O navio de passageiros inglês FUNCHAL espera, atracado à ponte-cais da Matinha, no Porto de Lisboa, uma decisão sobre quem vai ditar os contornos do próximo capítulo de uma vida longa de seis décadas, cheias de prestígio e algumas atribulações.
De Inglaterra, o responsável pela gestão do processo de venda do FUNCHAL acaba de me informar que na Sexta feira, dia 29 de Janeiro último, foram recebidas diversas propostas para a compra do FUNCHAL, que estão a ser analisadas pelos proprietários, devendo ser escolhido o comprador durante esta primeira semana de Fevereiro. Mais uns dias de espera com o vulto sinistro de algum sucateiro bem presente.
O «nosso» belo FUNCHAL agoniza no Tejo desde Janeiro de 2015, como herança visível do infeliz projeto Portuscale Cruises, ou, se recuarmos um pouco mais, como orfão abandonado na sequência do falecimento do seu grande patrono, o armador George Potamianos, um «Lisbon Greek» encantado pelo FUNCHAL desde que o conheceu em 1975, e responsável pelo sucesso enorme do antigo paquete da Insulana nos mercados de cruzeiros internacionais a partir de 1976, quando o FUNCHAL se estreou na Suécia fretado a uma empresa de Estocolmo pela mão de Potamianos.
Comprado em Dezembro de 2018 pela empresa Signature Living, de Liverpool, a quem foi entregue no Tejo a 25 de Outubro de 2019, após finalização de pagamento a prestações, o FUNCHAL continuou com o mesmo nome, o mesmo Ilustre Comandante José Valente e um punhado de tripulantes portugueses a bordo e um novo registo na Zona Franca da Madeira em nome de SGL Cruises, daí a mesma bandeira portuguesa ainda na popa do FUNCHAL(inho).
Os novos projetos anunciados pelos ingleses foram perdendo força na proporção inversa do aumento da ferrugem, até o navio ser posto em leilão mais uma vez e, entretanto o FUNCHAL bateu o famoso SANTA MARIA em matéria de assaltos por 3 a 1, pois o FUNCHAL já sofreu diversos assaltos, atracado à Matinha, dois dos quais muito recentemente, que levaram o armador inglês a instalar a bordo um sistema de segurança. Deviam ser Amigos do FUNCHAL desesperados por preservarem a dignidade deste navio histórico, mas foram apenas gatunos reles e ordinários. Se os apanhasse, exportava-os para as Arábias com a recomendação de que alguém piedoso lhes cortasse as patas dianteiras e o pirilau por profanação horrenda de um belo navio.
Aguardemos pelo próximo capítulo da longa história do Paquete FUNCHAL, um navio inglês com bandeira portuguesa perdido há muito num cais velho de Lisboa. Oxalá não seja o fim.
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