Desde que me lembro, sempre tive um fascínio ilimitado pelos navios e ambientes marítimos, que procuro registar em fotografia desde 1970, em Portugal, e um pouco por todo o mundo.
Um dos navios com mais personalidade que fotografei com o decorrer dos anos, foi o CARLO R, aqui acompanhado por outro deserdado da sorte em Maio de 2000, o ODESSA, então meu velho conhecido, mas que não voltei a ver. Ambos estavam imobilizados em Nápoles, a contas com a justiça, apesar de os navios não terem rigorosamente culpa dos supostos desacatos dos seus operadores ou proprietários.
O CARLO R foi construído em Inglaterra no estaleiro Swan Hunter (Walker) em 1969-72, para substituir o malogrado WAHINE, uma espécie de TITANIC da Nova Zelândia, que naufragou em 1968 próximo de Wellington.
Tal como o WAHINE, o RANGATIRA - assim se chamou de início o CARLO R - era um navio de passageiros rápido Roll-on / Roll-off, com propulsão turbo eléctrica, o que tornou a sua operação dispendiosa depois da crise do petróleo em 1973, pelo que apenas fez a carreira Wellington - Lyttelton de Março de 1972 a Setembro de 1976. Foi nesse ano imobilizado em Falmouth, Reino Unido, mas não havia procura para ferries de passageiros a vapor e a alternativa foi a opção por fretamentos para servir de alojamento na Escócia associado à exploração de petróleo no Mar do Norte. A guerra das Falklands deu nova oportunidade, para servir no Atlântico Sul, mais uma vez como navio de alojamento, e em 1986 foi vendido ao armador grego Marlines e usado no Adriático como ferry com o nome QUEEN M (1986-1990).
Em 1990 foi vendido ao armador italiano Alimar e continuou a servir no Mediterrâneo como ferry, efectuando numerosos fretamento à companhia de navegação da Tunísia (COTUNAV), cujas cores aproximadas apresenta na fotografia. Em Agosto de 1995 ficou arrestado em Nápoles, de onde só saiu em 2001 após ter sido vendido para transformação em navio de cruzeiros, actividade em que se deveria chamar ALEXANDER THE GREAT. Foi rebocado para um estaleiro no Montenegro, mas a transformação não chegou a ser concluída e em 2005 o navio foi desmantelado na Turquia. Tinha uma aparência única, elegante, aristocrática e rápida, ao contrário das actuais frotas de navios de passageiros, todas semelhantes, e em que na maior parte dos casos os passageiros nem se lembram do nome do navio.
O ODESSA foi construído no Reino Unido em 1972-74, para uma companhia dinamarquesa, a Danish Cruise Lines, que não conseguiu pagar o navio, pelo que este acabou vendido à URSS em 1975, passando a ser o ODESSA. Em 1995 ficou arrestado em Nápoles durante 6 anos. Ainda foi resgatado por interesses ucranianos e rebocado para Odessa em 2002, mas não voltou mais aos cruzeiros e acabou desmantelado na India em 2007 com o nome SYDNEY.
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