Cada vez me incomoda mais o discurso messíanico e oficial do MAR como salvação de Portugal. Para começar, a realidade é que Portugal não existe, vivemos como enjeitados colonizados por toda a espécie de credores, oportunistas e incapazes que tocam as suas partituras de rapina num estuário de miséria sem responsabilidades, ideias ou perspectivas que não as estratégias particulares de cada grupo, com os diversos interesses servidos por uma estrutura servil e medíocre travestida de Governo e um mar de gente embrutecida e quase indiferente.
O MAR é hoje em Portugal um conceito estranho em que cabe grande quantidade de asneiradas sem rumo à vista e não me conformo por ser sempre um mar sem navios, sem negócio marítimo, onde a MARINHA MERCANTE é sistematicamente esquecida com a complacência de todos, porque no meio de tudo isto reina muita ignorância.
Deu-se cabo do que havia em termos de transportes marítimos durante 40 anos de DESMARITIMIZAÇÃO, e nem os cacilheiros escapam, que a sua expressão tem vindo a ser reduzida continuamente com todo o simbolismo que a diminuição das carreiras entre as margens do Tejo possam ter no contexto do actual zero marítimo. Foi uma operação de desmantelamento organizada de que o exemplo mais recente foi o desmembramento do IPTM.
Em Portugal não há cultura marítima nem verdadeira ambição virada para o mar. Palreia-se muito sem resultados e sem uma política de fundo que enquadre a relação dos portugueses com o mar na globalidade de oportunidades e perspectivas possíveis. Dizem-se muitas mentiras e como ninguém quer saber verdadeiramente de assuntos de navios, navegações e outras actividades marítimas, saltitamos felizes de discurso em discurso por um mar de palavras que se desenham nas trevas da ignorância e da inconsequência, tudo isto possível apenas num país que não existe, numa terra em que é tudo a fingir, isto é no Portugal falido e perdido da actualidade. Do nosso mar só sobram cais vazios com gaivotas e espectros de antigas actividades que durante décadas foram realidades progressivas, caso dos grandes estaleiros navais de Lisboa - hoje uma ruína deserta, ou da frota mercante nacional, hoje limitada a pequenos resistentes e a navios parados e agonizantes. Não acredito em nada, nem sequer no Mar da Palha.
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Já somos dois!
ReplyDeletefarto!
É assim, Cap Créus, muita indignação face a toda esta brincadeira de mau gosto. Da indignação à raiva vai um passo.
ReplyDeleteObrigado pela visita e pelo seu comentário.
Abraço do
LMC
Concordo inteiramente consigo.
ReplyDeleteE o que é triste é que os anos passam e nada muda.
Cumprimentos
Pedro Amaral