Wednesday, March 31, 2010

50 ANOS da Sacor Marítima

No dia 30 de Março de 1960 foi constituída em Lisboa a SACOR MARÍTIMA, empresa de navegação associada da companhia portuguesa de petróleos SACOR.
A constituição deste novo armador veio consolidar uma actividade de transporte costeiro de combustíveis líquidos que na prática já se vinha efectuando com o navio-tanque CLÁUDIA afretado em casco nú à SOPONATA.
Este primeiro navio foi então comprado e procedeu-se à construção de dois navios novos, o SACOR e o ROCAS, saídos de estaleiros portugueses em Lisboa e Viana do Castelo, aos quais se seguiu um par de butaneiros, os navios CIDLA e BANDIM.
Ao longo dos anos a frota foi sendo reforçada com navios em segunda mão e construções novas, ganhando importância no contexto da Marinha Mercante nacional, chegando a ter um super-petroleiro de longo curso, utilizado na importação de ramas para Sines na década de 1990.
A SACOR MARÍTIMA viveu estes primeiros 50 anos da sua existência sempre associada às necessidades de transportes de combustíveis por parte do grupo SACOR - PETROGAL - GALP, o que provou ser um presente envenenado, pois as muitas vicissitudes por que tem passado a maior empresa energética portuguesa reflectiram-se sempre no quotidiano da SACOR MARÍTIMA ao ponto de hoje se verificar o paradoxo de esta empresa ter mercados assegurados, ligações a um grupo empresarial forte, apresentar bons resultados comerciais e financeiros e ao mesmo tempo ser uma vítima da Desmaritimização Nacional, principalmente devido a opções estratégicas muito discutíveis por parte da GALP e igualmente à política governamental de "laisser faire, laisser passer" para o Mar.
Na data em que se registam os 50 anos da SACOR MARÍTIMA, a empresa está viva e de boa saude, só que não tem navios próprios: opera com cerca de 10 navios estrangeiros afretados, uns em casco nu outros com fretamento a mais curto prazo.
Podiamos dizer muito mais acerca desta empresa, do seu passado, dos seus navios, dos homens que tudo fizeram para que ela crescesse e se tornasse um instrumento económico e estratégico eficiente ao serviço da economia portuguesa, e estou aqui a lembra-me do Cte. Arlindo Barbosa Henriques, do Cte. Vilela, e de outras personalidades ligadas à SM a cuja memória dedico esta homenagem. A política actual da empresa-mãe parece ser de grande discrição face ao mar, existindo mesmo preocupação em associar a imagem GALP a navios, com receio de eventuais acidentes ecológicos, num exemplo acabado de ausência de espírito marítimo, sem o qual não haverá nunca políticas de regresso ao mar com possibilidades de sucesso em Portugal, o que é trágico e absurdo.
Para recordar outros artigos e imagens do BNM relativos à SACOR MARÍTIMA e aos GALPs, ver aqui...
Fotografias do navio-tanque GALP SETÚBAL, o segundo maior a integrar a frota da SM, obtidas quando da sua compra em 1990. Nas imagens vê-se o navio a atracar em Lisboa pela primeira vez a 16 de Maio desse ano, com o rebocador AVEIRO ao costado.
Texto e imagens /Text and images copyright L.M.Correia. For other posts and images, check our archive at the right column of the main page. Click on the photos to see them enlarged. Thanks for your visit and comments. Luís Miguel Correia

7 comments:

Raquel Sabino Pereira said...

Parabéns também ao Luís Miguel Correia, por guardar, registar e divulgar a História da Marinha Portuguesa que, em muitos casos, se perderia...

CAP CRÉUS said...

Lembro-me de ver imensos a passar no Tejo. O casco verde saltava logo à vista!
Mais uma razia, não é? Ou não foi, melhor dizendo.
Era bem bonitos!

Luis Daniel Vale said...

E tão fácil teria sido renovar a frota própria com um bom programa de construção de novas unidades, por exemplo nos ENVC de onde sairam talvez os dois mais bem sucedidos navios da Sacor Marítima (Galp Sines e Galp Leixões), apoiando em simultâneo a Marinha Mercante e a Construção Naval. É assim que se faz nos países desenvolvidos. Por cá é blá blá blá Clusters blá blá blá Comissões blá blá blá País de Marinheiros...

Jose Angelo Gomes said...

Claro que parabens! Sabemos que o que vamos deixar aos nossos vindouros, são recordações. E boasd. Que as más , são recentes.
Falta gente e talento

ncm said...

Tinha 15 anos e encontrava-me no cais à espera do meu pai que fez a viagem inaugural. Lembro-me de o ver a fotografar... Anos depois embarquei neste navio como 3ºPiloto e 2ºPiloto sempre em viagens muito interessantes. Como Piloto da Barra também tive a oportunidade de o pilotar. Não sinto saudades, mas sinto alguma pena pela forma como este e outros navios desapareceram do nosso quotidiano.

António Bonança said...

O meu primeiro navio. A minha grande escola.

Paulo Varela said...

Naveguei muito neste navio. Bons tempos e boas viagens. Guardo algumas recordações com saudades e pena por tê-lo visto desaparecer.