Os memoráveis Itas - Cia. Costeira Texto atualizado em 30 de Junho de 2009 - 18h28 |
por Laire José Giraud * Mais um belo artigo do nosso Amigo Laire, a quem saudamos com amizade e consideração. LMC |
Recentemente recebi um e-mail de um leitor de nome José Rocha Cavalcanti, no qual solicitava uma imagem de um navio da Cia. Nacional de Navegação Costeira, mais precisamente, o Itatiba. Eu disse a ele que infelizmente não tinha especificamente o navio solicitado, mas que enviaria um artigo que mostrava algumas dessas maravilhas, que foram os Itas, que muito contribuíram para o desenvolvimento do Brasil, no passado distante, onde era tudo difícil, e faltava de tudo, desde estradas, conhecimentos tecnológicos, e tudo mais que temos hoje em dia. Assim, o único meio de transporte existente na ligação de Norte a Sul do Brasil era o navio. Navios de cargas e passageiros de outras companhias concorrentes participavam ativamente do que foi um grande e concorrido tráfego marítimo. As principais eram o Lloyde Brasileiro e o Lloyd Nacional, seguidas de outras menores mas eficientes como as valorosas Pereira Carneiro e Carl Hoepcke Na verdade este artigo é uma reprise, mas acho válido aqui lembrar algumas coisas dos Itas, conforme o texto abaixo. Quanto tinha aproximadamente 5 anos, no início da Década de 1950, duas músicas eram muito tocadas nas rádios.
Na minha curiosidade de criança, queria saber o que era um Ita, a palavra mencionada na antiga canção de Dorival Caymmi.
da companhia Costeira, na linha Porto Alegre-Pará, em 1928. Esses navios inspiraram a canção Peguei Um Ita No Norte. (Imagem do livro Navios e Portos do Brasil nos Cartões-Postais e Álbuns de Lembranças, d e João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo, lançado em 2006) Achei o nome do navio muito estranho. Para complicar ainda mais, esse parente disse que já havia vindo do Nordeste num outro Ita, o Itangé, e que era um navio bom de se viajar. A famosa nadadora brasileira Maria Lenck foi para os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1934 a bordo do Itapagé. Vale lembrar que o nome de Maria Lenck batiza o complexo aquático onde foram realizadas as provas de natação nos Jogos Pan Americanos do Rio 2007. Foto: A Tribuna de Santos A lembrança da Costeira e, por extensão, dos Itas se deve ao fato de recentemente ter recebido por e-mail uma belíssima imagem do amigo virtual Kelso Médici, do navio Itapuhy, pertencente ao acervo portuário do comandante Carlos Eugênio Dufriche, residente no Rio de Janeiro, já lembrado algumas vezes nesta coluna.
Vapor Itaúba, da Companhia Nacional de Navegação Costeira, atracado no Cais do Armazém 6 da antiga Companhia Docas de Santos, nos Anos 20. (Acervo Laire José Giraud) Durante a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente no dia 26 de setembro de 1943, o Itapagé, de 119 metros de comprimento, foi torpedeado pelo submarino alemão U-161, quando navegava na costa do Estado de Alagoas, indo ao fundo do mar em quatro minutos - dos seus 106 passageiros e tripulantes, 27 pereceram.
do Norte e Nordeste do Brasil para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. (Imagem do livro Navios e Portos do Brasil nos Cartões-Postais e Álbuns de Lembranças, de João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo, lançado em 2006) Já o prático Gerson da Costa Fonseca (hoje com 91 anos) lembra que o primeiro navio que manobrou na sua profissão foi o Itaquatiá, cuja atracação ocorreu em 1941, no cais do antigo Armazém 03 da Companhia Docas de Santos. Hoje a área pertence à estatal Codesp e fará parte do Complexo Marina do Porto de Santos, após cedido para a Prefeitura local pela empresa federal. Eis alguns Itas que deixaram os nomes gravados pelos portos por onde passaram: Itaité, Itaimbé, Itapagé (construídos na França), Itapé, Itaquicé e Itanagé, construídos na Escócia. 1938, indicando as saídas e destino de alguns navios da frota. Um detalhe: o escritório da companhia ficava na Praça Barão do Rio Branco, 80, no Centro de Santos.
Vale lembrar que a companhia Costeira foi fundada em 1882 pelos descendentes de um armador português, que emigraram para o Brasil, e o nome inicial da empresa era Lage & Irmãos. Ali jaziam, lado a lado, como sucata enferrujada, muitos dos navios que tinham sido orgulho da marinha mercante nacional. Destino em glória, mas iniludível dos Itas, Aras e outras embarcações já muito esquecidas, amontoadas como ferro-velho e despedaçadas por serras e maçaricos. Naqueles cascos vazios encalhados no último porto, somente ressoavam os ecos da história, conforme registrou Jorge Audi, na reportagem: “Onde Morrem os Itas”, publicada na revista O Cruzeiro, em 5 de maio de 1971, gentilmente apresentada pelo colaborador da obra Sérgio Montineri. Fonte: Transatlânticos em Santos – 1901/2001, A Tribuna de Santos e Navios e Portos do Brasil nos Cartões-Postais e Álbuns de Lembranças. |
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* Laire José Giraud é despachante aduaneiro, colecionador de cartões-postais da Cidade e de transatlânticos antigos. Colaborador da Revista de Marinha de Portugal. Publicou cinco livros, como autor e co-autor, sobre temas da Santos antiga. |
Monday, July 06, 2009
PAQUETES BRASILEIROS
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