Há oito anos, em Agosto de 2007 recordei a publicação do DESPACHO 100 nos termos que entretanto recordo: "Há exactamente 62 anos, o então Ministro da Marinha do Governo de Salazar, Comandante Américo de Deus Rodrigues Thomaz assinou o seu Despacho nº 100, em 10 de Agosto de 1945. Este documento serviu de base à reconstrução da frota de comércio nacional, que então atravessou um período de desenvolvimento inédito entre nós."
Foi o "Regresso ao Mar", muito divulgado pelo regime do Estado Novo, que infelizmente não tem tradução nos dias de hoje, cuja realidade se define na expressão bem humorada DESPACHO ZERO proferida pelo Dr. Alberto João Jardim na inauguração, em Dezembro de 2006, do porta-contentores MADEIRENSE 3.
O então capitão-tenente Armando de Roboredo escreveu logo em 1947, a propósito do DESPACHO 100 que "nunca será de mais encarecer o actual Títular da Pasta da Marinha, (Américo Thomaz), pois esse despacho e os subsequentes foram a aurora resplandecente dos belos dias que se antevêem para a Marinha Mercante Nacional". Foram de facto belos dias. Belos eram os navios, mas foi-se tudo num fado triste da desmaritimização nacional que tem vingado nos últimos anos em Portugal.
Nota: já fui insultado publicamente ao elogiar a obra do Ministro da Marinha Américo Thomaz, no decurso de palestras sobre a Marinha Mercante em Portugal e a sua história. Não sou cultor do Passado nem do Estado Novo, mas acredito na Justiça e o Ministro prestou grandes serviços ao País. Pena não ter tido continuadores à altura.
Text and images copyright L.M.Correia. For other posts and images, check our archive at the right column of the main page. Thanks for your visit and comments. Luís Miguel Correia
O então capitão-tenente Armando de Roboredo escreveu logo em 1947, a propósito do DESPACHO 100 que "nunca será de mais encarecer o actual Títular da Pasta da Marinha, (Américo Thomaz), pois esse despacho e os subsequentes foram a aurora resplandecente dos belos dias que se antevêem para a Marinha Mercante Nacional". Foram de facto belos dias. Belos eram os navios, mas foi-se tudo num fado triste da desmaritimização nacional que tem vingado nos últimos anos em Portugal.
Nota: já fui insultado publicamente ao elogiar a obra do Ministro da Marinha Américo Thomaz, no decurso de palestras sobre a Marinha Mercante em Portugal e a sua história. Não sou cultor do Passado nem do Estado Novo, mas acredito na Justiça e o Ministro prestou grandes serviços ao País. Pena não ter tido continuadores à altura.
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7 comments:
Resta-nos agradecer-lhe por manter viva a Memória!...
Quem merecia um agradecimento era o antigo MINISTRO. Infelizmente em dada altura foi expulso da Marinha Portuguesa, nunca sendo reintegrado, segundo creio. Por paradoxo morreu com 95 anos Almirante da Marinha Espanhola, cargo com que havia sido honrado pelo Governo de Franco...
Caro LMC,
É evidente que o Despacho 100 é um marco na história recente da MM.
Pena é ter ocorrido numa época onde outras medidas, nomeadamente contra a liberdade e contra os direitos humanos, foram também tomadas pelos mesmos governantes.
Como as pessoas devem ser recordadas como um todo e não parcialmente é infelizmente justo que o Presidente da Republica de uma Ditadura não possa ser recordado por acertadas medidas por si tomadas quando vistas de forma isolada.
LMC:
Obrigado pelo alerta.
Vá ao Nós e o Mar
Abraço
É importante lembrar o contexto em que o D-100 se insere. Ainda antes do fim da 2ª Guerra Mundial, criou-se a convicção de que a 3ª (entre os aliados ocidentais e a URSS + satélites, evidentemente) seria para breve. O Governo Português da altura foi dos que mais tinha essa certeza e, retirando lições da 2ª GM, preparou o país para a enfrentar. Era urgente substituir o que havia (e muitos dos navios mercantes portugueses na altura ainda era os "subtraídos" aos alemães na 1ª Guerra) e dispôr de uma marinha mercante forte (coisa que não tínhamos desde o início da Séc XIX) que pudesse assegurar as ligações ao império (a nossa rectaguarda estratégica) e contribuir para o seu desenvolvimento. Fora do D-100, mas na mesma estratégia, foi criada a Soponata por iniciativa do Governo, num consórcio entre os principais armadores mais a Shell Portuguesa, de forma a assegurar a independência nacional no abastecimento de petróleo. Note-se que durante a 2ª guerra mundial Portugal pôde contar com apenas um navio-tanque: o NRP São Brás, da Marinha, que praticamente sozinho abasteceu o país.
O que falhou nesta política foi que a renovação da Marinha de Guerra não acompanhou o desenvolvimento da Mercante e foi sendo consecutivamente adiada até à situação crítica que se viveu nos anos 60, em que foi preciso fazer "das tripas coração" com os navios velhíssimos que havia.
Também falhou o desenvolvimento da indústria de construção naval (civil e militar), nomeadamente na capacidade tecnológica. É certo que houve um enorme desenvolvimento com o surgimento do Arsenal do Alfeite (1939), dos ENVC e dos ENM (ambos em 1944). Mas só uma parte menor dos navios do Despacho 100 é que foi construída em Portugal.
Mas sem dúvida que Américo Tomaz foi um grande Ministro, e a quem foi dada a oportunidade de fazer o sabia. Coisas de um tempo em que o Governo, por muitos defeitos que tivesse, estava indubitavelmente ao serviço do país.
Aliás, a maneira como os governos portugueses abordam os nossos interesses marítimos é um bom indicador da sua lealdade ao país, tão óbvio que é o interesse nacional em não descurar esta área.
BLA BLA BLA BLA BLA BLA BLA...
MAS NÃO SE ESQUEÇAM QUE A REGATA DO ATLÂNTICO AZUL É JÁ NESTA QUARTA-FEIRA!!!!
Já agora não esquecer que uma das primeiras medidas que tomou como ministro foi atribuir subsídio de campanha ao pessoal que andava no mar. Há semelhança do que auferiam as forças expedicionárias terrestres logo que foram entregues aos ingleses as bases dos Açores.
Ricardo Matias
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