Friday, August 30, 2019

Os antigos QUEEN da Cunard

Quando a publicidade era uma arte em todos os sentidos, a companhia britânica Cunard White Star Line publicitava o serviço rápido transatlântico semanal assegurado pelos seus navios QUEEN MARY e QUEEN ELIZABETH entre Southampton e Nova Iorque recorrrendo a cartazes de uma eficácia e beleza perfeitas, caso deste que apresentamos, mostrando o RMS QUEEN ELIZABETH em primeiro plano, em todo o seu esplendor, com o QUEEN MARY ao fundo, ambos a navegarem a toda a força. 
A velocidade de serviço era de 28 nós, mas os navios podiam navegar a maior velocidade.
O velho QUEEN MARY foi projectado na década de 1920, basead no AQUITANIA de 1914, e entrou ao serviço em 1936. O QUEEN ELIZABETH apresentava características muito mais modernas, foi projectado na década de 1930 e ficou pronto em 1940, servindo como transporte de tropas durante a segunda guerra mundial.
Sempre que vejo estes cartazes, apetece-me logo embarcar. Conheci ambos os QUEENs originais quando das suas visitas a Lisboa na década de 1960, em viagens de cruzeiro. Eram tão grandes que fundeavam frente ao Terreiro do Paço e os passageiros desembarcavam de cacilheiro. 
Da última vez que o QUEEN MARY fez escala no Tejo, na viagem de entrega aos americanos de Long Beach, fundeou a oeste da ponte Salazar, em Outubro de 1967. 
Curiosamente muitos anos depois o QUEEN ELIZABETH 2 fundeou no mesmo local uma vez em a data da escala coincidiu com a presença do CANBERRA no Tejo e como só havia cais para um dos paquetes (Alcântara), o QE2 chegou depois e fundeou.
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Friday, August 16, 2019

Cruzada contra os cruzeiros no Porto de Lisboa


Título de notícia anti-cruzeiros em Lisboa

O Mundo debate-se com inúmeros problemas e a questão ambiental não é seguramente o menor, mas no meio disto tudo ressaltam a ignorância e a demagogia dinamizadas por alminhas cheias de boas intenções tão nefastas como o puritanismo fundamentalista que tem vindo a mover uma campanha internacional contra os navios de cruzeiros, e que se tem servido de Lisboa para os seus propósitos. Assim têm sido divulgados aqui e ali notícias e artigos relacionados com «estudos» de que ninguém conhece ou reconhece critérios aceitáveis, e cuja leitura denota erros de abordagem básicos. Os navios de cruzeiros são apenas uma parte do movimento marítimo que caracteriza o Porto de Lisboa e a Cidade deve a sua existência ao porto desde sempre embora agora se desvalorize a importância das actividades portuárias e se ignore as suas potencialidades.
Não queremos ver alimentar em Lisboa os disparates que tanto estão a prejudicar Veneza. Os cerca de 320 cruzeiros que este ano incluem Lisboa nos seus itinerários, trazendo ao Tejo cerca de meio milhão de turistas são muito bem vindos. Queremos mais, precisamos de desenvolver mais os cruzeiros em Lisboa, nomeadamente na vertente dos embarques e desembarques. Não precisamos de campanhas de activistas nem de seitas contra os Navios, o Porto e as Navegações de Lisboa.
E já agora, para mim a cidade fica mais bonita e cosmopolita com os seus cais cheios de navios. Já Fernando Pessoa tinha essa sensibilidade tão poética na sua Ode Marítima. 
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Sunday, August 04, 2019

Cia. Nacional liners ANGOLA and MOÇAMBIQUE


The beautiful Portuguese sister ships ANGOLA and MOÇAMBIQUE built in Newcastle in 1948 and 1949 for the Lisbon to the East Africa mail service.
Owned by Companhia Nacional de Navegação, those two handsome motor liners shared the mail service to Mozambique with the rival company Cia Colonial and their two liners PÁTRIA and IMPÉRIO, built by John Brown in Clydebank in 1947 and 1948.
The ANGOLA and MOÇAMBIQUE did also some cruises from Lisbon and a few trooping voyages in the sixties. The MOÇAMBIQUE was one of four Portuguese passenger liners that went to Carachi, Pakistan, in 1962 to transport home the Portuguese military traped by India following their occupation of Portuguese India in December 1961. They were withdrawn and scraped in Taiwan in 1974 and 1972.
Belíssimos paquetes, os gémeos ANGOLA e MOÇAMBIQUE, os últimos com estas designações que integraram a frota da Nacional. Foram construídos em Newcastle, em estaleiros diferentes, ao abrigo do programa de renovação da marinha mercante delineado pelo Despacho 100 do ministro Américo Tomás em 1945. Nas mãos de gregos, teriam navegado mais 20 anos a fazer cruzeiros com algumas modificações, mas a Companhia Nacional não se entusiasmou com os resultados dos cruzeiros que estes navios fizeram a partir de Lisboa, um pouco ao longo das suas carreiras, e acabaram os dois demolidos na Formosa, o MOÇAMBIQUE em 1972, o ANGOLA em 1974.
Tive o privilégio de ter conhecido muito bem estes paquetes e uma imensidão de outros navios portugueses.
Text copyright L.M.Correia and images copyright Ian Shifman (Moçambique) and Trevor Jones (Angola). For other posts and images, check our archive at the right column of the main page. Thanks for your visit and comments. Luís Miguel Correia

Friday, August 02, 2019

Sociedade Geral constituída há 100 anos

Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes foi constituída há 100 anos, em Julho de 1919, por iniciativa de Alfredo da Silva, cujo dinamismo permitiu a criação e desenvolvimento da que seria por muito tempo a mais importante empresa de navegação portuguesa, detentora da maior frota. A SG comemorou os 50 anoso em 1969 mas pouco mais durou, dado que foi integrada na Companhia Nacional de Navegação a 1 de Janeiro de 1972, transitando a frota para a CNN.

