Deambulações marítimo-portuárias em dia sombrio, nuvens carregadas, uma neblina pastosa entremeada de chuva miudinha a distrair o observador dos navios espalhados pelo cais a dar uma falsa animação a fazer lembrar outras épocas de grandes movimentações permanentes.
Esta tarde a zona da Ponta da Rocha até estava compostinha de navios e embarcações, o estaleiro da NavalRocha parecia cheio de clientes, rebocadores não faltavam, e no entanto parecia um cenário de fantasia, desmaritimizado e desinfectado...
No "cais das carreiras" que já não existem, o navio-tanque gibraltino ALINA emprestava a sua cor ao estaleiro onde nas décadas de 1937 a 1967 nasceram as sementes que alimentaram outros sonhos de construção e reparação naval: Viana do Castelo, Murraceira, São Jacinto e ainda a Margueira já sob a designação vibrante de LISNAVE. Chegaram a trabalhar neste estaleiro milhares de operários e técnicos. Construíram-se paquetes e cargueiros, navios de guerra, petroleiros, navios de pesca, rebocadores, cacilheiros e até belos veleiros como o CREOULA e o seu irmão MANUELA.
Chegou-se a pensar em transformar o estaleiro da Rocha num quarteirão de bares, num tempo em que era de bom tom devolver o Tejo ao povo. Acabou por prevalecer alguma actividade industrial, superficial, estilo estação de serviços mínimos complementados por subempreiteiros, que é assim que entre nós a indústria naval vai sobrevivendo.
Frente ao velho estaleiro, a galera de três mastros DANMARK passa mais um inverno protegida pelo clima geralmente ameno da capital portuguesa...
Cargas e descargas, cargueiros apressados, movimento, nos dias de hoje nas muralhas de Alcântara à Rocha, só na Liscont, que nasceu do prolongamento para o Tejo do antigo cais de Alcântara Sul.
Texto e imagens /Text and images copyright L.M.Correia. Favor não piratear. Respeite o meu trabalho / No piracy, please. For other posts and images, check our archive at the right column of the main page. Click on the photos to see them enlarged. Thanks for your visit and comments. Luís Miguel Correia
1 comment:
Caro Luis Miguel Correia!
Pois é assim, como bem descreve. Quem não tenha conhecido, é capaz de pensar que se trata duma mente delirante!
Uma pequena correcção, se me é permitida, "o Creoula e o seu irmão Santa Maria Manuela"!
Também me intrigou a Murraceira pois desconhecia o nome dado ao local dos ENMondego, eu que participei do levantamento da Indústria Naval nos idos anos 90. Nesse Estudo que se seguiu ao Estudo Integrado dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sines, fez-se o levantamento de todos os estaleiros Navais, Alfeite incluido.
Cumprimentos,
João Celorico
Post a Comment