Sunday, October 29, 2006

REBOCADORES LISBOETAS

Veterano do Tejo: o rebocador ALA, construído na Alemanha em 1922. Integrou a frota da CNN com o nome DOURO PRIMEIRO, e em 1971 foi reconstruído, substituindo-se a máquina a vapor original por um motor Diesel, por iniciativa da Navegação Fluvial e Costeira (Júlio da Cruz), de que é o único sobrevivente, pois quando da falência daquela empresa foi comprado pela Lutamar, de Setúbal, fazendo serviço no Tejo
Um sector da navegação fluvial que mudou muito em Lisboa foi o dos rebocadores. Há 30 anos, quando começei a registar imagens a preto e branco, a frota de rebocadores de Lisboa dividia-se pelas unidades da Administração Geral do Porto de Lisboa, pelos rebocadores das companhias armadoras CTM, CNN, Sacor Marítima e Soponata, pelos armadores independentes, com destaque para os Catraeiros e para o Júlio da Cruz, para a frota da Lisnave, e tantos outros...
Dos nomes referidos em cima não resta nada e em substituição temos hoje em Lisboa uma multinacional associada da Maersk e uma empresa de Setúbal...
Aqui ficam algumas imagens: o veterano ALA, que pertenceu à Companhia Nacional de Navegação
Dois elementos da frota da Lisnave, actualmente propriedade da Maersk, atracados junto à Sanidade, na Rocha do Conde de Óbidos
LMC - 2006

TEJO DE NAVEGAÇÕES CONTEMPORÂNEAS


A especialização dos navios mercantes e o encerramento do estaleiro da Margueira traduziram-se numa diminuição de navios a demandar o Tejo. Mas podia ser pior, pois ainda vamos tendo alguma diversidade de navios, caso do paquete CRYSTAL SYMPHONY, da fragata ÁLVARES CABRAL (F331), fotografada a sair o rio, ou do navio de cruzeiros SEVEN SEAS MARINER, na fota a cruzar-se com o porta-contentores alemão CAP POLONIO, da companhia Hamburg Sud. Por 
sinal os cascos vermelhos da Hamburg Sud deixaram de frequentar Lisboa há já uns meses...
Luís Miguel Correia - 2006

A DIMENSÃO RELATIVA DOS NAVIOS

Tal como os homens, os navios não têm forçosamente que se medir aos palmos. Mas que os há grandes e pequenos, imponentes e modestos, lá isso, utente blogueiro excelentíssimo, se duvida, olhe para a foto anexa.
Sempre que fotografo navios no Tejo tenho uma sensação deprimente quando vejo um dos nossos esforçados Cacilheiros a desafiar algum grande paquete estrangeiro.
Cada um tem a sua função e razão de ser, mas não me convenço da fatalidade da nossa actual pequenez marítima. Mas, enquanto esperamos por melhores dias, que vivam os Cacilheiros...
Na imagem o AUGUSTO GIL cruza-se com o ARCADIA, da P&O Cruises.
Texto e foto de Luís Miguel Correia - 2006

Saturday, October 28, 2006

UMA RAINHA NO TEJO

A rainha voltou ao Tejo, repetindo escalas sem conta desde Abril de 1969. Desta vez atracou a Alcântara no final de um cruzeiro
pelas Ilhas Atlânticas e Península Ibérica. Dia 26 de Outubro, o QUEEN ELIZABETH 2 chegou às 06h00, fez-se ao mar pelas 17h00. Pretexto para mais umas fotografias, agora com luz de Inverno, que parece fazer sobressair ainda mais a pose real do grande paquete...
LMC - 2006

Wednesday, October 25, 2006

NAVIOS EM PORTUGAL PARA QUÊ?

Porta-contentores estrangeiro a carregar no terminal de contentores de Alcântara, em Lisboa. Actualmente não há um único porta-contentores de propriedade ou operação portuguesa a ligar os nossos portos à Europa...

Quem entrar neste blogue poderá achar uma certa graça aos navios e fotografias respectivas por cá expostas. Mas a maioria não vai muito além da curiosidade. A cultura marítima adormeceu em Portugal e o povo, para além da "Caravela" (*) SAGRES que costuma abrir os desfiles navais no Tejo, pouco mais conhece. E o panorama não difere muito em esferas mais elevadas da economia ou da governação.
Ninguém fala nos rios de dinheiro que se gastam em Portugal (onde os recursos por muito limitados deveriam ser melhor geridos também com uma política marítima) por não termos navios. Como a grande maioria das nossas importações e exportações continuam a ser feitas por via marítima, há que pagar fretes ao estrangeiro. E paga-se sem sequer alguém se questionar sobre a possibilidade de haver navios portugueses a assegurar uma participação no comércio marítimo. E até há, mas numa proporção infima das necessidades e possibilidades por que os negócios marítimos se podiam traduzir em Portugal.
Falta a cultura marítima, que começa com criancinhas e jovens a gostarem de navios e a sonharem um dia serem marinheiros(as) ou armadores. Falta cultura marítima com uma política de desenvolvimento e incentivo, que gradualmente articule as necessidades do País com as potencialidades que a geografia, a tradição e própria globalização podem tornar em oportunidade histórica.
A última política marítima oficial que foi executada em Portugal decorreu da visão e empenho de um Ministro da Marinha que passou as passas do algarve durante a Segunda Guerra Mundial, por não haver navios suficientes para assegurar as necessidades básicas em termos de importações. Na época os navios eram quase todos velhos e não havia petroleiros. Hoje quase não temos navios e até os petroleiros velhos estão a acabar. O Ministro era o almirante Américo Thomaz, que nunca teve ilusões acerca do alcance das suas iniciativas, por nem na época se haver atingido os objectivos propostos. Mas na época as actividades marítimas tiveram grande importância. As grandes empresas de navegação eram estrelas no firmamento da nossa economia, e chegou a conseguir-se alguma articulação com outras indústrias, nomeadamente com a indústria naval. Fizeram-se estaleiros para reparar e construir navios e não importava que construir em Portugal fosse um pouco mais caro. A qualidade era boa e gerava-se emprego. Em 1937, a construção do CREOULA foi subsídiada pelo Governo com dinheiro do Fundo de Desemprego para cobrir o diferencial do preço a pagar pelo armador.
Tudo isso pertence ao passado, um passado envolto em políticas polémicas que muitas vezes se criticam sem grande conhecimento de causa. Mas interessa o presente, e deviamos voltar a olhar para o mar de forma objectiva. E precisamos de iniciativas e de navios, de estaleiros e de investimentos. E de uma Marinha de Guerra com um mínimo de meios operacionais modernos que lhe dê dignidade para além do esforço permanente de missão que caracteriza esta instituição, tantas vezes maltratada e ignorada. E o mar e os navios estão hoje mais do que nunca no coração do mundo. Sem porta-contentores gigantes, isto é transporte marítimo intercontinental barato, não haveria globalização. E o transporte marítimo até é amigo do ambiente, o que dá a possibilidade de usar envelopes políticamente correctos para uma política marítima que tarda em Portugal.
(*) - O navio-escola SAGRES não é uma caravela, mas sim uma lindíssima barca de três mastros...
Fotos e análise desapaixonada de Luís Miguel Correia - 2006
Navio de transporte de gás cipriota na Trafaria. Há dias em que não se vêm navios mercantes portugueses em Lisboa nos dias que correm. No resto dos mares são também uma espécie em vias de extinção...

Foto central: proas do N/E SAGRES e do NTM CREOULA, dois navios portugueses, e dois símbolos da relação de Portugal com o Mar no seu melhor.

