A unidade naval mais importante da Marinha de Guerra Portuguesa em 1910 era o cruzador D: CARLOS I. Foi construído em Newcastle-on-Tyne, Inglaterra, pela famosa casa Armstrongs, e lançado à água a 5 de Maio de 1898, tendo chegado a Lisboa a 20 de Julho de 1899. Com 4.253 toneladas de deslocamento máximo e 110 metros de comprimento fora-a-fora, estava armado com 4 peças Armstrongs de 150 mm, 8 de 120 mm, para além de 14 peças Hotchkiss de 47 mm e 2 de 37 mm, 3 metralhadoras Nprdenfeldt de 6,5 mm e 5 tubos lança-torpedos. A lotação era de 442 elementos (20 oficiais, 46 sargentos e 376 praças) e as suas máquinas a vapor permitiam a velocidade máxima de 22 nós.
Para situar em termos relativos o valor militar deste cruzador, podemos acrescentar que a nossa Marinha só voltou a dispor de navios de categoria equivalente com as fragatas actuais da classe VASCO DA GAMA...
A mudança de regime derivada da revolta de 5 de Outubro de 1910 que estabeleceu a República em Lisboa trouxe por arrastamento muitas alterações ao quotidiano dos portugueses, parte das quais meramente cosméticas, como aconteceu com as mudanças de nomes.
O cruzador D. CARLOS I mudou o nome a 1 de Dezembro de 1910 para ALMIRANTE REIS, numa cerimónia integrada no "Dia da Bandeira", sendo a sua designação despromovida de Rei Marinheiro ao do principal dirigente militar da revolta republicana. Revolta essa que o navio não integrou pois manteve içada a bandeira nacional até ser assaltado por um grupo de revolucionários. Com o nome ALMIRANTE REIS o ex-D. CARLOS I manteve-se em serviço activo até Fevereiro e 1918 quando passou ao estado de desarmamento, sendo vendido à Holanda em 1925.
Na edição nº 252 de 12 de Dezembro de 1910, a revista Ilustração Portuguesa registou a mudança de nome do navio a 1 de Dezembro de 1910, cujas páginas reproduzimos.
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Luís Miguel Correia