Navio patrulha NRP CACINE atracado no porto de Leixões em 2003. Primeiro de uma classe de 10 unidades, o velho CACINE é um dsos quatro sobreviventes ainda no activo.
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2 comments:
Estes patrulhas, construídos para missões em África, durante a guerra colonial, acabaram por ir parar aos Açores, para as tradicionais comissões de apoio à navegação. Passaram por S.Miguel, na 2ª Guerra, os contra-torpedeiros "Douro", "Dão", "Lima", "Tejo" e "Vouga"; depois do conflito, vieram os patrulhas de construção norte-americana, mais tarde os de origem francesa (alguns construídos em Portugal) e, finalmente, estes da classe "Cacine" - até à chegada das corvetas que ainda mantém a presença da Marinha de Guerra nos Açores.
Estes "Cacines", de menor tonelagem, sofriam ainda mais do que os patrulhas de modelos anteriores, nomeadamente quanto o tempo de serviço apanhava o período de Inverno...passando por situações que, julgo, mereceriam um trabalho de recolha e divulgação, à altura dos tormentos que enfrentaram..
Nas memórias que guardo de episódios no mar, em S.Miguel, recordo uma saída de um patrulha (dos americanos), no dia após o naufrágio do navio-escola alemão federal "Pamir", em Setembro de 57, quando ainda não se sabia que 80 tripulantes e cadetes tinham desaparecido naquele terrível acidente,(salvaram-se apenas 6) provocado por um ciclone, com forte ajuda de uma carga de cereais, embarcada a granel, ao contrário do que era habitual ( usava-se ensaca-los, para a viagem da Argentina para a RFA), e que "correu", devido à ondulação, desequilibrando o veleiro.
Ouvindo a sirene do patrulha, que chamava a guarnição de folga, corri para junto da costa,no Estradinho, próximo de Sta.Clara, para ver o que ia passar-se..e, de facto, assisti à impressionante luta do navio com o mar,transformado quase que num submarino, as ondas entrando pela proa e cobrindo, totalmente, o patrulha..que desaparecia depois na cava da vaga, até ao topo do mastro..para, uma "eternidade" depois, lá subir,de novo, mas lentamente, ..enfim, uma cena que levava a pensar que aquilo ia acabar da pior maneira..Pouco depois, e ainda antes do farol de Sta. Clara, percebeu-se que estavam a tentar voltar a P.Delgada e, a muito custo, conseguiram virar de bordo e regressar ao porto, felizmente.
No Inverno,as coisas eram tão complicadas que cheguei a ver, noutra ocasião, um oficial da guarnição, amigo de um grupo de micaelenses, a dizer-nos, na Avenida Marginal, e ouvindo a chamada para bordo, que não embarcava..Para sorte dele, a saída, nocturna, para uma evacuação médica na ilha das Flores - mais de 150 milhas, desde S.Miguel - foi cancelada, devido às terríveis condições do mar..
Sofreram muito esses homens, que eram "pau para toda a obra", num tempo em que 6 das nove ilhas dos Açores não tinham Aeroporto e em que a Armada, na circunstância, era o recurso possível.
Bem mereciam que alguém se lembrasse de os homenagear pelos serviços prestados em tão dificeis condições.
Saudações marinheiras
João Coelho
João Coelho,
Este seu texto é uma homenagem justa e muito interessante... Vou dar mais destaque ao seu texto, transformando-o num post.
Obrigado
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