Monday, October 23, 2006

Farewell MONTEREY

The single screw steam turbine cruiseship MONTEREY visited Lisbon for what seems to have been the final time on 23 September 2006. Even if the weather was far from good and I already had photographed her countless times, I did go to the cruise terminal and took some final photos. She still looked pristine but sad. It was a charter cruise from Genova at the end of a season of seven-day cruises based in Barcelona, and after her return to the Italian port, the MONTEREY was actually sold by MSC Cruises to a company called Argo System FZE, her register transferred from Panama to Tuvalu and her name shortened to MONTE. She left Genoa bound for Dubai with a certificate issued for a single voyage without passengers, valid until 8th November and his new owner claimed she was bound for dry-dock and conversion. But it all looks like another last minut scrap deal...
Built in 1952 as the C4 cargo liner FREE STATE MARINER, for the then powerful US Maritime Commission, and sold on 28 July 1955 to the Oceanic Steamship Co. of San Francisco (Matson Line), converted into a luxurious trans-Pacific passenger-cargo liner in Portland, renamed the company's third MONTEREY on 31st December 1956, and left San Francisco on her inaugural voyage on 9 January 1957 to the South Pacific. On 1st August 1970, the MONTEREY was sold (with sister MARIPOSA) to another US owner, the Pacific Far East Lines who took her on 15 February 1971. Under PFEL livery the MONTEREY continued in service and did many cruises until laid up in SF on 19 January 1978. She managed to survive several years of uncertainty in Alameda, California, until 1986 when sold to Aloha Pacific Cruises. Rebuilding in Finland and USA followed Hawai cruise service from Honolulu as from 1 October 1988, but she was not a success and was withdrawn the following May. In March 1990 the MONTEREY was purchased by the Compania Naviera Panocean (MSC Shipping) and left Honolulu on 17 April 1990 under the Panamian flag for Genoa. Placed in cruise service by Mediterranean Shipping she was at first operated by StarLauro in full Lauro livery, but following the sinking of the ACHILLE LAURO in 1994, the MONTEREY has been operated by Mediterranean Shipping Cruises ever since. For another selection of MONTEREY pictures go to LISBON CRUISE SHIPS. Photos taken in Lisbon on 23 September 2006 by Luís Miguel Correia (Copyright).


GRAND VOYAGER IN LISBON

Iberojet's cruise ship GRAND VOYAGER paid her first visit to Lisbon on 21 October 2006 while on a positioning cruise to Brazil. Now with a white hull, the former Royal Olympic flagship OLYMPIC VOYAGER looks very elegant, with her racing low profile. For more photos go to LISBON CRUISE SHIPS.

GRAND VOYAGER NO TEJO

Fez escala em Lisboa pela primeira vez com o nome actual e casco branco, o navio de cruzeiros GRAND VOYAGER, da companhia espanhola Iberojet, em viagem para o Brasil.
O navio atracou ao terminal de cruzeiros da Rocha no dia 21 de Outubro.
O GRAND VOYAGER apresenta um dos mais elegantes perfís de navios de cruzeiros contemporâneos. Elegante, baixo e comprido, é um verdadeiro "formula 1" dos paquetes, tendo sido construído em Hamburgo pelo estaleiro Blohm & Voss para a companhia grega Royal Olympic. A ideia era ter navios novos, muito rápidos, com velocidade de cruzeiro da ordem dos 28 nós, e de dimensão média (24.391 GT e 836 PAX), capazes de numa semana fazerem cruzeiros aos três continentes - Europa, África e Ásia com saídas de Veneza. Apesar de tecnicamente os navios (este o o gémeo OLYMPIC EXPLORER) terem sido uma inovação positiva, os pressupostos comerciais e técnicos subjacentes à sua construção não se concretizaram: A ROC não conseguiu vender os cruzeiros ao preço correcto, acabando estas viagens por custar o mesmo que as da concorrência, efectuadas em navios maiores, mais lentos, cujos itinerários contemplavam menos portos. Com receitas reduzidas e despesas de exploração acrescidas - combustível e taxas portuárias, os navios levaram á falência a Royal Olympic... (Para ver fotos adicionais vá LISBON CRUISE SHIPS)
Foto e comentário de Luís Miguel Correia - 2006

