"O INFANTE DOM HENRIQUE
fez cruzeiros de Fim de Ano à Madeira em 1973, 1974 e 1975 e de 5 a
14-04-1974 fez um cruzeiro da Páscoa ao Mediterrâneo, com partida e
chegada a Lisboa e escalas em Nápoles, Génova, Cannes e Gibraltar" - Luís Miguel Correia in livro Companhia Colonial de Navegação 1922-1974 (em preparação).
Assistir à chegada do FUNCHAL ontem, o qual concluiu em Lisboa o "Cruzeiro da Páscoa" fez-me recordar outra chegada de um cruzeiro da Páscoa no mesmo local, a Gare Marítima da Rocha, há 40 anos, em vésperas de consolidação do processo de Desmaritimização.
O protagonista foi então o saudoso paquete INFANTE DOM HENRIQUE, então o nosso maior navio de passageiros e os 800 passageiros que esgotaram a lotação do navio reduzida para este cruzeiro.
Em 1974 a frota de paquetes portugueses estava já muito reduzida, dos 26 paquetes operacionais em 1966 só restavam o INFANTE, o PRÍNCIPE PERFEITO (que à data estava imobilizado em Lisboa), o FUNCHAL, o UIGE, o NIASSA, o ANGRA DO HEROÍSMO e o IMPÉRIO (ambos já vendidos para a sucata), o TIMOR (que seria vendido nesse ano para Singapura), o RITA MARIA, e o PONTA DELGADA.
O INFANTE DOM HENRIQUE fazia essencialmente a carreira de Angola e a Companhia Colonial procurava organizar alguns cruzeiros no mercado português no sentido de melhorar a exploração comercial deste magnífico paquete, com cada vez menos passageiros a utilizarem as linhas de África.
Embora o INFANTE já pertencesse à CTM desde 4 de Fevereiro de 1974, fez o cruzeiro da Páscoa com as cores e a bandeira da CCN. Assisti à partida e chegada deste cruzeiro do INFANTE, como então fazia sempre que possível no que tocava às saídas e chegadas dos navios de passageiros portugueses, em especial o SANTA MARIA, abatido precocemente um ano antes. Estava previsto um outro grande cruzeiro do INFANTE no Verão de 1974, que devido às alterações vividas depois com a mudança de regime a 25 de Abril acabou por não se realizar, o mesmo acontecendo a dois grandes cruzeiros previstos para o Verão de 1975 à União Soviética, em pleno PREC, um seria um cruzeiro ao Báltico até Leninegrado, o outro faria todo o Mediterrâneo até Odessa. A necessidade de evacuar militares e civis de Angola e Moçambique nesse Verão quente acabou por levar ao cancelamento destes cruzeiros.
Tanto a largada como a chegada do INFANTE no cruzeiro da Páscoa de 1974 foram efectuadas na Rocha, então com um ambiente muito mais marítimo, cheio de gente, no cais e na varanda, com a estação marítima aberta a toda agente e muitos navios à volta. Outros tempos, o que torna ainda mais notável a chegada do FUNCHAL, ontem, a Lisboa vindo do cruzeiro da Páscoa de 2014, organizado e operado pela nova empresa Portuscale. O FUNCHAL foi contemporâneo do INFANTE DOM HENRIQUE, entrou ao serviço um mês depois do INFANTE, em Novembro de 1961 e a sua sobrevivência e reconstrução, o ano passado, deve-se a diversos factores, com destaque para a iniciativa e energia do armador Rui Alegre.
Fotografias: De cima para baixo, o INFANTE DOM HENRIQUE atracado ao cais da Rocha em dia de partida para a África Oriental; o FUNCHAL atracado à Rocha, ontem, no regresso do Cruzeiro da Páscoa 2014, o cartaz do cruzeiro deste ano.
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