Thursday, January 25, 2018

Desmaritimização Nacional


Desmaritimização: mais de quarenta anos de árdua desconstrução marítima. Mas terá valido a pena acabar com essa aberração que era Portugal dispor de uma Marinha Mercante com frota própria e tudo. Vendeu-se e abateu-se muito, deixou-se afundar o resto, como ilustra a imagem, de 2008, no cais do Poço do Bispo onde durante anos o paquete PONTA DELGADA agonizou até se afundar. E depois venham falar de mar: não há mar sem navios...

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Wednesday, January 24, 2018

Batelão ROTA


Batelão ROTA fotografado a 22 de Janeiro de 2018 atracado na Doca do Poço do Bispo. Um de quatro batelões idênticos, todos construídos em Viana do Castelo para a antiga empresa pública SOCARMAR, a qual acabou integrada no Grupo ETE.

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Saturday, January 13, 2018

AMÁLIA RODRIGUES no VERA CRUZ


O paquete VERA CRUZ largou de Lisboa para os portos do Brasil em mais uma das suas viagens regulares a 22 de Setembro de 1959, com a lotação completa, 1200 passageiros.  
Uma das últimas passageiras a chegar ao cais da Rocha para embarcar foi Amália Rodrigues, que tinha no cais amigos, família e uma legião de admiradores, como o Diário de Lisboa refere na sua edição de 22-09-1959. Viajou no camarote 36, em Primeira classe.

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Saudades do Porto do Funchal antigo


Saudades do Porto do Funchal antigo, neste caso, de 31 de Dezembro de 1969, com os navios de passageiros HAMBURG, FUNCHAL, ANDES e ANCERVILLE atracados ao molhe da Pontinha para mais uma noite de passagem de ano. Um quadro representativo dos magníficos navios de passageiros da década de 1960: o HAMBURG era, com o QUEEN ELIZABETH 2, um dos mais modernos paquetes do mundo, entrado ao serviço nesse mesmo ano de 1969, quando quase todos vaticinavam a extinção eminente do paquete como senhor dos mares. Igualmente construídos nos anos sessenta, os navios FUNCHAL (1961) e ANCERVILLE (1962) eram dois paquetes magníficos, já com características a pensar nos cruzeiros, enquanto o ANDES, de 1939, era o veterano deste grupo, com os seus dias em contagem decrescente, dado que foi vendido para sucata em Maio de 1971. 
O cais era moderno e espaçoso para os padrões da época, acabado de ser construído pouco antes, em 1962. Tão diferente do seu aspecto actual. O mesmo cais, mas tão reformatado e domesticado face aos ditames de visão politicamente correcta, com milhões gastos, em parte desbaratados por entre incompetência e inutilidade, e com tudo isto perdeu-se a escala original e a ingenuidade dos antigos cais e navios a preto e branco, face ao novo-riquismo entretanto prevalecente. Saudades do Porto do Funchal antigo.

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Friday, January 12, 2018

A nostalgia da Marinha Mercante


Em Novembro de 1953 o Paquete SANTA MARIA largou do Tejo na viagem inaugural à América do Sul num acontecimento memorável, de triunfo pessoal para o armador Bernardino Corrêa que então dirigia a sua CCN desde há 31 anos. Seguiram a bordo o Ministro da Marinha Américo Thomaz e muitas outras individualidades, prolongando-se a carreira do Brasil até Buenos Aires e acrescentando uma escala em Vigo. Gertúlio Vargas e Juan Peron foram a bordo na Guanabara e Buenos Aires.
Não sou desse tempo, mas testemunhei esse mundo, dos navios aos armadores, das viagens aos tripulantes, das cargas e passageiros aos portos em azáfama constante. Naveguei no SANTA MARIA, e em diversos outros navios dessa época. 
Era o ressurgimento rumo ao mar, dizia-se, mas afinal foi mais um esforço de ressurgimento que outra coisa. Não se evoluiu e não se consolidaram os ganhos e não se desbloquearam os constrangimentos culturais e económicos que sempre estiveram presentes a contrariar a nossa quimérica vocação marinheira. Assim foram desaparecendo os navios, fecharam-se as empresas e os actores dessa aventura marítima da segunda metade do século XX português foram-se transferindo para terra e substituindo as realidades activas pelo mundo nostálgico das recordações. 
As instalações do antigo Clube Desportivo da extinta Companhia Nacional de Navegação renasceu como sede do Clube de Oficiais da Marinha Mercante, numas salas históricas, com vista para o Mar da Palha e os cais do Tejo. Os navios e outros ícones espreitam das paredes, das estantes. Nesta fotografia um marinheiro do Paquete SANTA MARIA permanece apoiado no Presidente Américo Thomaz, o velho Pai Tomás reduzido a uma lombada do livro editado para perpetuar a viagem de Sua Excelência a Moçambique no N/T PRÍNCIPE PERFEITO. 
Às Quintas-feiras reúnem-se os antigos oficiais em almoço convívio, do qual participei ontem. Falou-se das aventuras que eram as longas viagens ao Oriente dos paquetes TIMOR e ÍNDIA, das travessias de Lourenço Marques a Dili durante 22 a 23 dias sem se navegar perto de nada, do comandante do ÍNDIA - «O Comandante Castro era um grande Comandante», disse alguém na mesa, com veneração. E saí de lá com mais informação, finalmente desvendei o motivo exacto porque o SANTA MARIA, em Abril de 1973 cancelou a viagem e foi para o Mar da Palha: avaria grave numa das turbo-geradoras. Foi o seu fim, a anunciar uma época que se encerrava sem glória nem utilidade. E tinha sido tão fácil então aproveitar os Santas Marias todos para cruzeiros. Não se fez nada, não se faz nada e os marinheiros são cada vez menos. E escrevo as memórias, dos navios, das empresas, das pessoas. E passo na Matinha e revejo todo esse mundo no FUNCHAL, que ninguém quer. 

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Sunday, January 07, 2018

Paquete ANDES da Mala Real (1939-1971)


 Anúncio da Mala Real e notícia relativa à prevista viagem inaugural 
do ANDES em 1939 (Diário de Lisboa)
 Notícia inserida no Diário de Lisboa a 1 de Outubro de 1953

Anúncios diversos e notícias relativas ao ANDES de 1939: os dois primeiros são de Agosto desse ano, fazendo referência à viagem inaugural do R.M.S. ANDES, grande paquete com que a Royal Mail Lines pretendia comemorar o centenário da sua fundação, a 26 de Setembro de 1839. Infelizmente a 1 de Setembro desse ano terrível, o mundo viu soltar-se uma monstruosidade sem precedentes e os anos seguintes foram de destruição e guerra, vivida pelo ANDES como transporte de tropas.
 Só em 1948 veio finalmente a Lisboa na viagem inaugural, com sete anos de atraso. O último anúncio foi publicado no Diário de Lisboa a 31 de Dezembro de 1957. Assisti à última visita deste belo navio a Lisboa em 1971.
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Saturday, January 06, 2018

COLOMBO em Génova


Paquete italiano CRISTOFORO COLOMBO de 1954 atracado em Génova em 1972, numa belíssima fotografia do meu amigo Alan Crisp.

O CRISTOFORO COLOMBO foi um dos mais famosos navios de passageiros italianos do período de após a segunda grande guerra tendo sido lançado à água em Sestri Ponente (Génova), a 10 de Maio de 1953, exactamente o mesmo dia de anos dos nossos belos lugres CREOULA e SANTA MARIA MANUELA, estes construídos em Lisboa em 1937.