Aúncios de saídas de navios da Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes relativas a Julho e Agosto de 1955.

Estes anúncios apenas referem as linhas regulares que nesta fase da vida da SG não eram muitas: antes de mais, a carreira de Cabo Verde e Guiné, com saídas regulares quinzenais de Lisboa, com os navios de passageiros e carga ALFREDO DA SILVA e ANA MAFALDA, com largadas do Tejo todos os dias 10 e 25 de cada mês. Estas viagens eram complementadas por outras com navios de carga sempre que as necessidades de transporte o tornavam necessário.

A linha Metrópole - Angola ocupava na época o paquete RITA MARIA e os cargueiros mistos AMBRIZETE e ANDULO, unidades da classe "A" com aparelho de carga mais desenvolvido que os outros quatros "As", destinados ao "tramping" ou se preferirmos o termo português, a fretamentos internacionais.

A terceira carreira, inaugurada em 1954 com o MANUEL ALFREDO, era a carreira Norte da Europa - Matadi - Angola, que então dava ocupação normalmente aos navios da classe "B", com "As" de permeio...

Na época (anos cinquenta) a Sociedade Geral queria adquirir um navio de passageiros de maior tonelagem para a carreira de Angola por forma a substituir o RITA MARIA, mais pequeno e lento que os paquetes NIASSA, UIGE e QUANZA, que faziam  a carreira.
Esta pretensão da Sociedade Geral não teve o acolhimento do Ministro da Marinha, Américo Tomás, e entretanto a CUF foi comprando as acções da Companhia Nacional de Navegação, também a contragosto do Ministro e do Governo.

Foi a capacidade financeira da CUF que permitiu, em 1956 avançar-se com o projecto e depois a encomenda do paquete PRÍNCIPE PERFEITO para a CNN. Apesar dos interesses na Nacional, a CUF não desistiu de vir a ter uma presença mais digna no transporte de passageiros para Angola e em 1959-61 ampliou e modernizou o RITA MARIA que foi alongado e teve os motores Polar substituídos por Sulzer e, mais tarde, em 1966, comprou o paquete ZION, que passou a ser o AMÉLIA DE MELLO.

A Sociedade Geral era nesta época a empresa de navegação portuguesa com maior frota em termos de navios.
Fazendo parte do Grupo CUF, a Sociedade Geral havia sido constituída em 1919 por Alfredo da Silva para servir de "holding" ao Grupo.

Acabou por receber os serviços marítimos da Companhia União Fabril, que detinha uma pequena frota fluvial e costeira, com destaque para o navio a vapor LISBOA, e na década de 1920 a frota desenvolveu-se, primeiro com a aquisição de algumas unidades no estrangeiro e depois com a compra de grandes cargueiros aos Transportes Marítimos do Estado.

Mais tarde a Sociedade Geral começou a construir navios de carga nos estaleiros da CUF, primeiro no Barreiro e depois na Rocha do Conde de Óbidos, e a seguir à segunda guerra mundial encomendou 10 cargueiros em Inglaterra e mais 4 no Canadá.

Todos os navios apresentados nos anúncios de saídas que aqui reproduzimos eram novos na altura.

Em Lisboa a Sociedade Geral tinha cais privativo e armazéns na Doca e Alcântara, e o seu edifício é utilizado hoje pelo IPTM e organismo sucedâneo...

Em 1971 a frota da Sociedade Geral foi vendida à Companhia Nacional de Navegação, que entretanto passara a fazer parte também do grupo de empresas da CUF.

A Sociedade Geral foi ainda sócia fundadora da SOPONATA, em 1947, e mais tarde de diversas outras empresas de navegação associadas, como a Transfrio ou a Suprema Naviera, do Panamá. Enfim, uma grande empresa que conheci bem, fez muita falta e custa a aceitar que tenha sido destruída com a voragem de maluqueiras e crimes económicos cometidos no PREC e governos posteriores que tanto se têm empenhado na desmaritimização... E estamos a pagar a factura.

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Thursday, August 01, 2019

BLACK PRINCE / VENUS of 1966




The cruise ship BLACK PRINCE (first photo) was built in 1966 in Germany for Fred Olsen account. On her first two years she was used on the London - Atlantic Islands service and on the North Sea ferry routes. In 1968 Bergenske sold their veteran passenger ship VENUS for scrap and arranged with Fred Olsen to share ownership of the BLACK PRINCE in the same way of their BLACK WATCH / JUPITER. So BLACK PRINCE operated seasonally for Bergenske as VENUS until in 1986 she returned to full ownership by Fred Olsen.
BLACK PRINCE was converted in Turku, Finland for full time cruising and registered in the Philipines (second photo). Later she reverted to Norwegian (NIS) registry and her livery was modified in a less modern way (photo three). Since 1987 BLACK PRINCE cruised extensively for the British market and was so successful that in her wake Fred Olsen operates now a fleet of four cruise ships. After 22 years cruising under the Fred. Olsen house flag, in October 2009 the ship was withdrawn from service and sold to Venezuela under new name OLA ESMERALDA. Intended cruises on the Venazuela coast and islands did not succed, and the ship served under charter to the United nations at Haiti, and she was broken up in October 2013 in Santo Domingo, Dominican Republic.
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