Cresci num ambiente de Navios e Mar em que o DIA DA MARINHA era comemorado com orgulho por todas as Marinhas em Portugal: Marinha de Guerra, Marinha de Comércio, que com a Marinha de Pesca formam a Marinha Mercante, e Marinha de Recreio.
Na época - últimos anos da governação de Oliveira Salazar e depois o consulado Marcelista, ninguém punha em causa os nossos interesses marítimos e a única perspectiva era a de se fazer mais e melhor. Toda a política marítima era coordenada a partir do Ministério da Marinha, que além da Defesa tinha a seu cargo as políticas de Fomento Marítimo. A coisa funcionava numa perspectiva de autoridade construtiva, não havia o hábito de discutir grande coisa, quando muito venerava-se o Sr. Ministro da Marinha, o Sr. Almirante Director-Geral de Marinha, os Srs. Capitães dos Portos, por aí fora.
A Escola Náutica funcionava no antigo Arsenal de Marinha, os professores principais e o Director eram oficiais de Marinha, davam as aulas na Náutica em complemento do seu trabalho na Escola Naval e não ganhavam mais por isso, limitavam-se a servir a Marinha e o País, a Bem da Nação, como nesses tempos de desvarios autoritários se dizia.
Entretanto a Marinha promovia novas instalações em Paço de Arcos para a Escola Náutica, inauguradas em 1973 por Américo Thomaz e financiada parcialmente pelos armadores da Marinha Mercante.
Nessa época ia muito a bordo dos navios, viajava sempre que possível e tinha muitos contactos com a nova geração de oficiais da MM, muitos dos quais foram parar à Náutica como alternativa a cumprirem o Serviço Militar Obrigatório num dos ramos tradicionais das Forças Armadas e a irem parar a África e à guerra do Ultramar. Muitos não gostavam dos navios nem da MM e logo que possível mudaram-se para a terra. Outros acabaram por fazer carreira no Mar. A maior parte não gostava da Marinha de Guerra, e mal se deu o 25 de Abril, toca de retirar o Fomento Marítimo da Armada e assim se criaram Secretarias de Estado da Marinha Mercante, Ministérios do Mar, etc... O resultado foi um processo doloroso de desmaritimização que de nacionalizações em liquidações sempre em compasso de ignorância e incompetência nos levou ao actual zero marítimo e atirou as Pescas para uma prateleira esquecida no Ministério da Agricultura, tendo-se chegado ao extremo de demolir uma escola moderna de Marinha de Comércio e Pescas alí no Bom Sucesso.
Apesar de tudo ainda restam alguns armadores no Comércio e na Pesca, ainda vão havendo oficiais de Marinha Mercante, cada vez mais alérgicos a fardas e a tradições, mas ainda se podia comemorar o Dia da Marinha conjuntamente. Tanto mais que desde há alguns anos o nosso Dia da Marinha é comemorado em toda a União Europeia como DIA EUROPEU DO MAR.
Em 2011 já é tarde, mas que tal para 2012 pormos todos os marinheiros a comemorar o Dia da Marinha e do Mar Europeu? Que tal embandeirarmos os nossos poucos navios de comércio, os rebocadores, os cacilheiros, as lanchas, os iates??????????
Afinal o Mar é só um e quanto mais abrangente for o Mar Português, melhor para todos.
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