 Na década de 1960 tornou-se presença habitual no porto de Lisboa, que visitava no decorrer das suas viagens regulares entre Itália e os Estados Unidos. 
Já na década de 1970, foi transferido para a linha do Rio da Prata, em que se manteve até Abril de 1977. 
Era um dos navios que mais gostava de apreciar no Tejo. Não perdia uma escala, tendo assim fotografado os seus últimos dois anos de serviço. Com casco imponente e a habitual elegância italiana, o CRISTOFORO COLOMBO era gémeo do ANDREA DORIA, perdido por afundamento em 1956, que por isso se tornou um navio de culto à semelhança do TITANIC.
Sempre preferi os navios de sucesso aos gémeos cujo fim trágico os imortalizou nas mentes doentias da nossa sociedade actual. Desperta-me muito mais interesse o OLYMPIC que o TITANIC, o mesmo acontecendo com o COLOMBO.
Das muitas boas recordações ligadas ao CRISTOFORO COLOMBO em Lisboa, destaco o seu apito solene, que se ouvia distintamente na Baixa de Lisboa, a quilómetros das Gares de Alcântara ou da Rocha. Um navio que deixou muitas saudades. 
Quando foi retirado do serviço em 1977, perdi a oportunidade de viajar nele, como alguns amigos fizeram, aproveitando o segmento Lisboa - Trieste e regresso, um verdadeiro cruzeiro de sonho, subsidiado pelos contribuintes italianos, pois toda a operação dos paquetes da companhia Itália era subsidiada pelo Estado.

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Thursday, January 04, 2018

Pier 35 at San Francisco

Bill Miller has just sent this gorgeous text and image: «After dinner chat on the Crystal Serenity: "As a child and then a teenager, my grandparents were very generous. They would take my brother & I on sea voyages," remembered one of our West Coast guests. "The first was over to Honolulu from San Francisco on the Lurline. The year was 1960. I still have a few me menus & ship's programs. And I have the printed passenger list. We returned on the Matsonia. It all seemed very luxurious back then. These Matson ships carried about 700 passengers each but they seemed very big at the time. I also specially remember sailing day from San Francisco – a band on deck played, crowds lined the deck and more crowds on the pierside and, as the whistles sounded, we tossed paper streamers. Departure was a special event!”»
Ainda não fui a São Francisco, mas é um dos portos na lista de futuras escalas. Esta fotografia, com os paquetes MARIPOSA e LURLINE nas cores da Matson Lines faz-me ter saudades das minhas antigas sessões visuais de barcologia nas estações marítimas à beira-Tejo há já uns bons anos. Foi cá no Tejo que conheci este MARIPOSA, com as cores da Pacific Far East Line e o urso durado na chaminé azul, depois de a Matson o ter vendido juntamente com o gémeo MONTEREY. Foi ainda no Tejo (e também no Funchal) que fotografei e me fartei de ver o ELLINIS da Chandris Lines, ex-LURLINE da Matson. Tudo isto se passou no século XX, e nada resta para além de muitas memórias, que o meu amigo Bill Miller nos trás de volta de forma magistral...
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Wednesday, January 03, 2018

PÁTRIA, Paquete PÁTRIA...


Pormenor do navio de passageiros português PÁTRIA, da antiga Companhia Colonial de Navegação. Foi o primeiro dos paquetes do Despacho 100 e o primeiro navio de passageiros construído propositadamente para a Colonial. 
O nome PÁTRIA consagrava a importância que então se dava à Marinha Mercante Nacional e independentemente de evoluções culturais ou linguísticas, era um nome lindíssimo. Navegou orgulhosamente por mais de vinte e cinco anos na carreira da África Oriental, mas marcou presença ocasional nas linhas da América do Sul e da América Central, tendo feito alguns cruzeiros com saída de Lisboa. Nesta imagem, o PÁTRIA entra em Cape Town em Janeiro de 1971, sob o comando do Capitão da MM Alexandre Guerra, que em 1973 cumpriria a ingrata tarefa de levar o navio para desmantelar na ilha Formosa, o que depois se concretizaria em 1974. 
Desapareceu o Paquete PÁTRIA, a Pátria como conceito passou de moda, acabaram-se as carreiras regulares para as Áfricas, ficaram as muitas recordações e testemunhos ligados a um grande navio português. Nunca mais haverá um PÁTRIA tão bonito como o de 1947.
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