Saturday, March 07, 2020

Os mais belos cargueiros portugueses

Conheci dezenas de navios de carga portugueses, alguns lindíssimos e volta e meia penso qual era o mais bonito. Habitualmente inclino-me para considerar o BEIRA de 1963 o mais elegante de todos, mas o NACALA, construído em Hong Kong em 1966 e comprado em 1968 não lhe ficava atrás em termos estéticos.
Os navios de carga da CNN tiveram as mesmas cores dos paquetes até 1970, isto é, chaminés pretas (adoptadas logo em 1880 quando da formação da Nacional), cascos cinzento claro e linha de água verde. Bela combinação de cores mas de difícil manutenção. Na imagem, pormenor do NACALA com as cores originais. Depois teve chaminé azul e casco preto, tendo acabado em Alhos Vedros com casco azul.
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Navio-escola SAGRES


O Navio-escola SAGRES prossegue a sua quarta viagem à volta do mundo e navega pelo Atlântico Sul, tendo largado de Lisboa a 5 de Janeiro último. 
Um dos mais famosos navios portugueses, o NRP SAGRES foi adquirido há já 58 anos e tem prestado serviços inestimáveis, a Portugal e à sua tão débil cultura marítima. E é um regalo para a vista  e para a alma saber a SAGRES a navegar e a mostrar a nossa bandeira pelos confins do mundo.
(Mais palavras e imagens minhas da SAGRES aqui)
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Friday, March 06, 2020

Navio oceanográfico MAR PORTUGAL


Comprado há 5 anos, o navio oceanográfico MAR PORTUGAL ainda não fez praticamente nada de útil, nem em prol do Mar Português nem em prol da investigação das pescas, e está encostado na Base Naval de Lisboa, ao Alfeite, encalhado na incapacidade do Estado em lidar com os navios e o Mar.

O navio merece melhor sorte. O benfeitores estrangeiros que financiaram a sua compram mereciam mais respeito. Muito triste, a situação do navio, os milhões gastos entretanto, e a atitude de incapacidade que apenas amplia a mentira que é a ligação de Portugal ao Mar.
(Mais palavras e imagens minhas acerca do MAR PORTUGAL aqui).
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Thursday, March 05, 2020

O navio-tanque AIRE de 1946



Acabei de escrever mais uma biografia de um navio mercante português do século XX para publicação na Revista de Marinha e aqui vos deixo algumas palavras do preâmbulo do artigo. Sempre a reflectir sobre a nossa negação face aos navios e ao Mar.
"A inexistência de navios petroleiros em Portugal quando rebentou a Segunda Guerra Mundial em 1939 teve consequências dramáticas para a economia nacional na década de 1940. Provavelmente se então dispuséssemos de petroleiros não teria sido necessário o racionamento de produtos petrolíferos que funcionou até 1946. Na altura o recurso possível foi entregar ao Instituto Português de Combustíveis (Estado) a responsabilidade pela logística do abastecimento de produtos petrolíferos, refinados e crude, na sequência do arranque da refinaria da Sacor em Cabo Ruivo em 1940.
Sem navios próprios, Portugal gastou uma fortuna incalculável no afretamento de navios-tanques a França (Vichy), Espanha e Suécia, e alguns desses navios foram afretados com opção de compra, constituíndo depois em 1946 a base da frota da futura SOPONATA, criada em 1947 por iniciativa do ministro da Marinha Américo Tomás, que no cargo de primeiro Presidente da Junta Nacional da Marinha Mercante, de 1940 a 1944, viveu por dentro os dramas infindáveis de otimização da operação dos velhos navios que então constituiam a nossa Marinha Mercante. Aprendeu a lição e teve força e a perseverança para, com o Despacho 100 e um esforço permanente de propaganda da economia do mar, promover a aquisição de uma frota nova. O petroleiro AIRE, comprado em 1946 pelo IPC foi um dos pioneiros da futura frota de navios-tanques portugueses que tão bons resultados proporcionou durante 50 anos.
Mudaram-se os ventos, renegou-se a história e o nosso Mar e hoje em termos de Transporte Marítimo próprio estamos piores que em 1939. No que toca ao transporte de combustíveis batemos no fundo – somos zero, desmantelámos a SOPONATA e a frota da Sacor e até barcaças para abastecimento de bancas afretamos ao estrangeiro no que me parecem atos criminosos lesivos do interesse nacional. Mas a verdade é que nada disso conta para nada exceto os lucros imediatos de alguns poucos. O AIRE navegou apenas 6 anos com as cores portuguesas. Na altura era considerado inferior aos parâmetros de qualidade e exigência da frota da SOPONATA, foi substituído por navios novos mais eficientes e vendido aos espanhóis. Em Espanha foi remendado várias vezes e navegou mais 31 anos, os últimos a dar combustível à frota pesqueira espanhola que nos substituiu em Angola e Moçambique."
O resto leiam quando sair a Revista de Marinha... A fotografia mostra o AIRE com o seu quarto e último nome, em 1986, após docagem em Durban para pintura e beneficiação das obras vivas. Podem também ler a história deste navio no meu livro sobre a SOPONATA.
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Wednesday, March 04, 2020

QUEEN MARY 2 em Lisboa


Veio a Lisboa pela primeira vez em 2004 e tem  passado pelo Tejo com alguma regularidade desde então, mas o QUEEN MARY 2 não é propriamente um habitué local, com pena minha pois tenho grande admiração por este navio e pelo que ele representa na história dos navios de passageiros modernos. 
O QM2 passou por Lisboa este ano a 13 de Janeiro, no início do cruzeiro de volta ao mundo, e eu estava a postos para registar a saída, prevista para as 16 horas, com algumas imagens que consegui fazer, mas em condições extremas de luz. Havia nevoeiro e quando o navio largou a luz estava a extinguir-se. Mesmo assim fiquei satisfeito com os resultados. Na foto acima, o QUEEN MARY 2 passa a Praça do Comércio a 13 de Janeiro.

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Tuesday, March 03, 2020

Géneros e Mares


Como apreciador da simplicidade natural do que nos rodeia ou vamos construindo, (ou alguém nos impõe) confesso que a paciência é pouca para os jogos actuais do politicamente correcto. Gosto tanto de navios e do mar como de livros e há sempre alguns à minha volta, para além daqueles que estou a inventar a cada dia.


Estou a ler BREVIÁRIO MEDITERRÂNICO um daqueles livros que me seduziu ao primeiro folhear e não me está a desiludir. É um daqueles livros obrigatórios e assenta como uma maravilha no meu antigo encanto pelo Mediterrâneo. 

O Autor (Predrag Matvejevitch) em dada altura - no Glossário - discute a questão de Género acerca do Mar. Pertinente. Para nós e para os italianos Mar é masculino, para os Franceses é feminino, e por aí fora. Para mim, o Mar é mais que todos os géneros que se lhe possam associar. É um espaço quase infinito e imprevisível. É também um símbolo da mediocridade dos portugueses, dado que se continua a virar as costas para lá das praias em que molham o pé. 
Falha a cultura marítima que abra horizontes para além do horizonte a partir das praias. Tudo o resto, os discursos oficiais, as poucas práticas no domínio da economia marítima, são fantasias infelizes com raras e importantes excepções. 
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