O jornal PÚBLICO de hoje, no seu suplemento Cargas e Transportes refere que o Fórum Empresarial da Economia do Mar, liderado por Bruno Bobone, lançou um fundo de investimento que, numa primeira fase, terá um valor de 100 milhões de Euros. Este montante e mais fundos a obter servirão para financiar os projectos empresariais adequados a desenvolver a economia do mar sustentados pelo estudo então coordenado por Ernâni Lopes.
Agora, o Fórum Empresarial do Mar vai iniciar os passos burocráticos necessários para a constituição deste fundo de investimento junto da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Segundo Bruno Bobone, entre as dezenas de projectos empresariais de investimento defendidos no estudo de Ernâni Lopes sobre o designado ‘hypercluster’ do mar em Portugal, o fundo de investimento dará prioridade a três: um no sector da produção de peixe, outro na área do turismo náutico associado a diversas entidades autárquicas, e um terceiro relacionado com o armamento. Ainda de acordo com Bruno Bobone, o valor inicial de 100 milhões de Euros poderá ser aumentado, tudo dependendo da adesão inicial ao mesmo.
A constituição do fundo é um sinal claro de resposta do Fórum Empresarial do Mar aos novos desafios que se levantam à economia portuguesa e não pode deixar de ser assinalado que a criação da secretaria de Estado para os Assuntos do Mar é uma resposta positiva aos desafios lançados há cerca de um ano por este Fórum. Para esta secretaria de Estado na dependência da Ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, Assunção Cristas, foi nomeado Manuel Pinto de Abreu. O secretário de Estado, independente, destacou-se como responsável pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, que antes esteve na dependência do Ministério da Defesa Nacional.
Por outro lado, o próprio Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, recebeu com grande entusiasmo a constituição deste Fundo Empresarial do Mar quando, o ano passado , presidiu à cerimónia do congresso “Portos e Transportes Marítimos”.
Em apenas um ano o Fórum já conta com 78 associados entre os quais empresas privadas e públicas de grande relevância nacional: Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, Arco Ribeirinho do Sul, Arsenal do Alfeite, Celbi, Portucel, Conservas Ramirez, CP Carga, EDP Inovação, Edisoft, Efacec, Galp, Visabeira, Efacec, BES, CGD, Mota Engil, Central de Cervejas, Transtejo, Soflusa, Grupo José de Mello, Grupo Pinto Basto, Iberol, Lisnave, entre outros.
A opção de integrar a Secretaria de Estado dos Assuntos do Mar no Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território tem entretanto sido criticada por observadores sensíveis aos assuntos do mar, sendo considerado que teria sido muito mais motivador integrar aquela estrutura governamental directamente sob a tutela do Primeiro Ministro. Outro insucesso recente na esfera do mar é o facto de a campanha para criação de uma comissão parlamentar para o mar não ter tido concretização. As iniciativas pró-Mar esbarram na ignorância profunda da mentalidade dos decisores face à cultura e conhecimento da multiplicidade de assuntos ligados à economia do mar, após mais de 35 anos de desmaritimização, fenómeno que se alicerçou em ignorância e perdas de competências e conhecimentos do mar, de que resultou a contracção dos sectores mais importantes por perda continuada de produtividade até ao desaparecimento gradual de muitas das actividades, cuja recuperação agora será lenta e difícil. Um fundo de 100 milhões é um sinal de vontade de inversão da actual situação, mas como recurso de apoio ao desenvolvimento do mar é uma gota de água. (Artigo de Cargas e Transportes adaptado e expandido por L.M. Correia - Texto destacado no final.)
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