Monday, August 27, 2007

TALENT DE BIEN FAIRE

Três interpretações do Infante D. Henrique: duas estátuas de Mestre Leopoldo de Almeida, existentes em Lisboa - Padrão dos Descobrimentos e na cidade do Funchal e a figura de proa do N/E SAGRES (fotos de L. M. Correia - 2006).

Um "post" repescado de há um ano, mas sempre actual para reflexão, com uma dedicatória especial a um certo Doutor Historiador da Universidade do Porto, que há dias a bordo de um navio Português exprimiu as suas lucubrações mitológicas sobre o Excelso Infante a uma audiência Asturiana. Mais que um MITO, o Senhor INFANTE é um exemplo e uma inspiração. Se a famosa "Escola" foi em Sagres, em Lagos, ou na Foz do Douro, é tão irrelevante como a orientação sexual do dito PRÍNCIPE. Quanto mais não seja por respeito pela memória e pelo legado.

Dom Henrique, o Infante dos Descobrimentos que com o seu sobrinho D. João II, o Príncipe Perfeito, foi o grande arquitecto da expansão marítima portuguesa é uma figura admirável.
Numa leitura contemporânea da sua acção, pode dizer-se que foi um percursor da Globalização e um Empresário de Génio. Grão Mestre da Ordem de Cristo, soube usar do poder e meios financeiros da Ordem e do seu próprio Ducado de Viseu para realizar toda uma aventura marítima cuja origem remonta ao século XIV, com as políticas de D. Diniz e D. Fernando.
Beneficiou de outros aspectos fundamentais: estabilidade política, uma educação esmerada, capacidade de trabalho e o culto da excelência, traduzido na sua divisa - TALENT DE BIEN FAIRE. Desenvolveu uma estratégia e implementou-a, rodeando-se dos melhores colaboradores em termos de ciências várias. Tudo valores actuais se considerarmos soluções para os desafios do presente em Portugal.
Em termos históricos, o Principe D. Henrique foi o quinto filho dos Reis João I e Filipa de Lencastre, nascido no Porto a 4 de Março de 1394 e falecido em Lagos a 13 de Novembro de 1460.
O seu exemplo e o sucesso das suas acções ainda hoje são inspiração maior para Portugal olhar o Mar. A periferia de então mantém-se, a convidar à expansão por este nosso mar atlântico. Pena é que hoje o Mar não tenha uma maior expressão na vida nacional.
Texto e fotografias de Luís Miguel Correia - 2007


4 comments:

Eurydice said...

Gostei imenso deste post sobre o Infante, uma figura que pertence ao tipo "Fala-se muito mas conhece-se pouco". Um homem interessante, sem dúvida, com visão e capacidade de avaliar e decidir.

Este blog tem tanto, que só aos poucos vou avançando e descobrindo!... ;) Bem precisava de encontrar este Infante pelo meio como meu patrono na viagem!... ;)
(Devo estar a meio do Golfo da Guiné, por esta altura!...)

LUIS MIGUEL CORREIA said...

Cinderela,
Os principais conceitos históricos que hoje temos como absolutos são sempre interpretações parcelares de realidades que com o tempo se tornam mitos... E sempre houve tentações de reescrever a história segundo interesses vários. Esta minha leitura de D. Henrique é numa perspectiva muito actual, à luz dos défices e tudo.

LMC

Eurydice said...

É uma leitura interessante, any way! Eu acho que se fala pouco dos nossos "homens bons"... Apesar dos contextos históricos, ainda contribuíriam para uma imagem mais nítida da identidade construída ao longo de tantos séculos de História, acho eu!...
Não sei porquê, lembrou-me a obra do Eça que prefiro: A ILUSTRE CASA DE RAMIRES. Perfeita na construção, perfeita no retrato dos personagens que a povoam... e tão portuguesa!...

LUIS MIGUEL CORREIA said...

Cinderela,

Se calhar há défice de homens bons. Certamente estarão em minoria, daí, sempre que algum sobressai, a "corporação de medíocres anónimos" trata de o cilindrar. Sobre o Infante Dom Henrique, creio que tem tido alturas em que é mais ou menos apreciado. No imediato pós 25 de Abril, lembro-me de um dos meus irmãos mais novos aprender na escola pública, na disciplina de história, que o Infante era homosexual. O que é que interessa a orientação sexual das pessoas? ainda mais uma figura histórica do século XVI????

LMC