Recomendo a leitura regular do
NOSSO MAR, o blogue do Eng. José Carlos Gonçalves Viana, por quem tenho a maior consideração e me parece actualmente a figura pública com um discurso mais verdadeiro em relação ao MAR, em contracorrente com as insuficiencias das comunicações presidenciais e oficiais. No seu último post, de 23 de Março, destaque para três preconceitos terríveis em Portugal; ódio ao capital, à Marinha Mercante e à Marinha de Recreio: de leitura obrigatória
aqui.
Um pequeno extracto do texto mais recente:
A Marinha mercante é colonialista, logo deve ser eliminada
"...A Marinha Portuguesa entrou em declínio no início do século XIX donde só saiu após 1945 e atingindo uma dimensão que lhe conferiu figurar entre as principais no período 50-60.
No entanto a frota desenvolveu-se baseada no tráfego com as nossas colónias, obviamente protegido e portanto com fretes muito favoráveis aos armadores o que de início facilitou os elevados investimentos, mas que posteriormente provocou nos armadores alguma quebra na sua capacidade de inovação, como se verificou na ausência de aproveitamento dos navios de passageiros para cruzeiros. Só o Funchal foi transformado e isso porque o Presidente da República de então se opôs à sua alienação.
Apesar disto, em 1974 a C. Nacional de Navegação e a E. Insulana de Navegação já estavam a operar como terceira bandeira, mas o mercado internacional implicava termos condições de enquadramento desde o registo aos tribunais especializados, passando pelos sindicatos, que dificultava qualquer adaptação rápida à nova realidade.
Ainda por cima as mal denominadas nacionalizações acabaram com as empresas privadas com dimensão e desenvolveu-se o preconceito de que a nossa Marinha era cara e colonialista e podia e devia ser eliminada pois era mais barato ir ao mercado internacional quando era preciso. Esta evolução prolongou-se até ao Governo de Cavaco Silva onde se processou a destruição final, não por conceitos esquerdistas prequianos mas por novos rumos neoliberais cujos resultados estão bem à vista.
Os efeitos deste preconceito chegaram ao ponto de até influenciarem historiadores a desprezar o papel da Marinha na formação de Portugal e dos próprios descobrimentos marítimos que foram bem portugueses..."
O Eng. Gonçalves Viana foi Secretário de Estado da Marinha Mercante e das Pescas em diversos governos pós 25 de Abril e apesar de a instabilidade governativa da época não ter permitido a implementação de medidas essenciais na altura, foi um dos poucos governantes que soube sempre o que fazer no que toca ao mar, e com experiência empresarial, pois foi administrador da Empresa Insulana, responsável pela transformação do FUNCHAL para cruzeiros em 1972 e 1973, mais tarde presidiu à SOPONATA, e, quando Secretário de Estado das Pescas deixou um legado que perdura no Navio de Treino de Mar CREOULA, que estava para ser enterrado a seco nos terrenos da Escola de Pescas de Pedrouços, como "Museu" e, por decisão acertada de Gonçalves Viana, foi recuperado para navegar como navio-escola, actividade que se mantém e que já proporcionou uma visão genuína das realidades do mar a cerca de 20 mil instruendos que ao longo destes anos embarcaram no CREOULA, de que resultaram muitas paixões pelo mar. Um caso estranho e único em Portugal, de um Governante a gostar de navios, de marinha e do mar.
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