Paquete ANGRA DO HEROÍSMO fundeado no Funchal, no período em que fez a linha da Madeira e Açores, de Julho de 1966 a Outubro de 1973. The Portuguese liner ANGRA DO HEROÍSMO at Fuchal, Madeira island while doing the Madeira and Azores passenger and mail service between 1966 and 1973. Fotografia da colecção Luís Miguel Correia (copyright)
O anúncio pela Naviera Armas do lançamento, em Junho próximo, de um serviço regular semanal, de passageiros entre o Funchal e Portimão, é um bom pretexto para recordar a navegação Portuguesa para as Ilhas, com a ficha técnica e histórica do paquete ANGRA DO HEROÍSMO, último paquete adquirido pela Empresa Insulana de Navegação, em 1966.
ANGRA DO HEROÍSMO (1966-1974)
Navio de passageiros e carga a turbinas, construído de aço, em 1954-1955. Nº oficial: I 358; Indicativo de chamada: CSBP. Arqueação bruta: 10 187 toneladas; Arqueação líquida: 6 230 toneladas; Porte bruto: 6 870 toneladas. Deslocamento: 13.900 toneladas. Capacidade de carga: 4 porões para 9 019 m3 de carga geral, incluindo 536 m3 de carga frigorífica. Comprimento ff.: 152,71 m; Comprimento pp.: 138,34 m; Boca: 19,87 m; Pontal: 11,00 m; Calado: 8,71 m. Máquina: 1 grupo de turbinas a vapor AEG, com 10.500 shp a 115 rpm (potência máx. 11 500 shp a 119 rpm); 1 hélice. Velocidade: 18 nós (máx. 19 nós). Passageiros: 323 (80 - 1ª., 243 - turística, (43 em turística A, 80 em turística B, 120 em turística C). Tripulantes: 139. Navio gémeo: AMÉLIA DE MELLO.
O ANGRA DO HEROÍSMO foi construído em Hamburgo por Deutsche Werft A.G. (construção nº 690), com o nome ISRAEL para a Zim Israel Navigation Co., de Haifa, pago pelo governo alemão federal como indemnização por danos ao povo Judeu durante a Segunda Guerra Mundial. Lançado à água a 4-03-1955, seria entregue ao armador em 09-1955 e registado em Haifa (9 853 TAB, 312 passageiros – 24 de 1ª classe, 232 de turística e 56 intermutáveis), destinando-se à carreira Haifa – Nova Iorque. A 24-09-1055 largou de Hamburgo para Haifa com escala em Southampton e em 13-10-1955 saiu de Haifa na viagem inaugural para Nova Iorque, com escala em Nápoles (portos de escala variáveis, incluindo normalmente Nápoles, Gibraltar, Ponta Delgada, Halifax e algumas vezes o Pireu, Palma de Maiorca, Barcelona, Baltimore e o Funchal). Fez este serviço durante 10 anos e em 29-10-1959 foi abalroado pelo cargueiro norte americano AMERICAN PRESS ( TAB, construído em 195X) e reparado no estaleiro de Brooklyn. Em 17-03-1966 foi comprado pela Empresa Insulana de Navegação, S.A.R.L., de Lisboa, para fazer a carreira Lisboa – Madeira – Açores. Entregue em Haifa a 27-04-1966, passou a chamar-se ANGRA DO HEROÍSMO, e saiu nesse mesmo dia para Lisboa (05-05). De 5-05 a 29-06-1966 efectuou diversas reparações e alterações no Tejo, sendo registado no porto de Lisboa a 30-06-1966. Entretanto o FUNCHAL (9 847 TAB, construído em 1961), sofreu uma avaria grave nas caldeiras durante um cruzeiro fretado ao Automóvel Clube de Portugal e em 29-06 o ANGRA DO HEROÍSMO saiu de Lisboa para o Funchal na sua primeira viagem com as cores da Insulana a fim de trazer para Lisboa parte dos passageiros do FUNCHAL. Em 9-07-1966 o ANGRA DO HEROÍSMO saiu de Lisboa na viagem inaugural ao Funchal, Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta. Em 7-11-1970 saiu em lastro de Lisboa para o El Ferrol, onde sofreu uma reparação, regressando ao Tejo a 24-12. De 29-12-1970 a 4-01-1971 fez um cruzeiro de Fim de Ano Lisboa – Funchal – Lisboa. Durante o ano de 1971, para além de viagens à Madeira e aos Açores, o ANGRA DO HEROÍSMO fez diversas viagens Lisboa – Bissau, fretado ao Ministério do Exército para transporte de tropas e material de guerra. Saiu de Lisboa na primeira viagem à Guiné em 21-01 regressando ao Tejo na última em 8-10. A partir de 9-1972, com a retirada do FUNCHAL da carreira das Ilhas, o ANGRA DO HEROÍSMO passou a ser o último paquete da EIN a assegurar aquele serviço. Em 14-10-1973 saiu de Lisboa na última viagem à Madeira e Açores, imobilizando no Mar da Palha, em Lisboa após regresso ao Tejo em 25-10. Em 4-02-1974 passou a ser propriedade da CTM – Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos, S.A.R.L., devido à fusão da EIN com a CCN, mas já estava decidida a sua venda para sucata, concretizada a 5-04-1974. Em 14-04-1974 chegou a Castellon a reboque procedente de Lisboa, efectuando-se o seu desmantelamento durante o ano de 1974.