Wednesday, July 02, 2008

Espécies ameaçadas



Consta que as obras de ampliação do terminal de contentores de Alcântara vão avançar já em Setembro, ficando as Estações Marítimas isoladas. Rompe-se assim o equilíbrio precário entre turista e caixas metálicas que tem marcado nos últimos anos o panorama marítimo de Alcântara - Rocha.
Sem estes terminais de passageiros, resta aos paquetes o de Santa Apolónia, sem capacidade para a grande afluência de cruzeiros prevista para os próximos meses. Que solução?
Texto e imagens /Text and images copyright L.M.Correia. For other posts and images, check our archive at the right column of the main page. Click on the photos to see them enlarged. Thanks for your visit and comments. Luís Miguel Correia

5 comments:

Paulo said...

Porque é que não se faz um abaixo assinado?

LUIS MIGUEL CORREIA said...

Serve para alguma coisa?
A questão fundamental das várias manifestações de analfabetismo marítimo em Portugal têm como raíz a ignorância das referidas coisas do mar. É já um problema congénito.
Devia ter emigrado há uns anos...

Raquel Sabino Pereira said...

Eu emigrei há uns anos e não é por aí. Concordo com o Paulo. Hoje mesmo pus um Modelo de email a enviar (já foi ver?).

A solução é alertar as (inúmeras) autoridades ou, como se aprende na Faculdade de Direito, «apelar de Roma mal informada para Roma bem informada».

Não percebi ainda muito bem o que se anda a passar, mas para o caso de estarem a ser ultimados projectos relacionados com a ampliação do terminal de contentores de Alcântara (LISCONTE), conviria que os responsáveis fossem alertados para a previsível ruptura do movimento de navios de cruzeiros decorrente da desactivação dos terminais da Rocha e de Alcântara a partir de Setembro de 2008, com a inerente perda total da actividade, por ausência de local de atracação dos navios (dada a insuficiência do Terminal de Santa Apolónia, de muito reduzida capacidade).

Ao dispor para preparar minuta de email...

Paulo said...

Eu já vivi no estrangeiro.

joão coelho said...

Nunca entendi a ideia de colocar um terminal de contentores em pleno centro de Lisboa e entre as duas ( e magnificas) Estações maritimas da capital..e menos entendo agora o projecto de ampliação do Terminal. Dito de outra forma; os resultados, negativos, verificados ao longo destes anos, com a confusão no trânsito, e a mistura entre camiões, contentores e passageiros, deveria, se existisse um minimo de bom senso, fazer repensar a localização do terminal...Mas não, sucede exactamente o contrário, ou seja vão ampliá-lo e expandir a ligação ferroviária, introduzindo mais factores de confusão na zona. Aliás, julgo que este projecto se integra naquilo que tem sido o mau aproveitamento do Estuário do Tejo, e do porto de Lisboa, que detém condições naturais excelentes e que é, com excepção dos navios de cruzeiro, um quase deserto. Basta estar um pouco atento ao movimento do porto e compará-lo ao de outros congéneres europeus..
Há uns anos dizia-se que eram as taxas portuárias e os custos da estiva ( cujo Sindicato mandava no porto )que tornavam Lisboa desinteressante para a navegação comercial. Hoje, não sei o que se passa, mas a situação não parece ter mudado muito.
E, no entanto, estamos na fachada atlântica, com o continente americano em frente, e a África para sul..Alguém dizia, um destes dias, na RTP, que estamos "entalados" entre a Espanha e o mar, e que, em tempos, resolvemos o problema, indo para o oceano, à procura do Mundo. Hoje, continuamos "entalados", mas desistimos do mar...Com Mário Soares na presidência da República fez-se uma tentativa de retorno às coisas do mar, com a Comunidade Europeia chegou a ZEE das 200 milhas e a instalação da Agência Maritima Europeia em Lisboa.. Em vão.. continuamos nesta "apagada e vil tristeza"..
As 200 milhas não nos servem,porque, dizem, não há lá peixe, a plataforma continental é assim e é assado..mas os franceses, espanhois e japoneses, passam lá o tempo..e com certeza que não é para "dar banho à minhoca"..
Quando vivia nos Açores, nos anos 60/70, era ver os lagosteiros e atuneiros da Bretanha a trabalhar; em cada campanha todos os mestres de embarcação tinham um livro de bordo onde registavam as capturas, os tipos de pescado,o seu peso médio, as melhores zonas de pesca, as temperaturas da água, etc. Todas as indicações colhidas eram depois trabalhadas pelas instituições oficiais ligadas ao mar, em França (creio que hoje a sigla é IFRAMER); e enquanto a frota pescava, um navio de investigação ia também trabalhando, com métodos mais sofisticados, na recolha de dados, preparando a campanha do ano seguinte..
Os holandeses enviavam todos os anos um pequeno navio cientifico até ao mar dos Sargaços para ver, na origem, como decorria a desova de espécies maritimas que, mais tarde, iriam chegar, levadas pela corrente do Golfo, à sua costa - e assim, sabiam, antecipadamente, quando teriam de "abrir" os diques, para facilitar a entrada dos peixinhos..
Os japoneses apareciam em S.Miguel com os navios cheios de peixe e de barbatanas de tubarão, por vezes em dias de forte temporal; a gente via-os chegar, vinham para tomar água e óleo, e pensava: com este tempo vão esperar pela melhoria das condições..Qual quê, entravam, abasteciam, e ála bote, de volta à faina, nem punham os pés em terra..
Os espanhois, iam ao espadarte, enchiam as traineiras até mais não..e ainda há dias, num protesto pelo aumento dos combustíveis, acostou na Horta mais de uma dezena de embarcações de pesca de "nuestros hermanos"..sinal de que, para eles, vale a pena continuar a trabalhar na nossa ZEE...
Nós não..Mas, se mudássemos de atitude,(em resultado de uma qualquer intervenção divina) onde estariam os navios e os homens para ir à pesca?

Saudações marinheiras

João Coelho