LUGRE CREOULA "PROMOVIDO" A FRAGATA

A vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, Dra. Maria José Nogueira Pinto defendeu, numa entrevista radiofónica a propósito da requalificação da Baixa-Pombalina, a integração das fragatas "D. FERNANDO SEGUNDO E GLÓRIA" e "CREOULA" no referido projecto, encarando mesmo a possibilidade de recuperação do dique do antigo Arsenal de Marinha para aí colocar a "D. Fernando".
Sem querer de forma alguma tirar à ilustre senhora o mérito de não se ter esquecido da Marinha e dos navios, o facto de chamar Fragata ao CREOULA denota uma questão generalizada na sociedade portuguesa actual: falta de cultura marítima. E sem este pressuposto na educação da generalidade dos cidadãos não vai haver nunca política de regresso ao mar consistente. Com um estuário fantástico e um porto natural como há poucos no mundo (Lisboa), os Lisboetas teimam em ignorar grosseiramente o nossos passado, presente e futuro marítimo. E em Lisboa os navios têm sido muito maltratados, nomeadamente os da Marinha. Veja-se o caso da fragata D. FERNANDO que depois do êxito obtido durante a EXPO 98, esteve anos a degradar-se, remetida ao esquecimento na Doca de Alcântara, relegada para um local de atracação sem um mínimo de dignidade, pouco visitada e divulgada...
Entretanto o Município de Almada soube aproveitar a situação e a D. FERNANDO está a ser reparada com o apoio daquela autarquia do Sul do Tejo, e mediante protocolo, deverá ficar os próximos 5 anos exposta ao público na antiga doca-seca da Parry & Sons , em Cacilhas...
Tal como a Dra. Maria José Nogueira Pinto, também gostava muito de qualquer dia ver a faixa do Tejo entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço revitalizada e com uma tónica nos navios. Um posto de atracação para a SAGRES (que é uma barca de 3 mastros e não uma caravela, como se diz com frequência) e o CREOULA, só viria a embelezar aquela zona nobre da cidade e servia de propaganda naval e maritima. Porque se de facto os navios andam esquecidos dos corações dos lisboetas (para já não falar dos outros prezados cidadãos portugueses), em parte o fenómeno resulta de estes seres magníficos que desde sempre foram a primeira razão de ser de Lisboa, serem hoje parcialmente inacessíveis ao olhar dos Lisboetas.
Escondem-se por detrás de cercas, fiadas de contentores, cancelas de seguranças... E, claro, a todas estas barreiras físicas e securitárias (obrigado, terrorismo islâmico), não se deve esquecer um parâmetro da cultura local, essencialmente conservadora: a Santa Ignorância. E tudo indica que o CREOULA continua a ser um lugre, apesar da promoção da ilústre édil. Bem preservado e operado pela Marinha Portuguesa, embaixador do nosso País em águas estrangeiras e escola flutuante para a nossa juventude.
Texto e foto do "Creoula" de Luís Miguel Correia - 2006

Friday, October 20, 2006

THE FUNCHAL 45 YEARS AGO

The black & white photograph depicted below on the Portuguese version of this post was taken in Lisbon exactly 45 years ago, at 11.00 AM on 19th October 1961 and shows the first arrival of the brand-new passenger liner FUNCHAL, on her delivery voyage from the shipbuilders in Elsinore, Denmark. The was a happy mood in the Tagus river and the veteran liner LIMA can be seen alongside the Santos Terminal dressed overall.
The FUNCHAL is manoeuvring to enter the Alcantara Dock stern first. At 11.30 AM she was berthed at the entrance of the dock. Aboard the new ship under the command of Captain Manuel António Bio, there was Mr. Vasco Bensaude her proud owner and about 50 Insulana guests. At the dock, the Marine Minister, Admiral Fernando Quintanilha, and a large group of VIPs waited the ship and paid a visit onboard the FUNCHAL. Constructed by the Elsinore shipyard in 1960-1961, the FUNCHAL was designed for a regular service from Lisbon to Madeira and either the Canaries or the Azores. She had been just delivered at 14.30 on 12th October 1961 off Elsinore, while undergoing acceptance trials. The ship left her builders port on 15th October for Lisbon.
45 years later, it is still possible to observe the FUNCHAL from the same spot the photo was taken, for she returned to Lisbon - still her base port - on 15 October for a refit and dry-dock by the Navalrocha yard. The old girl is still a beautiful ship. Converted for cruising in 1973, she has cruised all over the world and is still a very popular ship. She is owned by the Great Warwick Co. Inc., since 1985 and managed by Mr. George Potamianos, an expert in classic cruising very dedicated to the FUNCHAL and the number one responsible for this veteran Portuguese passenger ship long and successful career.
B&W photo: The FUNCHAL arriving in Lisbon from the shipyard on 19 October 1961. Colour photos: FUNCHAL returning to Lisbon after another season of European cruises on 15 October 2006, still looking a pretty girl.
Luís Miguel Correia - 2006

PAQUETE FUNCHAL HÁ 45 ANOS

A fotografia que apresentamos com este texto foi tirada da Ponta da Rocha há precisamente 45 anos, na manhã de 19 de Outubro de 1961, cerca das 11h00. Regista a primeira chegada a Lisboa do então novíssimo paquete FUNCHAL, vindo de Elsinore, Dinamarca, onde foi construído.
O ambiente era festivo, vendo-se ao fundo, no cais de Santos, embandeirado o velho paquete LIMA. O FUNCHAL está a manobrar para entrar de popa para a Doca de Alcântara, onde atracou, cerca das 11h30 à muralha norte, mesmo junto à eclusa. A bordo, além da tripulação sob o comando do Capitão Manuel António Bio, vinha o Armador, Sr. Vasco Bensaude e cerca de 50 passageiros convidados da Insulana. Aguardavam o navio no cais o Ministro da Marinha, Almirante Fernando Quintanilha, e um grupo numeroso de individualidades que de imediato visitaram o FUNCHAL. Construído pelo estaleiro Elsinore em 1960-1961, o FUNCHAL destinou-se à carreira regular Lisboa-Madeira-Canárias/Açores tendo sido entregue à EIN durante as provas de mar, ao largo de Elsinore, precisamente às 14h30 do dia 12 de Outubro de 1961. O navio deixou o porto de construção a 15 de Outubro rumo a Lisboa. Passados 45 anos, é possível observar o FUNCHAL no mesmo local da fotografia, pois chegou a Lisboa a 15 de Outubro último e está a ser reparado no Estaleiro Navalrocha, devendo permanecer no Tejo até 4 de Dezembro. O navio continua a ser um belo paquete, e depois de ter deixado de rumar às Ilhas definitivamente em Outubro de 1975, vem sendo utilizado em cruzeiros internacionais. Pertence desde 1985 à companhia Great Warwick, do Armador George Potamianos, um especialista em cruzeiros muito ligado ao FUNCHAL e o principal responsável pela sua longevidade e sucesso continuado.
Luís Miguel Correia - 2006

Monday, October 16, 2006

Paquetes inter-ilhas para os Açores

Foi assinado em 21 de Setembro em Ponta Delgada um contrato entre a empresa Atlânticoline, S.A., e os Estaleiros Navais de Viana do Castelo para a construção de 2 navios de passageiros do tipo Ro-Ro Passageiros e viaturas, destinados ao serviço inter-ilhas nos Açores. A entrega dos navios está prevista para Abril e Junho de 2008 por forma a que nesse ano as ligações marítimas entre as Ilhas açoreanas já possam ser asseguradas com as novas unidades. O contrato traduz-se num valor de 50 milhões de Euros e este projecto tem uma comparticipação financeira da União Europeia.
A Atlânticoline é uma empresa criada pelo Governo Regional dos Açores para construir e deter a propriedade dos navios, estando prevista a sua operação por um operador privado, devendo a concessão dos navios ser atribuída em concurso. Os navios estão projectados à medida para operar nos portos dos Açores, que apresentam restrições ao tamanho dos navios e sua configuração, nomeadamente a necessidade de as viaturas embarcarem via portas laterais.
O primeiro navio - Construção 258, terá capacidade para 750 passageiros e 140 automóveis, com uma velocidade de serviço de 19 nós. Apresenta as características principais seguintes: Dimensões: comprimento fora-a-fora: 97 m, comprimento entre perpendiculares: 85 m, boca: 18 m, pontal ao convés: 7 m, calado: 4,6 m. Máquinas: Sistema de propulsão Diesel Eléctrico com propulsores azimutais (o que lhe permite operacionalidade nos diversos Portos dos Açores). Terá uma tripulação de 40 elementos e classificação Lloyd´s Register of Shipping “Classe conforto” – PCAC 33.
O segundo navio - Construção 259, terá capacidade para 394 passageiros e 32 automóveis, com uma velocidade de serviço de 17 nós, devendo operar principalmente no Grupo Central. Apresenta as características principais seguintes: Dimensões: comprimento fora-a-fora: 60 m, comprimento entre perpendiculares: 52,50 m, boca: 12 m, pontal ao convés: 7 m, calado: 6,3 m. Máquinas: Sistema de propulsão: 2 motores com linhas de veios e hélices de passo variável.
Notícia de Luís Miguel Correia. Diagrama cedido pelos ENVC - 2006

Thursday, October 12, 2006

MAKSIM GORKIY

Esteve uma vez mais em Lisboa o navio de cruzeiros MAKSIM GORKIY, a 4 de Outubro, partilhando o porto com mais três paquetes, o ARCADIA em Santa Apolónia, o LEGEND OF THE SEAS em Alcântara e o SILVER CLOUD atracado na Rocha. Trata-se de um amigo de longa data, frequentador de Lisboa desde que entrou ao serviço em 1969 como HAMBURG. Era então o orgulho daquela cidade hanseática, e pertencia à Deutsch Atlantik Linie. Em 1973 passou a chamar-se HANSEATIC e no ano seguinte foi comprado pela URSS, recebendo o nome actual.
The magnificent cruise ship MAKSIM GORKIY visited Lisbon once more, on 4th October, sharing her berth with another three ships: the ARCADIA, the LEGEND OF THE SEAS and the SILVER CLOUD. She is an old friend and a Lisbon visitor since 1969, when she was introduced as Deutsche Atlantik Linie's proude flagship HAMBURG. In 1973 she was briefly renamed HANSEATIC but in 1974 was sold to the USSR when she got her present name.

