Desde que me conheço que acompanho os assuntos ligados à Marinha Mercante Portuguesa, em resultado do que, de 1981 para cá, já publiquei centenas de artigos e duas dezenas de livros sobre os navios portugueses e a nossa marinha mercante.
Este exercício que cedo se tornou uma paixão construtiva, é cada vez mais difícil de prosseguir, por manifesto desaparecimento do tema em si. Quarenta anos de Desmaritimização foram suficientes para reduzir os transportes marítimos portugueses a quase nada, só me resta fazer um protesto de mar, aqui, que não mo aceitam na Capitania...
As razões desta situação ignóbil são muitas e não as vou repetir agora, apenas protestar, abrindo o canhão de água à potência máxima a ver se lavo a alma e se quem de direito acorda, e percebe que Portugal precisa de navios e de transportes marítimos próprios, por razões estratégicas, de segurança, sobrevivência em situação de crise aguda e por necessidade de criação de riqueza, que tanta falta nos faz.
A incompreensão pelas temáticas marítimas é tal que hoje a opinião pública não quer nada com navios, chora-se pelo "horror" da presença de grandes (e pequenos) navios de passageiros atracados frente a Alfama por umas horas, há até quem reclame pelo "ruído" dos apitos, essa música marítima tão bela.
Depois estamos rodeados por uma coreografia marítima e portuária de água doce, como a fotografia acima traduz, na caricatura de ponte móvel que substituiu a anterior, de 1927, ou a reconstrução sem rigor feita ao histórico "barco" ÉVORA, que faz lembrar vagamente a sua forma original, belíssima de barco do Barreiro quase iate. Nada contra o actual ÉVORA, melhor assim que ter sido desfeito como quase todos os outros, mas a nossa realidade marítima é virtual e pobre.
Neste mundo de virtualidades marítimas nacionais têm reinado toda a espécie de aprendizes de feiticeiro, que diligentemente vão deixando marcas de destruição e vazio. Um dos poucos monumentos vivos do perfeito estado de desgraça criado pela Desmaritimização e feiticeiros respectivos é o Paquete FUNCHAL, amarrado à Matinha há dois anos, que apesar de ser uma obra prima única da arquitectura naval mundial dos anos sessenta do século XX, está a morrer aos poucos a cada dia, chorando ferrugem em silêncio.
Protesto de Mar, texto e fotografias de Luís Miguel Correia, cada vez mais impaciente face ao zero marítimo do momento. E não me venham falar de registos insulares nem de trapalhadas convencionais, que não sabem o que dizem nem o que fazem.
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