Preocupados com a situação e futuro do nosso País, não podemos deixar de tal vos manifestar, em face do que ultimamente e em especial no dia de hoje se passou com nosso futebol.
Ver muita gente de nosso povo, com quase novecentos anos de existência como nação, ao longo dos últimos dias, inquieta e dar profunda atenção com a entrada (parece que foi uma entrada coxa) ou não, em campo, da equipa do Leiria. Os médias de páginas e ecrans cheios, com polémicas de longas horas sobre a pontuação dos clubes. As gentes das finanças temerosas se as competições futebolísticas param, e os políticos assustados com possíveis agitações públicas, não podíamos deixar de nos preocupar.
Ver um país, que foi dito de marinheiros, e se solidificou por via do mundo marítimo e ramificou suas geneses do falar e do espiritual pelos cinco continentes do globo,
ficar reduzido a pouco mais de 19 mil marinheiros profissionais (Armada, Comércio e Pesca) mas tendo já atingido o registo oficial de mais de 22 mil jogadores de bola profissionais.
Ver um país que construiu alguns dos maiores estádios de futebol deste globo e ainda não construiu um terminal portuário para exportar os seus minérios que tanto se aguarda exportar.
Ver um país que se inunda de escolas de formação de jogadores e arrasa a melhor Escola de Pesca do Mundo.
Ver um pais que constrói as melhores auto-estradas para se ligar aos campos de futebol e ainda não construiu um quilómetro de novas vias férreas europeias para seus portos.
Ver um país a delirar com o desempenho de seus jogadores em clubes estrangeiros e aplaude delirantemente seus clubes nacionais repletos de estrangeiros.
Ver um país a reduzir e racionar o consumo de água nos seus laboratórios e instalações de biologia marinha e gasta milhões de metros cúbicos em regas de relvados.
Ver um país onde bastas multidões correm nos fins da semana para os campos de futebol e seus portos e baías ficam vazias de velas brancas desportivas.
Ver um país a construir largas dezenas de complexos faraónicos de todos os motivos
e deixar definhar ou extinguir seus estaleiros navais.
Tudo isto não pode deixar de nos questionar se de facto é assim que pretendemos de novo saltar nas ondas do mar ou vamos continuar a dinamizar o saltitar sobre os relvados.
Com o tão minguado dinheiro que temos os dois ”exercícios” são impossíveis de realizar.
Eu vos envio o meu muito saudar
Joaquim Ferreira da Silva - Capitão da Marinha Mercante
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