Thursday, November 18, 2010

Paquete QUANZA de 1929

Outro aspecto do navio de passageiros QUANZA, da Companhia Nacional de Navegação. Ambas as fotografias enviadas por Nuno Bartolomeu, a quem agradecemos o apoio.
O QUANZA foi construído no estaleiro alemão Blohm & Voss por conta das reparações de guerra decorrentes do Tratado de Versailles, como forma de compensar a Nacional pelo afundamento de diversos navios durante a Primeira Guerra Mundial. Foi o primeiro navio novo construído para a Nacional desde 1910, quando se perdeu o LISBOA na segunda viagem. Refira-se que o QUANZA foi construído segundo os mesmos planos do LOURENÇO MARQUES, ex-ADMIRAL, de 1906 e portanto era de concepção antiquada para a época...
Na fotografia vê-se o QUANZA com a pintura usada nos primeiros tempos da Segunda Guerra Mundial. Durante este conflito a CNN foi o único grande armador que não perdeu navios por acção de potências beligerantes.
Texto e imagens /Text and images copyright L.M.Correia. For other posts and images, check our archive at the right column of the main page. Click on the photos to see them enlarged. Thanks for your visit and comments. Luís Miguel Correia

7 comments:

Luis Filipe Morazzo said...

Caro LMC

Não entendo, nem posso concordar, quando dizes que a CNN foi o único grande armador a não ter baixas durante o segundo conflito mundial. Esquecestes que a maior empresa em número de navios, a Sociedade Geral de Indústria Comércio e Transportes, assim como, a Empresa Insulana de Navegação, mas também, a Empresa de Navegação Madeirense, não sofreram felizmente quaisquer perdas nas suas frotas, durante toda a duração desse conflito.
No total, foram onze as perdas sofridas pela nossa marinha de comércio, motivadas por causas bélicas, durante a segunda guerra mundial. Sabemos também, que quatro desses navios pertenciam à marinha de pesca, nomeadamente, “Delães” e “Maria da Glória” ambos lugres bacalhoeiros, “Cabo S.Vicente” e “Exportador I”, arrastões do alto. Dos sete restantes, somente três pertenciam aos tais grandes armadores nacionais que tu te referes. Eram respectivamente: “Corte Real” da Companhia de Navegação Carregadores Açorianos, “Cassequel” e “Ganda” da Companhia Colonial de Navegação. Os outros quatro restantes mercantes afundados, “Pádua”, “Catalina”, “Alpha” e “Santa Irene”, tratavam-se de simples navios de cabotagem, pertencentes a pequenos e quase desconhecidos armadores. Desta vez, vais ter mesmo de ir à oral, pois a escrita foi de facto muto fraca.
Em relação a naufrágios, salvo a modéstia, não te esqueças que tenho desde há muito licenciaturas em várias universidades.

Saudações marinheiras

Luis Filipe Morazzo

CAP CRÉUS said...

Olá,

Tem fotos do Navio Girão?
Foi o 1º navio, onde o meu andou embarcado :-)
Abraço

LUIS MIGUEL CORREIA said...

Luís Filipe Morazzo,

Deves ter andado é na Universidade de Cacilhas, meu Caríssimo Amigo. A tua sorte é já não funcionar a Santa Inquisição em Portugal, ainda ias parar à fogueira, a afrontar assim o Pápa.

Convém ler as entrelinhas... Quando refiro que a NACIONAL foi a única das grandes companhias que não foi incomodada pelos beligerantes, o que está subjacente é o facto de na época ser corrente que a CNN não se metia em contrabando de guerra. Por isso não lhe afundaram nenhum navio. Esta informação resulta de depoimentos orais sobre a história da Marinha de Comércio Portuguesa, aspecto sempre importante para o meu trabalho de investigação.

Aparece sempre, gosto muito das tuas intervenções nesse inconfundível estilo universitário. Aumenta o nível da coisa. Pena é a maior parte da malta não se manifestar.

Um abraço Amigo

LMC

LUIS MIGUEL CORREIA said...

Cap Creus,

Um destes dias lá terei de meter aqui o GIRÃO...

CAP CRÉUS said...

E eu agradeço :-)

Luis Filipe Morazzo said...

Caríssimo

Em relação à universidade de Cacilhas, claro que andei por lá nos anos 60 e 70, quando andava a licenciar-me, a ver todo aquele movimento frenético de aprestamento dos bacalhoeiros e dos arrastões do Cabo, mesmo em frente ao Ginjal. Infelizmente, até isso nos tiraram. Importante lembrar, em relação ao valor das universidades, será sempre a qualidade dos seus corpos docentes e não os nomes mais ou menos sonoros que as tornam mais ou menos credíveis. Em relação em afrontar o “Papa”, isso já é problema teu, pois até o verdadeiro Papa finalmente está a ficar mais democrático e já começou a dar o braço a torcer quando erra, vide, o problema recente do uso do preservativo em situações limites.

Quanto ao contrabando que tu alegas que os navios da CNN não se metiam nisso, deves estar a brincar com os “fiéis” leitores. O “Pádua” foi afundado quando se dirigia para St. Johns carregado de sal (contrabando valiosíssimo?). Vou te dar mais um exemplo, os dois navios da CCN afundados, (Cassequel e Ganda) praticavam as mesmíssimas derrotas que os da CNN. Está provado que tiveram azar ao serem confundidos por navios britânicos. Junto envio parte do diário de bordo do submarino U-123 que torpedeou o cargueiro “Ganda”, em 20-06-41, procedente de Lisboa e com rumo a Luanda e vários outros portos de Moçambique, na posição 34.10N e 11.40W (ao largo da costa de Marrocos)
“Decidi emergir e dar o golpe de misericórdia a tiro de canhão. Depois de mais de meia centena de tiros de granadas, o navio acabou por ir a pique. Ao aproximar-me das baleeiras salva-vidas, só então reparei no erro, fiquei, verdadeiramente estupefacto ao descobrir, que o navio não era de nacionalidade britânica mas sim de nacionalidade neutral Portuguesa, tratava-se do “Ganda”…

Kapitanleutnant Reinhard Hardegen (Comandante do U-123)

Essa de ler nas entrelinhas, não dá, pois ninguém é bruxo. Que tal dar o bracinho a torcer quando não temos razão? Até fica bem a qualquer Papa.

Saudações marinheiras
Luis Filipe Morazzo

Luis Filipe Morazzo said...

Peço desculpa mas aqui o Naufragólogo (Juro que é a primeira vez que me chamam assim, mas há bem piores) enganou-se. No comentário anterior, em vez de “Pádua” deveria ter escrito “Catalina”. O “Pádua” foi vítima de uma mina ao largo do porto de Marselha, em 27-10-43, enquanto o “Catalina”, esse sim, foi torpedeado pelo U-203, em 15-01-42, quando navegava com rumo a St.Johns.

Aproveitava para agradecer o post que me foi gentilmente dedicado, contudo, prefiro as fotografias do paquete “Quanza”. Quando miúdo foi neste navio que o meu avô trouxe a minha primeira bicicleta, comprada em Dakar, via Mindelo CaboVerde, cidade onde ele trabalhava como construtor naval. Fui esperá-lo a Alcântara na companhia da família, estávamos em 1967, e lembro-me bem, ao ver a bicicleta a ser retirada do porão, o entusiasmo quase que me fez cair ao rio.

Saudações marinheiras

Luis Filipe Morazzo