O antigo ferry de cruzeiros espanhol MONTE GRANADA, construído em 1974 em Valência para a Aznar Line de Bilbao, e vendido em 1977 à companhia líbia General Maritime Transport Company, quando passou a chamar-se GARNATA, está a ser desmantelado em Aliaga, na Turquia, onde chegou recentemente com o nome GAR.
O navio era gémeo do TOLETELA ex- MONTE TOLEDO, que veio a Lisboa diversas vezes docar ao estaleiro da Rocha no tempo da Lisnave.
Com estes dois navios a Aznar Line operou ligações ferry entre Inglaterra e o Norte de Espanha no período de verão, e cruzeiros Inglaterra - Canárias, em concorrência com a Fred Olsen Line e os seus famosos Blacks...
Fotografia de Selim Sam, de Izmir, Turquia
13 comments:
Infelizmente o MONTE GRANADA acabou os seus dias.
Não foi para tão longe, ficou-se pela Turquia, o MONTE TOLEDO foi para desmantelar na India.
Já agora, o que levou a Aznar a livrar-se tão cedo destes dois?
Mares revoltos para a companhia?
Pelo que estive por aqui a ver em noticias antigas do El Pais online, em 1982 os navios estavam parados e a companhia cheia de dívidas.
Um dos mais belos exemplares de ferries dos anos 70... antes do gigantismo que actualmente se apoderou do desenho do ferries.
Paulo Mestre
Paulo,
A Aznar Line foi durante muitos anos a maior empresa de navegação privada espanhola, com sede em Bilbao. Era uma empresa muito ligada ao regime de Franco e não resistiu às mudanças vividas em Espanha a partir de 1975. Começou a vender a frota e quando os libios propuseram comprar estes dois navios com tripulações e tudo, não pensaram duas vezes... Depois acabou mesmo tudo por falir...
O navio é de facto muito bonito. Pena vê-lo a aguardar o corte...
em tempos vi num "Thalassa", que penso que também repetiu cá no Bombordo, sobre um sítio onde desmantelavam navios, acho que era na Índia... até doía verem-nos a encalhá-los na praia para depois serem desmanchados!!! e alguns até nem tinham mau aspecto...
mas também é verdade que há muitos navios que não deviam andar por aí, veja-se o Prestige de que Portugal se salvou por milagre...
Malheiro do Vale,
É sempre uma pena ver um navio acabar, da mesma forma que custa a última despedida a um Amigo. A mim, ao longo dos anos custou especialmente ver alguns Amigos em forma de navios seguirem para uma morte estúpida anunciada, como aconteceu com o SANTA MARIA, vendido para a sucata com apenas 19 anos de serviço, em excelentes condições de manutenção, etc...
Este GAR ex MONTE GRANADA pelo menos durou 34 anos, o que se pode considerar razoável para um navio. Nas mãos dos Líbios este navio e o seu gémeo foram sempre subutilizados e tiveram longos períodos de imobilização, em parte devido aos muitos anos de bloqueio económico da Líbia. Se ninguém lhe pegou é porque estava em muito mau estado, apesar de a aparência ser agradável...
LMC
Garina do Mar,
Não é preciso ir ao THALASSA ou à India para ficar com a alma a doer por ver navios demolidos "com bom aspecto". Em Portugal ainda se desmancham navios em Alhos Vedros e já lá vi fragatas da Marinha Portuguesa serem desmanchadas "quase novas" (classe Pereira da Silva). E parte das frotas da CTM e CNN foram também desmanchadas em Alhos Vedros e Setúbal, na altura uma profunda dor de alma...
Claro que há navios a navegar em más condições mas cada vez há mais mecanismos de controlo dessas situações, nomeadamente em águas europeias.
Infelizmente os navios têm uma má imagem junto das opiniões públicas, apesar de serem veículos de extrema utilidade e muito mais ecológicos que quaisquer outros meios de transporte.
A grande maioria dos acidentes continuam a dever-se a erro humano.
Já o caso do PRESTIGE tem muito mais que se lhe diga. Na minha opinião o acidente teve as proporções que acabou por ter basicamente por extrema incompetência da parte dos responsáveis do governo de Castela que não souberam lidar com a situação desde o início, preferindo meter o lixo debaixo do tapete a encarar a situação da forma mais prática e correcta. O problema do derrame inicial era de pequenas proporções e teria sido resolvido facilmente e em relativa segurança se tivesse sido permitido ao capitão do navio arribar a um porto espanhol para fazer a trasfega da carga. Todas as decisões impostas ao navio foram sempre as menos adequadas, numa manifestação de má fé, típica dos Castelhanos, relativamente aos nossos amigos Galegos, que se lixaram à grande, e aos Portugueses, que tiveram a ajuda da Virgem. Só o governo de Cabo Verde é que aceitou receber o navio para fazer a trasfega da carga nas suas águas, o que obrigou a uma rota maluca a reboque fora das ZEEs dos países junto à rota... Tinha sido tudo mais simples se a questão tivesse sido prontamente encarada e resolvida...
