em Santos.
Foto: José Carlos Rossini.
O nosso velho amigo Funchal, atracado o Porto de Santos em 1996.
Ao fundo, o conhecido Monte Serrat, onde fica situada a capela da
Igreja da Nossa Senhora do Monte Serrat, Padroeira da Cidade de
Santos. Foto: Edson Lucas.