No facebook comentei o que me parece a dinâmica de má lingua local, vigente na Madeira, que conheço bem desde o século passado:
"Os custos do transporte marítimo resultam principalmente da dimensão do mercado, que nos últimos anos tem encolhido e levado à venda de parte da frota ao serviço da Madeira. Agora foi o PONTA S. LOURENÇO. Refiro a má língua porque sempre existiu de forma viperina na Madeira, ainda sou do tempo em que era exercida contra a Empresa Insulana de Navegação de forma totalmente desabrida e injusta, reclamava-se contra os paquetes da Insulana que davam prejuízo e quando acabaram fizeram muita falta, mas na década de 1970 estavam todos deslumbrados com os aviões, o jet-set local, o último navio, o NIASSA andou quase vazio nas viagens que fez em 1978. Nunca ninguém me pagou ou pediu para dizer bem dos Sousas, escrevi dois livros patrocinados pela Porto Santo Line e E.N. Madeirense que de facto me deram algum dinheiro, mas foram escritos com o coração, com convicção e com verdade. Já leu a história da Empresa de Navegação Madeirense? Confunde-se com a história da Madeira, acredito que sem esta Empresa Madeirense a vida na Madeira ao longo destes 108 anos teria sido ainda mais difícil e cara. E sem os actuais irmãos Luís Miguel e Ricardo, a ENM teria acabado na década de 1980 como acabaram as outras empresas de navegação portuguesas. Provavelmente não consegue ver a questão nessa perspectiva por ser fácil descarregar-se a pressão social local sobre determinados alvos, mas o Grupo Sousa é um factor importante na dinamização da economia da Madeira, presta serviços fundamentais e gera empregos e riqueza. Precisamos todos é de mais grupos assim. Há determinados serviços de interesse público, como o transporte marítimo de passageiros Madeira - Continente, que nunca deviam ter acabado, mas isso é uma decisão política. No passado a Família Bensaude aguentava os prejuízos da Insulana sem compensação directa do Estado, mas hoje ninguém tem essa capacidade nem tal é justo. Não se pode é misturar as coisas, os canários operaram na Madeira enquanto tiveram a carga do Pingo Doce, sem gerar receita e lucros hoje não se pode brincar com navios. Claro, foi um grande erro não se ter mantido o transporte marítimo de passageiros Continente -Madeira - Açores. Diga-se em abono da verdade que quando foi Secretário de Estado da Marinha Mercante em 1974 (Primeiro Governo Provisório), o Eng. José Carlos Gonçalves Viana tinha legislação em fase de aprovação para se avançar com a compra de ferries de passageiros para a Madeira e Açores e esquema de subsídios para a sua operação, mas o Governo caiu e ninguém mais pegou a sério no assunto. Depois deram cabo de tudo... A Madeira e os Açores necessitam de transportes marítimos de passageiros modernos, entre cada Região e com o Continente, mas se essa operação não tiver viabilidade comercial, e se de facto o tivesse já alguém a tinha montado, terá que ser o Estado a assegurar a continuidade territorial e os direitos à mobilidade. Só que o nosso Estado é bronco, ignorante em coisas do mar e perverso na fiscalidade. Em resultado a Madeira e os Açores são as únicas Regiões Insulares da Europa sem ligações marítimas de passageiros regulares, para espanto de parceiros europeus..."
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