Atitudes profundamente incompetentes são típicas da maior parte dos governos de hoje. E o cinismo foi de tal ordem que os tais castelhanos arranjaram um bode expiatório perfeito ao prenderem o Comandante do navio, de nacionalidade grega. Uma vergonha.
Os navios são essenciais à nossa civilização e forma de vida actual, e uma peça básica da actual economia multinacional e global. Proporcionam transporte barato, eficiente e seguro. Os acidentes são uma percentagem mínima da poluição gerada nos continentes e despejada nos oceanos por incúrias várias. Mas mal um navio deixa cair uma garrafa de coca-cola ao mar, óh da guarda que lá vem o fim do mundo. Só os resíduos de óleos despejados em oficinas automóveis para os esgotos por esse mundo fazem mais estragos à naturesa que os acidentes marítimos todos juntos...
LMC
o filme só fazia impressão porque se via os navios a "navegarem para o fim"... quanto ao resto 100% de acordo!
Garina,
Os navios são construídos com um período de duração limitado à partida, que acaba muitas vezes por ser excedido devido a condições económicas favoráveis que justificam investimentos no prolongamento da vida util respectiva...
Curiosamente os mais famosos são os que por uma qualquer infelicidade acabam mal, como o TITANIC, que toda agente conhece, quando o seu gémeo OLYMPIC, que navegou uma vida inteira e foi desmantelado ao fimde muitos anos de navegações sem problemas caiu no esquecimento...
Os Espanhois não aprenderam a lição do URQUIOLA... meteram-se noutro sarilho à conta de quererem tapar o Sol com a peneira.
Há quem ache piada a um naufrágio... que o digam aqueles pilha galinhas ...erm... destroços Ingleses que levaram umas BMW para casa.
Enfim, a natureza humana no seu pior.
Há ainda quem olhe por outro prisma para o transporte marítimo na actualidade: cada vez que o EMMA MAERSK ou outro porta-contentores gigante chega à Europa carregado, são mais alguns empregos de Europeus que vão à vida... graças à inundação de mercadoria barata Chinesa que isso significa.
...por aquilo que vejo, e me vou apercebendo da realidade económica Mundial, vejo-me forçado a concordar com quem diz isso :(
Paulo Mestre
Tem postais do Olympic e mais dados?
Sailor Girl,
O LMC tem uma colecção enorme de postais de navios incluindo alguns lindos do OLYMPIC, já para não falar de um do TITANIC posto no correio em 1912 antes de o navio sair de Inglaterra para a sua única viagem...
Paulo,
O proteccionismo tem sempre gerado ineficiências e atrasos ao desenvolvimento. Sou pela liberdade de comércio internacional.
Agora não concordo com a actual sociedade de culto da inutilidade e do desperdício, de que a China parece ser um expoente, ao produzir tanta quinquilharia com que inunda o planeta...
Compreendo, torna-se evidente que, infelizmente, o proteccionismo do Estado Novo face à nossa Marinha Mercante fez com que os incentivos se concentrassem nas carreiras para África.
Torna-se aparente que os nossos Armadores se deixaram relaxar, não fizeram a ginástica mental para adaptarem às realidades e procurarem expandir para novos mercados, lutar taco-a-taco com as companhias que faziam serviço verdadeiramente internacional, e não apenas relacionadas com o tráfego para as Colónias.
Porque não se fez um esforço de expansão global?
Se os incentivos e subsídios eram altos, porque a CNN e CCN não procuraram expandir o negócio para novos mercados?
Apoios à construção de mais e melhores navios, para lutarem por uma cota de mercado internacional.
Isto nos anos 50 e 60, quando a nossa economia estava em expansão, antes de começar o atoleiro de vidas e dinheiro que foi a Guerra Colonial?
A verdade é essa: vivemos numa sociedade de consumo exarcebado, que não considera que vivemos num Mundo de recursos limitados.
Esperemos que não seja tarde quando se lembrem a fazer algo para inverter esta tendência.
Paulo Mestre
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