Aproveitando a liberdade relativa de expressão que ainda vamos tendo, embora de barrigas e bolsos vazios em ambiente de cinzentismo crescente, cá estou de volta ao tema difícil e triste da DESMARITIMIZAÇÃO, discorrendo, a partir da fotografia publicada acima, para o fim recente da empresa NAVEIRO e para o que me parece ser o absurdo de a GNR ter a sua Marinha Privativa quando num País como o nosso com cada vez menos recursos e pouca inteligência, ache que basta a ARMADA / MARINHA para cumprir as missões e responsabilidades do Estado face ao MAR, no que toca à defesa e soberania das nossas águas e interesses marítimos.
A fotografia foi registada a 21 de Abril de 2009 junto à Barra do Tejo, mostrando o navio de carga SILVES, da empresa NAVEIRO, e uma das lanchas da GNR.
O SILVES está imobilizado por arresto no porto de Leixões desde 3 de Maio de 2013, há cerca de um ano.
Constituída em 1960, a NAVEIRO chegou a ter uma frota moderna de 12 navios a operarem na cabotagem europeia, mas a crise económica e algumas fragilidades sectoriais ditaram o fim de uma das poucas empresas de navegação independentes existentes em Portugal vocacionada para os tráfegos internacionais. Alguns navios foram vendidos, os restantes estão imobilizados em diversos portos, caso do SILVES, do VISEU e do COIMBRA, todos arrestados em Leixões há mais de um ano, e do CHAVES, imobilizado em Lisboa, atracado ao cais da Matinha. Independentemente dos pormenores específicos que levaram ao fim da NAVEIRO, a situação é lamentável e triste. A morosidade dos processos ligados às falências é manifesta no caso dos navios arrestados, que se degradam rapidamente perdendo valor. A frota da NAVEIRO qualquer dia será sucata.
A lancha da "Marinha da GNR" que se vê alcançar o SILVES na imagem, pode ser considerada como um símbolo da forma errada como o Estado (não) tem sabido entender o nosso MAR. Para quê esta Marinha com registo civil cuja existência implica certamente um orçamento e uma logística paralela à da ARMADA? Não estamos a desbaratar os recursos que não temos? Há muito que não há dinheiro para se manter a nossa Marinha de Guerra com a dignidade necessária, o pessoal e os recursos cada vez são menos, a manutenção e operacionalidade dos navios e guarnições vai sofrendo com os cortes cegos e a falta de sentido de Estado do "Governo de Portugal" que tanto se esforça por agradar aos credores e mandantes internacionais.
Oxalá não estejamos a entrar num período negro da história da Europa que as aventuras russas recentes, o desarmamento da Europa e a impreparação geral da actual geração de Governantes europeus parece conduzir. Revolta-me a ignorância e inércia face à causa do Mar Português. Apesar de todas as entidades e organismos que usam a palavra mar, quase sempre sem sentido prático efectivo. E o "Rei" continua nu...
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