Há 40 anos, em Julho de 1966, com a viagem inaugural do ANGRA do HEROÍSMO, a frota de paquetes portugueses atingia 26 navios, - a maior frota de sempre.
Portugal orgulhava-se da sua Marinha Mercante e em especial dos grandes paquetes. Era uma frota de navios modernos, quase todos construídos propositadamente para nós, segundo os padrões técnicos mais elevados.
A Companhia Colonial de Navegação (CCN) tinha os três maiores paquetes: INFANTE DOM HENRIQUE (23.306 TAB / 1961), SANTA MARIA (20.906 TAB / 1953) e VERA CRUZ (21.765 TAB / 1952), para além dos gémeos IMPÉRIO (13.186 TAB / 1948) e PÁTRIA (13.196 TAB / 1947) e do UIGE (10.001 TAB / 1954). Todos estes navios faziam regularmente a carreira de África, excepto o SANTA MARIA que fazia a carreira da América Central.
A Companhia Nacional de Navegação (CNN) detinha a maior frota, com 9 unidades: o PRINCIPE PERFEITO (19.393 TAB / 1961), que era o navio-almirante, os gémeos ANGOLA (13.078 TAB / 1948) e MOÇAMBIQUE (12.976 TAB / 1949), o NIASSA (10.742 TAB / 1955), os irmãos INDIA (7.631 TAB / 1951) e TIMOR (7.656 TAB / 1951), o QUANZA (6.657 TAB / 1929) e os gémeos LÚRIO (2.639 TAB / 1950) e ZAMBÉZIA (2.625 TAB / 1949). Estes navios faziam as carreiras de África e do Extremo Oriente.
O armador mais antigo era a Empresa Insulana de Navegação (EIN), propriedade da família Bensaúde, que ainda hoje continua envolvida no negócio maritimo com a Mutualista Açoreana. A EIN fazia a carreira dos Açores e Madeira desde 1871 e tinha 6 navios de passageiros: FUNCHAL (9.847 TAB / 1961), ANGRA DO HEROÍSMO (10.187 TAB / 1955), CARVALHO ARAÚJO (4.560 TAB / 1930), LIMA (3.901 TAB / 1908), PONTA DELGADA /1.054 TAB / 1962) e CEDROS (1.028 TAB / 1955). Para além das viagens para as ilhas dos Açores, Madeira e Canárias, e da cabotagem inter-ilhas nos Açores, a Insulana efectuava cruzeiros com alguma frequência, utilizando principalmente o FUNCHAL.
A Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes (SG), empresa do Grupo CUF, tinha 5 paquetes: AMÉLIA DE MELLO (10.195 TAB / 1956), ALFREDO da SILVA (3.374 TAB / 1950), ANA MAFALDA (3.318 TAB / 1951), RITA MARIA (3.749 TAB / 1953) e MANUEL ALFREDO (3.468 TAB / 1954), utilizados nas carreiras de Angola (Amélia de Mello) e Cabo Verde e Guiné.
Havia sempre alguns dos nossos paquetes em Lisboa, e para além das linhas regulares, os nossos navios de passageiros asseguravam o transporte de tropas e material de guerra para o Ultramar e faziam cruzeiros. Ficaram famosos os grandes cruzeiros de Verão do PRINCIPE PERFEITO ao Mediterrâneo, Brasil, Báltico, México e Caraíbas, Canadá e EUA, e os cruzeiros de Fim de Ano à Madeira do FUNCHAL e SANTA MARIA, ou o périplo de África do VERA CRUZ. Muitos turistas faziam as férias de Verão numa viagem redonda à Madeira e todas as ilhas dos Açores , a bordo do CARVALHO ARAÚJO, ou numa viagem redonda no SANTA MARIA que 10 vezes por ano largava do Tejo rumo a Vigo, Funchal, Tenerife, La Guaira, Curaçau, San Juan de Porto Rico e Port Everglades, num itinerário invejável e adequado a umas grandes férias no mar.
Eram os bons tempos dos paquetes portugueses. Mudaram os tempos, desapareceram os navios e desta frota grandiosa de 26 navios só resta o FUNCHAL, que curiosamente tem em Agostro e Setembro próximo vários cruzeiros com partida de Lisboa para o mercado português.
