A minha viagem pelo mundo dos navios e do mar começou há mais anos que poderá parecer e tem sido uma viagem de sonho sem final à vista, nem pressa de chegar. Este meu mundo foi-se povoando de navios, imagens, vivências e muitos Amigos espalhados por todas as rotas possíveis e imaginárias. Um desses Amigos excepcionais foi o Frank O. Braynard, um americano de Nova Iorque, grande amigo de Portugal e inspiração para mim e muitos outros entusiastas. Frank Braynard foi um grande jornalista, autor de livros e impulsionador de uma das maiores colecções dedicadas aos navios, que saboreei por diversas vezes na sua casa de Long Island onde sempre me recebeu tão bem. Em vez de fotografar os seus navios preferidos, Frank Braynard pegava num papel e numa caneta e desenhava os navios, dando novas vidas a memórias antigas ou recentes. Num instante o navio estava feito. Em 1986 pedi ao Frank se fazia uma ilustração para a edição comemorativa da REVISTA DE MARINHA de Janeiro de 1987, que então estava a organizar com o Cte. Gabriel Lobo Fialho. Na volta do correio chegou esta criação artística do SERPA PINTO, que o Frank conheceu em Nova Iorque como EBRO nos anos 20 e 30 do século passado. Trata-se de uma imagem do navio feita a partir de uma fotografia de Julho de 1952 quando o paquete SERPA PINTO efectuou o seu famosos cruzeiro ao Báltico por ocasião dos jogos olímpicos de Helsínquia. O original foi página central dessa edição dos 50 anos da RM e depois foi utilizada no livro FIFTY FAMOUS LINERS, creio que o primeiro volume, e numa edição de postais... Tenho saudades deste Amigo tão especial.
Curiosamente, o negativo original desta fotografia, em vidro, formato 13 x 18 cm, que pertenceu à Companhia Colonial de Navegação e à CTM até 1985, hoje integra a colecção LMC. Foram-se os navios e os armadores, mas ficam as memórias, que tenho sempre procurado preservar e divulgar com dedicação.
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3 comments:
Caro Luis Miguel Correia,
Relativamente a este desenho tenho um pequeno reparo. Onde diz “quando o paquete Serpa Pinto efectuou o seu famoso cruzeiro ao Báltico por ocasião dos jogos olímpicos de Helsínquia”, julgo que o mais correcto seria “quando o paquete Serpa Pinto passava no canal de Kiel, no regresso dos jogos olímpicos de Helsínquia, transportando a comitiva portuguesa ”, o que não seria propriamente um cruzeiro. O “Serpa Pinto” serviu isso sim, de transporte (ida e volta) e alojamento de toda a comitiva desportiva portuguesa, em Helsínquia.
Tenho 2 “posts” que referem este assunto, colocados nos dias 8 de Janeiro e 5 de Agosto de 2012.
As minhas desculpas pelo reparo, se é que não tem cabimento.
Melhores cumprimentos,
João Celorico
Caro João Celorico,
Sei que até os cavalos utilizados nas provas de hipismo seguiram no SERPA PINTO, mas não deixou de ser uma viagem fora do baralho habitual,um cruzeiro, com objectivos muito específicos, como aconteceu com outros cruzeiros remotos de paquetes portugueses, que tinham essencialmente um carácter religioso, de proporcionar visitas à Palestina (no LOURENÇO MARQUES) ou ao Vaticano (no MOUZINHO), que com propriedade podiamos designar por peregrinações marítimas?
O termo "cruzeiro" com o significado que tem hoje, é muito recente. Até à década de 1980 os navios de cruzeiros eram classificados pelo Porto de Lisboa como "navios excursionistas"...
Obrigado pela sua visita e colaboração.
Fez a viagem do SERPA PINTO à Finlândia? Ainda há dias estive com um dos oficiais do navio nesta viagem. Não o via há 40 anos.
Melhores cumprimentos
Luís Miguel Correia
Caro Luis Miguel Correia,
Grato pelo seu esclarecimento.
Efectivamente, o meu entendimento de “cruzeiro” está mais ligado a viagem turística, o que não seria o caso. Suponho, então, pelo seu esclarecimento, que será considerado “cruzeiro” tudo o que saia da normal operacionalidade dum navio de carreira. Admito isso perfeitamente, vindo de quem vem. Eu, embora ligado a isto dos barcos desde tenra idade, diria que um pouco contra natura, só considerava “cruzeiro” tudo o que fosse turismo. Isto porque, penso que, por absurdo, as viagens presidenciais e até o transporte de tropas, tudo fora das carreiras normais, não seriam viagens de “cruzeiro”. Mas isto seria quase uma discussão académica e o assunto não a merece. Só quis explicitar o motivo da minha dúvida.
Quanto à viagem a Helsínquia, não a fiz. Era um miúdo de 11 anos, a quem o mundo, principalmente o desportivo, não era estranho. Eu acompanhava tudo ao milímetro. Recordo perfeitamente essa viagem e guardei, religiosamente, o folheto turístico que nessa altura me chegou às mãos, via Casa Atlântica de Viagens, passe a publicidade e que já não existe, o qual reproduzi no meu blogue. Esse folheto tinha a particularidade de ter algum vocabulário em finlandês e isso era o suficiente para me atrair. É tudo!
Melhores cumprimentos,
João Celorico
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