A visita está a acabar, a prancha já foi retirada, os amarradores estão a postos para largarem os cabos, o navio vai partir dentro de breves instantes.
Não há ninguém a dizer adeus, nada de despedidas, vamos ali mas estaremos de volta depressa. Parecem partidas a fingir, estas dos navios de cruzeiros dos cais de Lisboa.
Antigamente chorava-se, acenava-se, gastava-se a vista num derradeiro abraço impossível. Em Alcântara ou na Rocha, havia dias em que os nossos paquetes, apelidados de Transportes se enchiam de gente fardada de verde, e valia tudo entre o "Adeus e até ao meu regresso" - subiam aos mastros, saltavam para as baleeiras, enchiam-se todos os espaços exteriores do NIASSA, do VERA CRUZ...
Hoje não, é tudo demasiado civilizado e asséptico. Mas podia ser de outra maneira se o Porto de Lisboa apadrinhasse o faz de conta com umas gentes a carpirem a partida acenando e enchendo o vazio do momento da partida. Podiam ser funcionários a precisarem de boa nota na avaliação, ou entusiastas de navios sem vedações a proteger de entusiasmos excessivos. Que belas partidas seriam.
No dia 26 de Maio o EUROPA 2 largou, apitou, mas ninguém retribuiu o cumprimento de despedida. Tempos modernos.
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