Tuesday, December 06, 2011

ESTALEIROS NAVAIS DO MONDEGO

O encerramento dos Estaleiros Navais do Mondego foi decretado ontem, dia 5 de Dezembro de 2011, por um tribunal "face à desistência do Plano de Viabilidade", conforme se lê na notícia do jornal "O Figueirense" que reproduzimos. (Carregar sobre a imagem para a ampliar e ter melhor leitura).
Por entre cruzadas múltiplas de regeneração dos mares lusos prossegue alegremente a desmaritimização efectiva de Portugal e da Europa com mais um estaleiro português fechado: o último da Figueira da Foz, pois o mesmo aconteceu anteriormente à Foznave.
A Indústria Naval, nomeadamente no que se refere à construção metálica, demorou décadas a desenvolver e a afirmar-se em Portugal, em especial a partir da década de 1930, quando os estaleiros do Porto de Lisboa foram integrados no Grupo CUF (1937), se passou o Arsenal de Marinha para o Alfeite (1939) e se formaram estaleiros navais em Aveiro (São Jacinto), Figueira da Foz e Viana do Castelo. 
Dos Estaleiros Navais do Mondego saíram muitas dezenas de navios para as marinhas de pesca, guerra e comércio, principalmente para Portugal. Esta empresa chegou a ser considerada um estaleiro de vanguarda em termos de desenvolvimento de projectos e construção, não só no que se refere a navios de pesca, mas também rebocadores, dragas, etc. Na década de 1990 especializou-se na construção de navios em alumínio, graças à encomenda de quatro catamarãs por parte da Transtejo em colaboração com estaleiros ingleses.
Porque é que a Indústria Naval está a fechar as portas em Portugal e na Europa? As respostas devem ser várias mas em síntese o fenómeno resulta da falta de competitividade local face à Globalização e à incapacidade de continuarmos a inovar como alternativa à construção naval barata nos países emergentes. A crise do momento já fez compreender que o desmantelamento da capacidade industrial foi um erro grave em Portugal. Com o desaparecimento dos Estaleiros Navais do Mondego perde-se mais um desses meios e perde-se (já estava perdido há tempos, com a redução de actividade do estaleiro nos tempos mais recentes) conhecimento prático. E assim prossegue alegremente a desmaritimização efectiva de Portugal.
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