Ao ler esta notícia acho que aprendi um novo palavrão: «meio náutico». Observo a imagem anexa à notícia palavrosa e só vislumbro uma lancha da polícia marítima. Está inserida no meio náutico natural do porto de Angra do Heroísmo mas não é por aí que a coisa se assume como palavrão. A notícia, eventualmente um comunicado de imprensa da AMN, diz assim:
«O comando local da Polícia Marítima de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória dispõe agora de um novo meio náutico que vem reforçar o seu dispositivo de policiamento e fiscalização.
Trata-se de uma embarcação semi-rígida, cabinada, de 7,8 metros de comprimento, e equipada com os mais modernos sistemas de auxílio à navegação, dispondo de uma motorização de 500 HP (2 x 250 HP) e uma autonomia de cerca de 200 NM.
Em nota de imprensa, o comando local da Polícia Marítima de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória explica que o equipamento vem permitir uma maior mobilidade operacional e a projecção de equipas da Polícia Marítima em acções de policiamento, de dia ou noite, em todo o espaço de jurisdição marítima das ilhas Terceira e Graciosa.
Fica assim garantida, informam ainda, a autoridade do Estado e a soberania Nacional no mar em missões de prevenção e repressão criminal, bem como no reforço das capacidades de fiscalização dos recursos piscícolas no mar dos Açores, em particular nas áreas de reserva natural marinhas, como o banco “Dom João de Castro” localizado a cerca de 50 milhas náuticas a Sudeste da ilha Terceira.Fica assim garantida, informam ainda, a autoridade do Estado e a soberania Nacional no mar em missões de prevenção e repressão criminal, bem como no reforço das capacidades de fiscalização dos recursos piscícolas no mar dos Açores, em particular nas áreas de reserva natural marinhas, como o banco Dom João de Castro” localizado a cerca de 50 milhas náuticas a Sudeste da ilha Terceira.»
Este texto é duplamente enriquecedor: inova e acrescenta o léxico marítimo e é um garante da autoridade do Estado e da soberania Nacional.
O meu receio sincero é que o primeiro arrastão de pesca chinês apanhado em flagrante algures no Atlântico Norte pelo novo meio-náutico provoque a sua perda gloriosa com o contacto no casco de algum anzol mais afiado.
O meu espírito curioso debate-se entretanto com a angustia de ver a existência das nossas unidades navais ameaçadas com o meio-náutico dos Açores. Para quê uma Corveta, para quê um Patrulhão, para quê dois Submarinos (e eu acho que precisamos de mais), se o novíssimo «meio-náutico» aparentemente responde às solicitações habituais atribuídas a tais navios nos Açores?
O abominável palavrão «meio náutico» acabado de inventar para substituir a palavra «lancha» é feio e desnecessário, suponho que da família dos «meios aéreos» dos combates aos fogos nacionais, uma invenção do nacional-foleirismo que enjeita uma língua tão bonita e rica em terminologia naval e náutica: a Língua Portuguesa.
Não lhe dêem pontapés, por favor.
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