Saturday, July 12, 2008

Bacalhoeiro SANTA PRINCESA de 1939

Mais uma imagem da minha colecção de fotografias de navios, mostrando o bacalhoeiro aveirense SANTA PRINCESA junto ao estaleiro naval do Porto de Lisboa, vendo-se na doca seca nº 1 um dos paquetes da Companhia Nacional de Navegação, provavelmente o MOÇAMBIQUE de 1949. É dificil dtar a imagem mas tudo indica ser dos anos cinquenta.
Em baixo apresento uma ficha técnica e histórica deste navio, ainda incompleta, resultante dos elementos disponíveis de momento. Quem quiser acrescentar mais elementos será bem vindo.

SANTA PRINCESA (1939 - 1974)

ex-Spitzberg (1930-1939)

Navio motor de pesca por arrasto construído de aço em 1939. Nº IMO: 5312769. Nº oficial: B-231 / A-628-N; Indicativo de chamada: CSIX. Arqueação bruta: 1.188,47 toneladas; Arqueação líquida: 621,27 toneladas; Capacidade de pesca: 16.995 quintais. Comprimento ff: 69,98 m; Comprimento pp: 65,41 m; Boca: 10,60 m; Pontal: 4,90 m. Máquina: 1 motor diesel Polar-Atlas de 7 cilindros, com 875 BHP, construído na Suécia em 1930, substituído em 1949 por 1 motor diesel FIAT tipo 2SA NE50, de 6 cilindros, 1 hélice, Velocidade: 12 nós.

O SANTA PRINCESA foi construído em Falmouth, Inglaterra por Cox & Co. (Engineers) Ltd., (construção 197), para o armador La Morue Française, de Le Havre, França, sendo lançado à água a 30-03-1930 com o nome SPITZBERG e completado em 03-1930. Em 1939 sofreu um incêndio em St. Pierre, que destruiu o casario e levou à venda do navio como sucata. Comprado em 1939 pela Empresa de Pesca de Aveiro, Lda., Aveiro, Portugal, veio a reboque para Aveiro, passando a chamar-se SANTA PRINCESA. Reparado pelos Estaleiros de São Jacinto em 1939-1940. Utilizado na pesca do bacalhau, fez as duas primeiras campanhas em 1940. Foi usado provisoriamente no comércio marítimo durante a Segunda Guerra Mundial, ao abrigo do artigo 1º do Decreto-Lei nº 30.870 de 12 de Novembro de 1940, indo por duas vezes a Cabo Verde carregar sal. Foi classificado pelo Lloyd’s até 03-1962. Última campanha de pesca de bacalhau em 1967, após o que foi vendido a uma empresa sediada em Bissau, devendo a entrega ser feita em Lisboa. A venda não foi finalizada por falta de pagamento e o SANTA PRINCESA ficou imobilizado em Lisboa. Vendido para desmantelar ao sucateiro espanhol Alfonso Garcia em 04-1974 e demolido em Bilbau, Espanha.

Texto e imagens /Text and images copyright L.M.Correia. For other posts and images, check our archive at the right column of the main page. Click on the photos to see them enlarged. Thanks for your visit and comments. Luís Miguel Correia

3 comments:

Ricardo Matias said...

Grande fotografia como sempre. N�o conhecia, claro.
� dif�cil dizer qualquer coisa quando se "vem nas �guas" do LMC, s� acrescento:
O navio foi comprado como sucata, ap�s ter sofrido um inc�ndio que destru�u o casario em 1939, foi preciso uma autoriza�o que tardou em vir para o navio ser embandeirado em Portugal. Foi reparado nos Estaleiros Navais de S. Jacinto e quando ficou pronto j� se estava em plena guerra e j� se estava a passar mal com a "falta de barcos". No registo inicial aparece como Santa Princeza, os n�meros oficiais em foram alterados em 1945 (quando desenterrar o decreto, preciso a data). A primeira campanha foi em 1940 e nesse ano ainda fez as duas campanhas ao bacalhau. Foi remotorizado em 1949. Foi substitu�do pelo arrast�o pela popa Santa Isabel e deveria transformar em "long liner", mas a perda do Santa Mafalda na barra do Tejo em 1966 fez manter este navio no bacalhau at� 1967. Imobilizou e ainda foi ponderado passar este navio para uma empresa de pesca na Guin� hoje R�publica da Guin�-Bissau (uma hist�ria a investigar). Como se disse atr�s este navio era da Morue Fran�aise que dispunha de uma grande frota de morutiers, esta compania tinha mandado fazer 4 grandes navios em Inglaterra em 1929/30, e adquiriu mais dois, em estaleiro, quando a companhia que os tinha mandado fazer faliu, essa companhia chamava-se Bacalhau de Portugal e os navios, Corte Real e Descobridor ainda foram lan�ados com a bandeira portuguesa. Estes navios era semelhantes ao Sptizbergen mas j� tinham capacidade de congela�o. Imaginem que aquele apoio estatal que se viu depois, ter permitido que estes navios viessem para Portugal em 1931. Especulemos, come�avamos no arrasto do bacalhau 5 anos antes do que realmente aconteceu, Entr�vamos na segunda guerra mundial como uma grande frota de arrast�es que s� viemos a ter em 1949/50, sem concorr�ncia, ter�amos feito muito belas pescas e passado menos fome e com a chegada da paz olhar�amos a congela�o doutra maneira. Bem um ponto negativo, teriam sido constru�dos muito menos lugres.

Ricardo Matias

LUIS MIGUEL CORREIA said...

Obrigado pelas informações adicionais, Ricardo...

fangueiro.antonio said...

Tal como termina o Ricardo o seu comentário, mais arrastões e menos fome implicariam menos lugres. Com todo o respeito por quem passou "o pão que o diabo amassou", hoje temos uma imagem enorme da nossa epopeia do bacalhau com os lugres em primeiro plano e só como exemplo com mais arrastões não teríamos (digo eu) hoje um Creoula ou um Santa Maria Manuela ou livros belamente ilustrados com inúmeros veleiros.

www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt