A Gare Marítima de Alcântara vista esta tarde, 22 de Outubro de 2010, de bordo de um navio de cruzeiros gigante, daqueles que fazem os portos e os outros navios parecerem pequenos.
A Gare Marítima de Alcântara fotografada 76 anos depois de ter sido projectada pelo arquitecto Porfírio Pardal Monteiro, a pedido do ministro Duarte Pacheco. Passados todos estes anos mantém-se um edifício de referência à beira-Tejo, ainda a cumprir (parcialmente) a função para que foi imaginada nos anos trinta do século XX: servir os passageiros dos navios que fazem escala em Lisboa ou que aqui iniciam as suas viagens. A natureza dos viajantes mudou desde então, agora são mais excursionistas - diga-se turistas ou cruzeiristas em linguagem contemporânea. Os navios cresceram numa dinâmica de gigantes inimaginável há 50 anos. É o admirável mundo novo dos cruzeiros e paquetes.
E sabem que mais? O projecto de Pardal Monteiro concebido em 1934 nunca foi realizado na integra: previa a construção de uma torre a jusante do actual corpo de edifício com acesso a passageiros e visitantes para observação panorâmica; previa a ligação à Gare Marítima da Rocha através da varanda que passaria por quatro edifícios mais pequenos distribuídos entre Alcântara e a Rocha. Nunca se construíram, nem a torre nem a varanda nem as estações complementares. A ideia era ter o cais de Alcântara à Rocha cheio de navios de passageiros. Só recordo essa situação uma vez, em 1969 em que toda a muralha foi ocupada por paquetes, alguns dos quais eram portugueses.
E sabem que mais? Foi pena não se ter feito todo o projecto, neste País de obras inacabadas pela falta de arrojo e ambição. O que faltou na edificação das Gares Marítimas de Lisboa de Pardal Monteiro sobrou mais tarde na conquista de espaço ao Tejo, de tal forma que a orgulhosa Gare de Alcântara está hoje mais aterrada que nunca. Na fotografia pode ver-se bem a marca paralela do primeiro acrescento de cais para o rio. Foi ali que em 1943 atracou o SERPA PINTO, inaugurando a Gare. Hoje esteve lá atracado o MSC ORCHESTRA.
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