De entre os numerosos elementos arquitectónicos associados a um navio, aprecio especialmente as chaminés, quer pela sua forma física, quer pelas cores que apresentam e que normalmente traduzem a imagem da companhia armadora ou do operador.
Não resisto a pequenos estudos fotográficos em que o elemento é a chaminé nas suas diversas perspectivas e pormenores, e se da chaminé sair fumo, melhor, embora aqui o fundamentalismo politicamente correcto ganhe a batalha da imagem contemporânea dos navios sem fumo aparente.
Fumo saí sempre, mas não é negro na maior parte das situações e não se nota. E acreditem que o fumo de um navio pode ser perfumado, como acontecia nos navios de turbinas a vapor que queimavam nafta e se rodeavam de um aroma único, que tantas vezes apreciei, por exemplo a passar a ponte do cais da Rocha se o vento empurrava o fumo dos grandes paquetes da Colonial, ou de um qualquer visitante ilustre para o lado de terra.
Uma companhia cujas cores e forma da chaminé - vista como ícone de marca da companhia - são particularmente interessantes é a Carnival Cruise Lines, de que apresentamos diversas imagens da chaminé do CARNIVAL LEGEND, registadas já há alguns anos.
Este tipo de chaminé "nasceu" em 1980 com o primeiro paquete novo construído de raiz para a companhia, o TROPICALE (actual OCEAN DREAM), e resultou de uma combinação feliz, adaptando a cauda de um Boeing 727 à estética funcional de um paquete, em que as asas da chaminé retomaram o sistema inaugurado em 1961 pelo FRANCE de evacuação do fumo para o bordo a favor do vento.
Já as cores da Carnival, vermelho, branco e azul, resultaram de uma adaptação, barata mas feliz, das cores do paquete EMPRESS OF CANADA que em 1972 foi comprado pela Carnival, passando a ser o MARDI GRAS.
Os tons de verde da Canadian Pacific deram lugar ao azul e ao vermelho, numa nova combinação bem sucedida, em contraste com a moda actual de exagero em termos de novos designs de imagem aplicados aos navios, feitos normalmente por elementos que ignoram as especificidades marítimas próprias dos navios, isto numa época em que quase não há armadores tradicionais, com as empresas espremidas por contabilistas ou fundos de capital em que a única coisa que interessa de facto é o lucro no final do exercício e o premiozinho aos CEÓóóóssss.
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