Legenda: De cima para baixo, o ANGRA DO HEROÍSMO, ex- ISRAEL, comprado em 1966 pela EIN; o INFANTE DOM HENRIQUE, que foi o maior navio de passageiros português de sempre; vista aérea do porto de Lisboa cais da Rocha e doca de Alcântara em Abril de 1962, com 4 dos 6 paquetes da CCN atracados - SANTA MARIA, INFANTE, VERA CRUZ e UIGE - este na doca seca; PRINCIPE PERFEITO e QUANZA, respectivamente o maios moderno e o mais antigo paquetes da Nacional; o CARVALHO ARAÚJO que era um dos veteranos da frota, embora fosse o navio muito bonito, digno de ter sido preservado para museu, com as suas máquinas a vapor alternativas; e por último o FUNCHAL, que ainda navega com a bandeira portuguesa e o nome original, como último representante da nossa antiga frota.
Texto e fotos copyright Luís Miguel Correia - 2006
Foi a muito tempo que embarquei para Moçambique então com 16 anos ém meados de novembro de 1959 ,no então Paquete Patria que bélos dias e foram 18 de viagém com 200escudos no bolço más que para mim foi um gozo de férias entre aspas ,trabalhei dois anos ém Lourenço Marques na pesca e regreçei a Portugal no Paquete Moçambique com pouco mais do pouco levei ,más foi um bélo sonho e que saudades eu tenho ,por isso quando vejo estas fotos destes vélos Paquetes fico algum tempo a sonhar ,depois as histórias que eu me lembro e que hoje conto aos nétos só me traz muito orgulho por tudo aquilo que passei ! muito obrigado a Navios e Mar .saúdações maritimas .J.Pontes
ReplyDeleteO Carvalho Araújo acabou os seus dias de viagem transportando tropas para a Guiné.
ReplyDeleteEstou interessado em saber quando se iniciou a última viagem àquela província Ultramarina, e se possível o dia em que lã chegou.
Obrigado
JCâmara
Bom texto e fotos, tambem viajei no Infante e no Príncipe de e para Mocambique, na altura com 14 anos, inesqueciveis tempos.
ReplyDeleteobrigado pela partilha
jose joao
Em primeiro lugar , quero dar-lhe os meus parabéns pelo magnifico trabalho que tem feito em prol da nossa marinha mercante. Eu sou filho, sobrinho e também fui vizinho de tripulantes que trabalharam em vários navios. No que respeita ao meu pai foi tripulante no paquete Colonial que eu tive a sorte de conhecer quando era criança ainda nos anos quarenta. Quando estava de férias da escola adorava fazer a viagem do Campo das Cebolas (onde nesse tempo o navio ia descarregar mercadoria e também fazia a desinfeção ) eu era muito conhecido a bordo deste navio desde a ponte até ao pessoal da casa das máquinas, e o que eu mais gostava era estar no gabinete do despenseiro que tinha vários periquitos e também conversava com todos eles. Essa viagem era muito interessante porque o navio era rebocado por dois rebocadores até ao cais da Rocha e por vezes entrava na doca seca para limpeza do casco. Nesse tempo as viagens eram longas três meses, costa ocidental e oriental de África depois India e terminava em Macau mês e meio e depois outro tanto de volta. Mais tarde embarcou no Império (onde eu viajei para Lourenço Marques em dez. de 59 e cheguei a LM a 2 de Jan. de60), e por fim embarcou no Infante D. Henrique.
ReplyDeleteQuanto ao meu tio sempre viajou na Companhia Nacional no Moçambique antigo, depois muitos anos no India e por fim também no Príncipe Perfeito.
E agora se me dá licença quero fazer um pequeno reparo ao seu texto. O pai dum grande amigo meu de infância embarcou no Vera Cruz logo na viagem inaugural e sempre fês viagens para a América Central e Brasil que foi para essas carreiras que foram comprados tanto o Vera Cruz como o Santa Maria.
Conheci muitos navios da nossa frota dos mais antigos além do Colonial o que eu mais gostei foi do Serpa Pinto era um navio espetacular era mesmo fascinante.
E agora despeço-me desejando-lhe a continuação de um bom trabalho e muita saúde. Parabéns pela sua dedicação a estas maravilhas do passado.
Félix Simões.