Monday, October 09, 2006

A QUESTÃO DO NOVO TERMINAL DE CRUZEIROS

Estão previstas obras de recuperação do cais do Jardim do Tabaco com vista à instalação de um novo terminal para navios de cruzeiros. O crescimento do número de navios a visitar Lisboa e o aumento das dimensões dos paquetes torna desde há algum tempo necessária a ampliação da capacidade portuária na vertente dos cruzeiros. Só que a administração da APL pretende desactivar os actuais terminais da Rocha e Alcântara e reaproveitar a zona para operações de contentores no âmbito da actividade da Liscont, pelo que, a concretizarem-se estas opções, Lisboa pode ficar seriamente comprometida na sua futura capacidade para o turismo de cruzeiros. Esperemos que se conciliem os diversos interesses em jogo e se concretizem os investimentos necessários à melhoria das condições portuárias de Lisboa vocacionadas para navios de passageiros. Nos meses com maior movimento de paquetes, tem havido sérias dificuldades para proporcionar atracação a todos os navios, e em Maio o MAKSIM GORKIY teve de fundear na Trafaria por os cais estarem todos ocupados...
Foto: o ARCADIA a largar de Santa Apolónia em 4 de Outubro último.

UM OLHAR SOBRE O MAR DA PALHA

O cimenteiro Fayal Cement a subir o Tejo com o mar da Palha em pano de fundo

Quando a Marinha de Comércio Nacional tinha alguma expressão e muitos navios, o Mar da Palha era o fundeadouro final para os navios retirados do serviço, que ali aguardavam o destino, que tanto podia ser um novo armador como um qualquer sucateiro. Na década de setenta por lá rodaram ao sabor das marés as últimas glórias da frota de paquetes portugueses. Quando comecei a fotografar a sério em 1975, fui muitas vezes ao Mar da Palha a bordo do rebocador MUTELA, que fazia aa rendição das tripulações dos navios da CTM imobilisados, com destaque para os paquetes INFANTE DOM HENRIQUE e UIGE. Em 1985, durante a liquidação da CTM e da CNN o Mar da Palha encheu-se de navios, como já havia acontecido em 1917 quando da apreensão dos navios mercantes alemães que dariam origem aos Transportes Marítimos do Estado. Depois, foram-se os navios, foi-se a navegação tradicional do Mar da Palha. Também os graneleiros que descarregavam ao largo foram sendo menos frequentes, à medida que se construiram terminais de graneis sólidos no Tejo.
Curiosamente há dias contei 6 navios no Mar da Palha, incluindo dois portugueses imobilisados: o petroleiro GALP LEIXÕES, da Sacor Maritima, e o ferry GOLF, ex- GOLFINHO AZUL, vendido em Agosto pela Açor Line a um sucateiro indiano. Estava também uma fragata da classe JOÃO BELO, um graneleiro belga, um navio-químico...
Há muito que deixou de se carregar lá palha, mas ficou o nome: MAR DA PALHA. Por definição o Mar da Palha é a zona do estuário do Tejo em frente a Lisboa em que o rio alarga a sua configuração, antes de voltar a estreitar junto a Cacilhas. Nos dias de menor visibilidade chega a não se distinguir a margem sul. A origem do nome está ligada a uma carga perigosa de outros tempos, a palha, que era carregada ao largo, a partir de fragatas para os vapores da companhia alemã OPDR, com destino às Canárias, onde servia para acondicionar banana exportada depois para o Norte da Europa. Como a palha era altamente inflamável os navios eram obrigados a fazer os carregamentos fundeados, pois o perigo de incêndio nos cais e armazéns do Porto de Lisboa era significativo. Aos navios da companhia chamava-se no Tejo "os alemães da palha". Entretanto, foram-se os navios, ficou o Mar da Palha...

Texto e fotos de Luís Miguel Correia - 2006