Wednesday, June 25, 2008

Patrulha CACINE em Leixões

Navio patrulha NRP CACINE atracado no porto de Leixões em 2003. Primeiro de uma classe de 10 unidades, o velho CACINE é um dsos quatro sobreviventes ainda no activo.
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2 comments:

joão coelho said...

Estes patrulhas, construídos para missões em África, durante a guerra colonial, acabaram por ir parar aos Açores, para as tradicionais comissões de apoio à navegação. Passaram por S.Miguel, na 2ª Guerra, os contra-torpedeiros "Douro", "Dão", "Lima", "Tejo" e "Vouga"; depois do conflito, vieram os patrulhas de construção norte-americana, mais tarde os de origem francesa (alguns construídos em Portugal) e, finalmente, estes da classe "Cacine" - até à chegada das corvetas que ainda mantém a presença da Marinha de Guerra nos Açores.
Estes "Cacines", de menor tonelagem, sofriam ainda mais do que os patrulhas de modelos anteriores, nomeadamente quanto o tempo de serviço apanhava o período de Inverno...passando por situações que, julgo, mereceriam um trabalho de recolha e divulgação, à altura dos tormentos que enfrentaram..
Nas memórias que guardo de episódios no mar, em S.Miguel, recordo uma saída de um patrulha (dos americanos), no dia após o naufrágio do navio-escola alemão federal "Pamir", em Setembro de 57, quando ainda não se sabia que 80 tripulantes e cadetes tinham desaparecido naquele terrível acidente,(salvaram-se apenas 6) provocado por um ciclone, com forte ajuda de uma carga de cereais, embarcada a granel, ao contrário do que era habitual ( usava-se ensaca-los, para a viagem da Argentina para a RFA), e que "correu", devido à ondulação, desequilibrando o veleiro.
Ouvindo a sirene do patrulha, que chamava a guarnição de folga, corri para junto da costa,no Estradinho, próximo de Sta.Clara, para ver o que ia passar-se..e, de facto, assisti à impressionante luta do navio com o mar,transformado quase que num submarino, as ondas entrando pela proa e cobrindo, totalmente, o patrulha..que desaparecia depois na cava da vaga, até ao topo do mastro..para, uma "eternidade" depois, lá subir,de novo, mas lentamente, ..enfim, uma cena que levava a pensar que aquilo ia acabar da pior maneira..Pouco depois, e ainda antes do farol de Sta. Clara, percebeu-se que estavam a tentar voltar a P.Delgada e, a muito custo, conseguiram virar de bordo e regressar ao porto, felizmente.
No Inverno,as coisas eram tão complicadas que cheguei a ver, noutra ocasião, um oficial da guarnição, amigo de um grupo de micaelenses, a dizer-nos, na Avenida Marginal, e ouvindo a chamada para bordo, que não embarcava..Para sorte dele, a saída, nocturna, para uma evacuação médica na ilha das Flores - mais de 150 milhas, desde S.Miguel - foi cancelada, devido às terríveis condições do mar..
Sofreram muito esses homens, que eram "pau para toda a obra", num tempo em que 6 das nove ilhas dos Açores não tinham Aeroporto e em que a Armada, na circunstância, era o recurso possível.
Bem mereciam que alguém se lembrasse de os homenagear pelos serviços prestados em tão dificeis condições.

Saudações marinheiras

João Coelho

LUIS MIGUEL CORREIA said...

João Coelho,

Este seu texto é uma homenagem justa e muito interessante... Vou dar mais destaque ao seu texto, transformando-o num post.

Obrigado