Friday, February 03, 2017

Cruzeiros em Lisboa versus Madeira

A imprensa marítimo-turística baseada em Lisboa  tem referido vitoriosamente uma notícia sobre os movimentos relativos de navios de cruzeiros em Lisboa e no Funchal mais ou menos nestes termos:
«No ano passado (2016), Lisboa recebeu 522.497 passageiros de cruzeiro e 311 escalas, contra 520.176 passageiros e 294 escalas no Funchal. Relativamente a passageiros em turnaround (os que começam ou concluem cruzeiros), em 2016, Lisboa registou 47.623 passageiros, contra 2.743 do porto do Funchal.» Concluí-se claro que no que toca a cruzeiros, Lisboa é o maior. Não é bem assim, não convém analisar actividades de navios de cruzeiros com mentalidade futebolística, que são assuntos diferentes, e já agora, sérios.
Esta notícia denota uma visão superficial do mercado de cruzeiros e da possível relação entre os diversos portos portugueses. Olhar para os totais dos movimentos de passageiros e escalas de navios entre Lisboa e Funchal como uma espécie de campeonato de futebol é ridículo e mau. Muitos dos passageiros e navios até são os mesmos, que no decurso do mesmo cruzeiro visitam ambos os portos. O Porto de Lisboa já não é o porto imperial da capital de um território que se espalhava do Minho a Timor. Nessa época o atrevimento de o Funchal por vezes ter mais passageiros e navios de passageiros que Lisboa era mal digerido, visto quase como afronta, numa época em que os estatutos dos portos eram diferentes, Lisboa e Leixões eram "Portos de Primeira", que deglutiam a maior parte do investimento estatal para a área portuária, o Funchal, tal como Setúbal e os restantes portos do Continente e Ilhas eram "Portos de Segunda", e foram muito prejudicados por essa discriminação. Festejar se Lisboa tem mais 50 passageiros e 5 escalas que o Funchal num determinado ano não serve para nada nem acrescenta nada de positivo aos nossos interesses comuns. O que se devia desenvolver era os pontos comuns entre os diversos portos portugueses que recebem navios com turistas, fazer a promoção internacional em comum, desenvolver pacotes de itinerários com escalas pelos diversos portos nacionais que atraíssem operadores no sentido de aumentar os cruzeiros com início nos nossos portos, etc...
O cronista não se lembrou, porque se calhar não sabe, de incluir nos números relativos a Lisboa, os cruzeiros locais, em que se destaca o S. PAULUS, mas aqui fica a sugestão, temos de continuar a ser os maiores...
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