O Despacho
100 atribuiu à Sociedade Geral a carreira de Cabo Verde e Guiné,
até então assegurada principalmente pelo paquete GUINÉ ex-SAN
MIGUEL, da Companhia Colonial. Foi determinado que após o abate do
GUINÉ a linha seria servida apenas por navios de carga, mas o
aumento do tráfego levou à opção por navios mistos de passageiros
e carga, o primeiro dos quais foi o ALFREDO DA SILVA, unidade que, se
de início revelou problemas técnicos, em especial com os motores
principais Polar, acabou por ser útil e esforçada, permanecendo
ainda na lembrança de muitos naturais de Cabo Verde. Foi o primeiro
navio de passageiros de longo curso construído em Portugal e navegou
até 1972, com casco preto até 1958, branco até 1972 e azul claro
nas últimas viagens com a bandeira da CNN. Artigo original
ALFREDO DA SILVA (1950-1973)
Navio de passageiros a motor,
construído de aço, em 1949-1950. Nº
Lloyd's: 5010737. Nº oficial:
H 391; Indicativo de chamada: CSAK. Arqueação bruta: 3.227
toneladas; Arqueação líquida: 1.871 toneladas; Porte bruto: 3.643
toneladas. Deslocamento leve / máximo: 1.807 / 5.450 toneladas.
Capacidade de carga: 4 porões para 5.744 m3
de carga geral, incluindo 162 m3
de carga frigorífica.
Comprimento ff.: 102,98 m; Comprimento pp.: 96,00 m; Boca: 13,90 m;
Pontal: 8,20 m; Calado: 5,75 m. Máquina: 2 motores diesel de
7 cilindros Polar Atlas, tipo
M57M, com 2.660 bhp a 130 rpm, 1 hélice de
4 pás. Velocidade: 12 nós (14
nós de velocidade máxima). Passageiros: 52 (12 - 1ª., 24 – 2ª,
16 – 3ª) Tripulantes: 44. Navio gémeo: ANA
MAFALDA. Custo:
38.000.000$00.
O ALFREDO
DA SILVA foi construído
em Lisboa, para a
Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, pela
Companhia União Fabril, (construção nº 122), no Estaleiro Naval
da AGPL, à Rocha
do Conde de Óbidos, segundo projecto do ECN Silvério Coelho de
Sousa Mendes. A quilha foi assente a 1-08-1949 na carreira nº 1 do
estaleiro, procedendo-se ao lançamento à água a
21-12-1949. Foi madrinha da nova unidade a Sra. Dª. Maria Cristina
Dias Oliveira da Silva, viúva do industrial Alfredo da Silva. O
navio foi registado na capitania do porto de Lisboa a 14-07-1950 e
entregue à Sociedade Geral a 27-07, pelas 17.00 horas, numa
cerimónia que contou com a presença do ministro da marinha Américo
Thomaz em representação do Presidente da República.
O navio estava atracado à estação marítima de Alcântara, sendo
descerrado no salão principal um retrato de Alfredo da Silva feito
pelo pintor Albino Cunha. Foi seu primeiro comandante o capitão
Marques Pereira. A 4-08 o ALFREDO
DA SILVA saiu de Lisboa
para Leixões (5 a 9-08) e, a
16-08, iniciou em Lisboa a viagem inaugural, com 42 passageiros e
carga geral, para Leixões
(17-08), Funchal (20-08), São Vicente (24 a 25-08), Praia (26-08),
Bissau (28-08 a 9-09), Lisboa (15-09). A
3-10-1956 o ALFREDO
DA SILVA imobilizou em
Lisboa com uma avaria grave nas máquinas, só voltando ao serviço
em 14-03-1958. Durante a imobilização, foi modernizado no estaleiro
da CUF em Lisboa, com a ampliação dos alojamentos para passageiros
e a construção de castelo à proa, alterando as características
seguintes a 12-04-1958:
Arqueação bruta: 3.374 toneladas; Arqueação líquida: 2.172
toneladas; Porte bruto: 3.349 toneladas. Capacidade de carga: 4
porões para 5.241 m3
de carga geral, incluindo 162 m3
de carga frigorífica.
Comprimento ff.: 103,21 m; Comprimento pp.: 98,48 m. Passageiros: 88
(20 - 1ª., 68 - turística) Tripulantes: 45. Com o casco branco, o
ALFREDO
DA SILVA completou
1 viagem
na carreira de Angola (Leixões, Lisboa, Luanda, Lobito, Moçamedes,
Lobito, Luanda, Funchal, Lisboa), com saída de Lisboa em 20-03 e a
8-05 largou
para uma segunda, interrompida com uma arribada a Dacar (19 a 24-05)
com avaria nas máquinas, decidindo-se o regresso ao Tejo.
Seguiu-se nova imobilização em Lisboa de 3-06-1958 até
6-04-1959, data da largada na
primeira de cinco viagens na
linha de Cabo Verde e Guiné, a
última das quais terminou no Tejo a 2-10-1959.
O
ALFREDO
DA SILVA iniciou
então um fretamento
à Empresa Insulana de Navegação para realizar uma série de 13
viagens semanais à Madeira, de 10 de Outubro de 1959 a 7
de Janeiro de 1960, saindo de Lisboa ao Sábado pelas 17 horas,
chegando ao Funchal pelas 13 horas de Segunda-feira, para uma estadia
de 24 horas, atracando novamente em Lisboa pelas 9 horas de
Quinta-feira. Para as viagens à Madeira o navio foi lastrado com
1.000 toneladas de pedra, traduzindo-se a iniciativa num défice de
cerca de 3.000 contos, cobertos por um subsídio do Estado. O
ALFREDO DA SILVA retomou as
suas viagens regulares a Cabo
Verde e à Guiné com a saída de Lisboa a 25-01-1960, tendo-se
mantido nessa linha até ser abatido ao efectivo em 1972. A
6 e 7-08-1960 o ALFREDO DA SILVA esteve na baía de Lagos a
representar a Sociedade Geral no desfile naval de homenagem ao
Infante D. Henrique, com o seu irmão ANA MAFALDA. Foi
vendido por 4840 contos à
Companhia Nacional de Navegação a
30-12-1971, quando da
integração da frota da SG na CNN, e
passou a estar registado como
propriedade desta empresa a 3-01-1972. Continuou a assegurar a
carreira de Cabo Verde e Guiné com
as cores da CNN, com que fez 7 viagens, a última das quais com saída
de Lisboa a 8-7, quando seguiu directamente para Bissau (14 a 17-07),
visitando no regresso a Praia e S. Vicente após o que entrou em
Lisboa pela última vez a
27-07-1972, data após
a qual imobilizou em Lisboa e
foi posto à venda. Em
22 anos de actividade, o paquete ALFREDO DA SILVA concluíu 206
viagens a Cabo Verde e à Guiné, 1 viagem a Angola e 13 viagens ao
Funchal, para além de uma segunda viagem a Angola, interrompida por
avaria em Dacar, no total de 221 viagens, nas quais transportou cerca
de 52 000 passageiros e 576 000 toneladas de carga geral, tendo sido
cobrados 78 500 contos em passagens e 576 000 contos em fretes,
totalizando as receitas 654 500 contos. Vendido
ao sucateiro espanhol Areliano Perez Iborra, o
ALFREDO DA SILVA saiu de Lisboa
a
31-05-1973, a reboque, para Gandia, onde foi desmantelado. O registo
na capitania do Porto de Lisboa
foi cancelado a 31-05-1973 "por
ter sido vendido para Espanha."
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